Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.10241 1
EDUCAÇÃO, HOMOFOBIA E BARBÁRIE
EDUCACIÓN, HOMOFOBIA Y BARBARIDAD
EDUCATION, HOMOPHOBIA AND BARBARITY
Fernando Teixeira LUIZ1
e-mail: f.luiz@unesp.br
Como referenciar este artigo:
LUIZ, F. T. Educação, homofobia e barbárie. Nuances: Estudos
sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023020, 2023.
e-ISSN: 2236-0441. DOI:
https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.10241
| Submetido em: 07/09/2023
| Revisões requeridas em: 19/10/2023
| Aprovado em: 20/11/2023
| Publicado em: 30/12/2023
Editores:
Profa. Dra. Rosiane de Fátima Ponce
Prof. Dr. Paulo César de Almeida Raboni
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Assis SP Brasil. Professor assistente da Unesp, Câmpus de Assis,
Departamento de Educação.
Educação, homofobia e barbárie
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.10241 2
RESUMO: O artigo configura o recorte de uma pesquisa maior, intitulada Mosaico de imagens:
escola, preconceito e violência no debate da produção audiovisual LGBTQIA+, e tem como
meta discorrer sobre o documentário Se essa escola fosse minha (2017), de Fellipe Marcelino
e Letícia Santos. Considerando a necessidade de recorte do objeto, o presente estudo prioriza
as declarações de alguns entrevistados e suas respectivas relações com escolas que ainda flertam
com o modelo hegemônico cisgênero e heteronormativo. Para análise do material, recorremos
aos textos de Teixeira Filho (2013) e Butler (2021), que se centram, basicamente, em questões
que envolvem intolerância, violência e discurso de ódio. Em linhas gerais, detectou-se a
insatisfação de grupos adolescentes LGBTs com a sala de aula. Tal insatisfação impulsionava
os jovens a abandonarem os estudos ou a migrarem de uma escola para outra em busca de um
espaço seguro que acolhesse a diferença e não naturalizasse a barbárie.
PALAVRAS-CHAVE: Escola. Documentário. Preconceito.
RESUMEN: El artículo es un extracto de una investigación más amplia, titulada Mosaico de
imágenes: escuela, prejuicio y violencia en el debate sobre la producción audiovisual
LGBTQIA+, y tiene como objetivo discutir el documental Si esta escuela fuera mía (2017), de
Fellipe Marcelino y Letícia Santos. Considerando la necesidad de centrarse en el objeto, este
estudio prioriza los dichos de algunos entrevistados y sus respectivas relaciones con escuelas
que aún coquetean con el modelo hegemónico cisgénero y heteronormativo. Para analizar el
material utilizamos textos de Teixeira Filho (2013) y Butler (2021), que se centran básicamente
en cuestiones relacionadas con la intolerancia, la violencia y el discurso del odio. En términos
generales, se detectó insatisfacción entre los grupos de adolescentes LGBT con el aula. Tal
insatisfacción llevó a los jóvenes a abandonar sus estudios o migrar de una escuela a otra en
busca de un espacio seguro que acogiera la diferencia y no naturalizara la barbari.
PALABRAS CLAVE: Escuela. Documental. Intolerancia.
ABSTRACT: The article is an excerpt from a larger research, entitled Mosaic of Images:
school, prejudice, and Violence in the Debate on LGBTQIA+ Audiovisual Production, and it
aims to disagree with the documentary: If This School Were Mine (2017) by Felipe Marcelino
and Letícia Santos. Considering the need to focus on the object, this study prioritizes the
statements of some interviewees and their respective relationships with schools that still flirt
with the cisgender and heteronormative hegemonic model. Texts by Teixeira Filho (2013) and
Butler (2021) were used to analyze the material, which basically focused on issues involving
violence and hate speech. In general, dissatisfaction was detected among LGBT adolescent
groups in the classroom. This dissatisfaction led young people to abandon their studies or
migrate from one school to another to find a safe space that welcomed differences and did not
naturalize barbarism.
KEYWORDS: School. Documentary. Prejudice.
Fernando Teixeira LUIZ
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0441
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Introdução
A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação.
De tal modo ela precede quais quer outras que creio não ser possível nem
necessário justificá-la. Não consigo entender como até hoje mereceu tão pouca
atenção. Justificá-la teria algo de monstruoso em vista de toda monstruosidade
ocorrida. Mas a pouca consciência existente em relação a essa exigência e as
questões que ela levanta provam que a monstruosidade não calou fundo nas
pessoas, sintoma da persistência da possibilidade de que se repita no que
depender do estado de consciência e de inconsciência das pessoas (ADORNO,
1965, p. 01).
O presente artigo integra uma pesquisa mais abrangente, intitulada Mosaico de imagens:
escola, preconceito e violência no debate da produção audiovisual LGBTQIA+
2
, ao qual me
dediquei ao longo dos últimos cinco anos. Esta investigação científica pretende problematizar,
especificamente, um gênero pouco abordado do campo audiovisual e também de considerável
apelo entre adolescentes e jovens: o documentário, verificando como três produções nacionais
se apropriaram do debate relacionado à escola, ao preconceito e à diversidade sexual nas últimas
décadas.
Propõe, em linhas gerais, mapear o processo de representação da população LGBTQIA+
inscrito em relatos, imagens e sons que recuperam experiências de bullying em sala de aula e
que foram veiculados, nas plataformas digitais, a partir de três documentários brasileiros: Se
essa escola fosse minha (2017), (Sobre) vivências (2018) e Depois da tempestade (2018). Dada
a necessidade de recorte do objeto, este estudo contemplará, apenas, o documentário Se essa
escola fosse minha (2017), com 33.539 visualizações na plataforma digital do You Tube.
Antes, porém, de tecermos as particularidades do citado documentário, convém
rastrearmos os antecedentes que culminaram na escolha do tema, na opção metodológica e na
filiação a um particular corpus teórico. Como professor de Literatura no Ensino Fundamental
II e Ensino Médio em uma escola particular de Presidente Prudente (SP), percebi, ao longo de
quatro anos de exercício, que as temáticas que envolviam o universo da identidade de gênero e
da orientação sexual sempre causavam certo desconforto entre os estudantes e suas respectivas
famílias.
Frequentemente os pais condenavam a escola por adotar títulos de Babette Cole, Aluísio
Azevedo ou Caio Fernando Abreu em razão da presença de uma, ou outra personagem LGBT.
Produções cinematográficas dessa ordem, dirigidas por Pedro Almodóvar ou Ang Lee,
2
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais e outras orientações e variações de
gênero.
Educação, homofobia e barbárie
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igualmente sofriam retaliações. Quando propus, porém, em uma aula sobre variação linguística,
falar sobre linguagem inclusiva e pronome neutro, ficou explícito o discurso de ódio e
intolerância frente a grupos transgêneros ou não-binários. Expressões, carregadas de
hostilidade, religiosidade ou ironia, de que “só existem dois gêneros”, “Deus criou o homem
para mulher” ou “isso é falta de vergonha na cara”, serviam apenas para confirmar uma hipótese
formulada logo que iniciei minha jornada como docente da Educação Básica: parte significativa
daqueles adolescentes, de 14 a 17 anos, havia incorporado, de seus pais e de alguns professores,
uma visão de mundo bastante conservadora, estereotipada e pautada no fundamentalismo
religioso. Informavam-se, basicamente, a partir de conteúdos que circulavam na plataforma do
You Tube ou em grupos de whatsapp.
Paralelamente, os estudantes tinham como referência deputados evangélicos que
entoavam discursos transfóbicos ou demais políticos que se elegeram por meio da homofobia.
A própria produção cultural contemporânea, dirigida a crianças e adolescentes, parece reforçar
ainda mais o preconceito. A representação da maior parte dos protagonistas de filmes, histórias
em quadrinhos e animações gráficas ainda parece obedecer à heteronormatividade, à imagem
do cisgênero. É como se os avanços propagados pela indústria cultural ainda revelassem limites,
demarcações, fronteiras. A rigor, era aceitável introduzir uma ou outra heroína afrodescendente,
mas insistir em destacar uma personagem LGBT tornava-se ainda inviável. No máximo, a
condição de coadjuvante, com tons bastante estereotipados, como pode ser apreciado na
construção visual do tubarão Lenny (O Espanta Tubarões (2004)) ou na figura controversa e
diabólica do antagonista andrógino Ele (As Meninas Superpoderosas (1998)).
Tantas inquietações conduziam-me à reflexão em torno das atuais políticas públicas e
das diretrizes curriculares que se voltavam às temáticas de gênero e sexualidade no espaço
escolar. Logo, convém sublinhar que termos como “pluralismo de ideias” e “tolerância”
constam na Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional (9394/1996). Em 1998, os
Parâmetros Curriculares Nacionais sinalizavam o debate em torno da orientação sexual,
incluindo este tópico como tema transversal. Nesse sentido, pensar na contribuição da Base
nacional Comum Curricular (2018) tornou-se imperativo, uma vez que tais diretrizes
subsidiavam as práticas pedagógicas, apresentando objetivos detalhados acerca do conteúdo
que deveria ser contemplado em sala de aula.
Contudo, de acordo com Filipe, Silva e Costa (2021), a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) é definida como um projeto no qual a educação escolar desempenha o papel
de formar o aluno para a vida adulta, colocando o preparo para o mercado de trabalho como
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principal foco. O documento mostra-se fundamentado nos princípios de habilidades e
competências, oferecendo aprendizagens que, na maioria das vezes, são restritas a
conhecimentos básicos e que apelam ao discurso sedutor de autonomia e autodidatismo. Em
linhas gerais, oferecem à classe trabalhadora o mínimo de conhecimentos para que consiga se
adaptar ao capitalismo vigente, ao mercado de trabalho. Como pontuam os autores
mencionados, consolida-se, aqui, uma visão de educação como serviço a ser oferecido pelo
Estado em níveis de suficiência e não de excelência.
Silva (2020), por sua vez, acrescenta a esse debate que, no processo de aprovação da
BNCC, tópicos importantes direcionados às questões de gênero e sexualidade sofreram nítida
resistência de setores conservadores da sociedade, suprimindo, assim, termos, expressões ou
conceitos que reportassem ao debate em torno da temática LGBT. Nesse sentido, “o processo
que culminou na aprovação da BNCC em dezembro de 2017 foi marcado por uma
verticalização das decisões, a exemplo do que aconteceu com as questões de gênero e
sexualidade, que foram removidas do documento pelo Conselho Nacional de Educação por
orientações do MEC” (SILVA, 2020, p. 145).
Logo, confrontar o silenciamento do debate sobre gênero e sexualidade nas políticas
públicas contemporâneas com as vozes dissonantes que ecoam no documentário Se essa escola
fosse minha (2017) revelou-se, enfim, como uma das pretensões dessa pesquisa. Contudo,
diante da necessidade de um recorte maior do objeto, contemplaremos apenas o discurso verbal,
ou seja, as declarações inscritas no núcleo de entrevistados.
A escola e a diáspora
Os documentários, em linhas gerais, definem-se não apenas um gênero audiovisual
sustentado por um efeito de sentido monofônico, mas, sobretudo, sistemas semióticos pautados
por um ponto de vista particular acerca da realidade (MELO, 2012), em estreita articulação com
as vertentes do jornalismo. São caracterizados como veículos midiáticos que carregam
determinada concepção política de mundo, de um lugar de fala e, principalmente, de uma visão
de educação. O documentário Se essa escola fosse minha (2017) foi desenvolvido pelos
acadêmicos de Comunicação Social, Fellipe Rocha Marcelino e Letícia Eunice Leotti Santos,
na Universidade de Brasília.
Educação, homofobia e barbárie
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O material audiovisual, disponível nas plataformas digitais do You Tube, procura revelar
as vivências, agruras e percalços da população LGBTQIAPN+ em sala de aula. Em linhas
gerais, o documentário tem como meta: “a) Retratar as experiências, os anseios, os medos, as
reflexões e as visões de mundo de estudantes que não estão inseridos nos padrões de
feminilidade, masculinidade e orientação sexual dominantes; b) Evidenciar o papel socializador
e normativo da escola, que pode se configurar como um espaço excludente ao silenciar as
subjetividades dos corpos que nela estão inseridos; c) Gerar reflexão acerca de estratégias e
políticas para se combater a discriminação de gênero e orientação sexual nas escolas”
(MARCELINO; SANTOS, 2017, p. 15). Para tanto, intercala as vozes de diferentes sujeitos
que se encontram em sala de aula ou retomam as experiências que envolvem preconceito, dor
e exclusão do período em que transitavam pelos bancos escolares.
Compondo um quadro bastante heterogêneo e complexo, fundamentado em diversas
biografias, o vídeo também incorpora depoimentos de professores LGBTQIAPN+,
parlamentares, artistas, gestores, representantes de grupos ativistas e pesquisadores das áreas
de Psicologia e Antropologia. Eles são responsáveis por problematizar, a partir de diferentes
perspectivas e campos do conhecimento, o fenômeno da homofobia e seus impactos nas
diversas trajetórias de vida. Essas revelações são apresentadas ao espectador ao longo dos 40
minutos de exibição do filme. No geral, conta com as contribuições dos seguintes
entrevistados
3
: Victor Stoimenoff, Mickael Pederiva, Taya Carneiro, Iana Mallmann, Matheus
Oliveira, Fábio Felix, Luan Oliveira, Jef Cardoli, Nilton Aguilar, Vitor Gomes, Melissa
Massayury, Eduardo Kimura, Graça de Paula, Tatiana Lionço, Mariah Gama, José Zuchiwschi,
Silvero Pereira, Murilo Silva, Felipe Cordeiro e Erika Kokay.
O título da obra, Se essa escola fosse minha, reporta, a partir da intertextualidade e da
memória afetiva do espectador, à cantiga popular Se essa rua fosse minha, marcada pelo tom
amoroso e por vezes sentimental: “Se essa rua/ Se essa rua fosse minha/ Eu mandava/ Eu
mandava ladrilhar/ Com pedrinhas/ Com pedrinhas de brilhante/ Para o meu/ Para o meu amor
passar
4
”. A conjunção condicional (“Se”) que abre a oração subordinada, como também o
emprego do verbo “ser” no pretérito imperfeito do subjuntivo (“fosse”), deixam transparecer a
informação de que a escola não pertence ao enunciador. Uma escola, consequentemente,
distante, inatingível, ausente. A modalização do enunciado pode ainda sugerir um aspecto
3
Disponível em: http://www.alguemavisa.com.br/2017/07/14/documentario-se-essa-escola-fosse-minha-fala-
sobre-agressao-sofrida-por-jovens-lgbtqia/
4
Disponível em: https://www.letras.mus.br/cantigas-populares/134098/
Fernando Teixeira LUIZ
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lamuriante por parte do locutor: trata-se de uma escola que, infelizmente, não lhe pertence, fator
que gera tristeza, angústia, marasmo.
A sequência de agentes entrevistados e seus respectivos depoimentos, tanto na condição
de alunos, professores ou pesquisadores, ressalta a homofobia como o principal elemento
desencadeador da exclusão. Isso possibilita que a escola se torne um ambiente distante e, ao
mesmo tempo, desprovido de qualquer identificação por parte dos estudantes. É na sala de aula
que os alunos, que não se enquadram no modelo cisgênero ou heteronormativo, encontram a
humilhação, a ofensa, a vergonha, o discurso de ódio. A resposta para tal conduta pode ser
verificada nos altos índices de evasão entre os estudantes. Ou seja, diante da falta de
acolhimento por parte da comunidade escolar, dos constantes ataques dos demais alunos e da
omissão de parte expressiva dos docentes, abandonar a sala de aula emerge como a melhor (ou
talvez única!) alternativa entre as vítimas.
Tal dado pode ser confirmado no depoimento da estudante Melissa Massayury (29
anos): “E aí me proibiram de usar o banheiro feminino. Nessa época, eu não sabia o que fazer.
Vou usar o banheiro masculino? Exatamente. Fizeram comigo um acordo de, cinco minutos
antes do intervalo, eu poderia usar o banheiro masculino. E aí teve uma reunião de professores
para falar que eu poderia sair cinco minutos antes, mas não fizeram uma reunião com a
instituição para debater melhor o assunto. Então eu comecei a ter de usar o banheiro masculino.
Aí eu evadi. Eu percebi que não era um lugar que me recebeu bem”.
O medo da violência e a busca por uma escola aberta à diversidade sexual constituem
inquietações que movem jovens LGBTQIAPN+ em uma peregrinação constante por diversas
instituições de ensino, configurando quase que uma diáspora em busca de um local que revele
a sensação de pertencimento e, consequentemente, ofereça segurança. É o que podemos
observar, por exemplo, no relato de Mickael Pederiva (16 anos): “Eu mudei para muitas escolas
até que consegui achar uma escola que ficasse de boa, que repeitasse meu nome e onde eu
pudesse usar o banheiro e não sofresse ameaça”.
Observações similares ganham contornos ainda mais pungentes no depoimento de Taya
Carneiro (23 anos): “Em todos os dias, em todas as turmas, em qualquer lugar que eu ia, eu era
a bicha da sala. E sempre apanhava”. Matheus Oliveira (17 anos), por sua vez, não destoando
das demais vozes veiculadas pelo documentário, também expressava sua angústia com relação
à escola, aos alunos, aos professores. Revelava que chegou a ser reprimido pelos gestores por
conta de seus trejeitos, o que acentuava, ainda mais, o desconforto em estar na instituição de
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ensino: “Eu queria sair da escola... porque não dava mais... Entendeu? Eu não era bem-vindo
naquele ambiente”.
Segundo Butler (2021), o discurso de ódio, marcado por uma seleção lexical peculiar,
levanta a questão sobre quais o as palavras ou representações verbais que ferem e ofendem.
“Ser ferido pelo discurso é sofrer uma perda de contexto, ou seja, é não saber onde se está”
(BUTLER, 2021, p. 15), deixando, assim, o destinatário “fora de controle” (BUTLER, 2021, p.
15). O signo verbal, imerso em um contexto social, histórico e político, expressa as visões de
mundo acerca da realidade e partilhadas por determinado grupo. A filósofa estadunidense
salienta que afirmar que a linguagem “fere”, que as palavras “machucam” ou “mutilam”,
implica combinar vocábulos de diferentes campos semânticos. “O uso de um termo, como
‘machucar’, sugere que a linguagem pode ter efeitos semelhantes ao da dor física ou de um
ferimento” (BUTLER, 2021, p. 16).
Formulações assim indicam que a injúria linguística atua de forma similar à injúria
física. A ideia de que o discurso fere entremostra uma relação intrínseca entre corpo e fala,
como também, consequentemente, entre a fala e seus efeitos. Teixeira Filho (2013), também
atento ao discurso de ódio, explica que as condenações às práticas homoeróticas reportam à
Idade Média. Naquele contexto, a palavra “homossexualidade” ainda não existia e, em seu
lugar, recorria-se ao vocábulo “sodomia”.
A proibição à sodomia acabava se fundamentando em códigos hebraicos que buscavam
“separar o puro do impuro, a ordem da desordem, tanto entre as pessoas quanto entre os animais
e as relações destes elementos entre si” (TEIXEIRA FILHO, 2013, p. 123). Nessa linha, os
judeus tinham restrições claras e punições severas direcionadas às práticas sexuais que não se
revelassem procriativas. Logo, no que diz respeito às relações homoeróticas, o problema que
detectavam residia na ejaculação, ou seja, no fato do “sêmen vir a ser desperdiçado
(TEIXEIRA FILHO, 2013, p. 123). Consequentemente, tanto a masturbação quanto o sexo anal
tornavam-se práticas condenadas, criminalizadas, concebidas como pecado contra a natureza
humana e contra a vontade de Deus frente à possibilidade de procriação. Rechaçar as relações
entre pessoas do mesmo sexo por meio da palavra, do signo verbal, da seleção lexical que leve
à dor, tornou-se uma prática constante e que demonstrou, a partir dos relatos do documentário,
ainda estar em evidência na contemporaneidade.
Luan Oliveira (15 anos), que integra o grupo de adolescentes entrevistados no
documentário, apresenta uma declaração bastante peculiar: “As pessoas LGBTs não podem,
simplesmente, ir para uma escola qualquer, como as outras pessoas podem fazer. E se
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preocupar com os estudos. Também precisa se preocupar com o lugar. Se vão aceitar como elas
são. E um lugar onde vão se sentir seguras”. Nota-se, por meio do discurso transcrito acima, o
receio do entrevistado frente à violência contra a comunidade LGBTQIAPN+. Violência,
inclusive, intensificada no espaço escolar. Revelar-se gay, lésbica ou transexual pode, nesse
sentido, acarretar consequências nocivas, o que leva muitos sujeitos a se esconderem, aderindo
a um jogo de máscaras com a meta de garantir a própria sobrevivência. Em harmonia com esse
argumento, Castañeda (2007) salienta que o homossexual nem sempre se revela como
homossexual. O heterossexual, sim.
Homens e mulheres heterossexuais, em suas relações familiares, sociais e profissionais,
apresentam um quadro bastante previsível: sexo biológico, orientação sexual e papeis sociais
tendem a convergir e a formar uma identidade estável. “Em contrapartida, sujeitos
homossexuais não se deslocam no mundo com uma identidade constante. Suas atitudes, seus
gestos, seus modos de entrar em relações com os outros mudam conforme as circunstâncias.
Ele pode parecer heterossexual no escritório, assexuado com sua família e expressar sua
orientação sexual somente na presença de alguns amigos” (TEIXEIRA FILHO, 2013, p. 19).
Pode, igualmente, negar a própria homossexualidade e exibir um comportamento distante de
sua orientação sexual.
Teixeira Filho (2013) acrescenta que a premissa heteronormativa impõe-se para
disciplinar e controlar os corpos e os prazeres mediante uma ilusória linearidade entre sexo,
gênero, desejo e práticas sexuais. Partindo, assim, da virilidade e da heterossexualidade como
norma, Teixeira Filho (2013) sugere que homens homossexuais são vitimados, pois, de acordo
com o imaginário popular homofóbico, igualam-se às mulheres como eventuais receptores de
pênis.
As mulheres homossexuais, igualmente, encontram-se em condição de vítimas, tendo
em vista que deixam de cumprir sua função reprodutora e não são aceitas no universo viril,
ainda que masculinizadas, pois, “ao se identificarem enquanto lésbicas, assumem uma postura
ativa em relação ao seu desejo sexual; mas tal atividade é exclusiva do universo masculino,
portanto, são rechaçadas por estes e pelas outras mulheres, pois quebravam a barreira do
silêncio em relação à suposta passividade feminina” (TEIXEIRA FILHO, 2013, p. 146).
Consequentemente, entre os impactos e sequelas da homofobia sobre a população
LGBTQIAPN+, Teixeira Silva (2013) destaca a negação do sujeito em relação à própria atração
sexual, as tentativas de alterar ou suprimir tal atração, a baixa autoestima manifestada na
imagem negativa do próprio corpo e, sobretudo, a busca por mecanismos compensatórios com
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o intuito de mitigar o medo e a vergonha de desapontar os pais ou familiares. Nesse sentido,
será comum encontrar jovens gays, lésbicas e transexuais com boas notas e dedicação excessiva
na escola. Trata-se de uma forma que encontram para serem aceitos em uma sociedade hostil e
intolerante, que elege o modelo cisgênero e a heteronormatividade como únicas formas de
expressão sexual. É esse aprisionamento que inviabiliza a projeção de outras identidades
alternativas.
Considerações finais
Se essa escola fosse minha (2017) centra-se, basicamente, em cinco tópicos que
impulsionam a reflexão acerca da presença e silenciamento de grupos LGBTQIAPN+ em sala
de aula. Fazem parte dos citados tópicos: a) Inquietações, dúvidas e desconforto com a própria
sexualidade; b) O bullying sofrido nos corredores escolares; c) Os dilemas do professor
LGBTQIAPN+; d) as relações entre a escola, a família e o adolescente ou criança que não se
“enquadra” no modelo heteronormativo e cisgênero; e) A interminável travessia, de uma escola
para outra, em busca de uma educação, e, por conseguinte, de uma equipe pedagógica, que
acolha, aceite e respeite a diferença.
Considerando esse quadro, o presente artigo buscou contemplar o último tópico,
problematizando os dilemas de adolescentes que não atendem ao perfil preconizado pela escola,
instituição que acaba punindo ou marginalizando jovens gays, lésbicas, travestis ou transexuais.
Entre um e outro relato, eleva-se a denúncia contra muitos educadores que ainda abordam a
homossexualidade como uma patologia, um desvirtuamento, um problema psiquiátrico.
Acrescentaríamos, ainda, docentes que declararam, abertamente, certo asco ou desconforto
frente a alunos com comportamentos e sexualidades diferentes do que foi apregoado pela
norma.
Assim, ao estudante resta percorrer várias instituições de ensino, e nesse contexto, a
metáfora da diáspora LGBTQIAPN+ é bastante pertinente, em busca de sua própria
sobrevivência. Por outro lado, insistir na busca por uma escola diferente, mesmo que
deparando-se, constantemente, com modelos conteudistas, que desconsideram o
multiculturalismo e que não exercitam a tolerância perante a diversidade e a adversidade,
parece, ainda, ser uma forma de resistência para estudantes homossexuais e transgêneros. A
esse respeito, são válidas as palavras de Adorno: “que Auschwitz não se repita. Ela foi a
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barbárie contra a qual se dirige toda a educação” (1967). Preservar, portanto, as múltiplas
formas de preconceito significa, infelizmente, o retorno aos escombros de Auschwitz, a
continuidade da barbárie e, sobretudo, o desprezo pela vida humana.
REFERÊNCIAS
ADORNO, T. Educação após Auschwitz. In: ADORNO, T. Educação e Emancipação. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Orientação Sexual. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 27833, 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC,
2018. Disponível em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/documento/BNCC-
APRESENTACAO.pdf. Acesso em: 15 jan. 2024.
BUTLER, J. Discurso de ódio: uma política do performativo. São Paulo: Editora Unesp,
2021.
CASTAÑEDA, M. A experiência homossexual: explicações e conselhos para os
homossexuais, suas famílias e seus terapeutas. São Paulo: Editora Girafa, 2007.
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Educação, homofobia e barbárie
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.10241 12
Filmografia:
As Meninas Superpoderosas. Estúdio: Hanna-Barbera Cartoons. Estados Unidos, 1998.
Depois da tempestade. Direção: Bruno Nomura. Londrina (PR), 2018.
O Espanta tubarões. Estúdio: Dream Works SKG. Estados Unidos, 2004.
Se essa escola fosse minha. Direção: Felipe Marcelino e Letícia Leotti Santos. Brasília (DF),
2017.
(Sobre) vivências. Direção: Leonidas Taschetto e Gabriel Celestino. Canoas (RS), 2018.
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não houve conflito de interesses de ordem pessoal, acadêmica ou
institucional.
Aprovação ética: Por tratar-se de uma pesquisa de teor ensaístico, não houve a necessidade
de submissão ao Comitê de Ética e Pesquisa.
Disponibilidade de dados e material: O documentário Se essa escola fosse minha (2017),
objeto do presente estudo, encontra-se disponível na plataforma do YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=NHJMDuhruz8.
Contribuições dos autores: O artigo constitui o recorte de uma pesquisa maior, de minha
autoria, intitulada Mosaico de imagens: escola, preconceito e violência no debate da
produção audiovisual LGBTQIA+, a ser desenvolvida de 2023 a 2025.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.10241 1
EDUCATION, HOMOPHOBIA AND BARBARITY
EDUCAÇÃO, HOMOFOBIA E BARBÁRIE
EDUCACIÓN, HOMOFOBIA Y BARBARIDAD
Fernando Teixeira LUIZ1
e-mail: f.luiz@unesp.br
How to reference this paper:
LUIZ, F. T. Education, homophobia and barbarity. Nuances:
Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00,
e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0441. DOI:
https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.10241
| Submitted 07/09/2023
| Revisions required: 19/10/2023
| Approved: 20/11/2023
| Published: 30/12/2023
Prof. Dr. Rosiane de Fátima Ponce
Prof. Dr. Paulo César de Almeida Raboni
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Sao Paulo State University (UNESP), Assis SP Brazil. Assistant Professor at UNESP, Assis Campus,
Department of Education.
Education, homophobia and barbarity
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0441
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ABSTRACT: The article is an excerpt from a larger research, entitled Mosaic of Images:
school, prejudice, and Violence in the Debate on LGBTQIA+ Audiovisual Production, and it
aims to disagree with the documentary: If This School Were Mine (2017) by Felipe Marcelino
and Letícia Santos. Considering the need to focus on the object, this study prioritizes the
statements of some interviewees and their respective relationships with schools that still flirt
with the cisgender and heteronormative hegemonic model. Texts by Teixeira Filho (2013) and
Butler (2021) were used to analyze the material, which basically focused on issues involving
violence and hate speech. In general, dissatisfaction was detected among LGBT adolescent
groups in the classroom. This dissatisfaction led young people to abandon their studies or
migrate from one school to another to find a safe space that welcomed differences and did not
naturalize barbarism.
KEYWORDS: School. Documentary. Prejudice.
RESUMO: O artigo configura o recorte de uma pesquisa maior, intitulada Mosaico de
imagens: escola, preconceito e violência no debate da produção audiovisual LGBTQIA+, e tem
como meta discorrer sobre o documentário Se essa escola fosse minha (2017), de Fellipe
Marcelino e Letícia Santos. Considerando a necessidade de recorte do objeto, o presente
estudo prioriza as declarações de alguns entrevistados e suas respectivas relações com escolas
que ainda flertam com o modelo hegemônico cisgênero e heteronormativo. Para análise do
material, recorremos aos textos de Teixeira Filho (2013) e Butler (2021), que se centram,
basicamente, em questões que envolvem intolerância, violência e discurso de ódio. Em linhas
gerais, detectou-se a insatisfação de grupos adolescentes LGBTs com a sala de aula. Tal
insatisfação impulsionava os jovens a abandonarem os estudos ou a migrarem de uma escola
para outra em busca de um espaço seguro que acolhesse a diferença e não naturalizasse a
barbárie.
PALAVRAS-CHAVE: Escola. Documentário. Preconceito.
RESUMEN: El artículo es un extracto de una investigación más amplia, titulada Mosaico de
imágenes: escuela, prejuicio y violencia en el debate sobre la producción audiovisual
LGBTQIA+, y tiene como objetivo discutir el documental Si esta escuela fuera mía (2017), de
Fellipe Marcelino y Letícia Santos. Considerando la necesidad de centrarse en el objeto, este
estudio prioriza los dichos de algunos entrevistados y sus respectivas relaciones con escuelas
que aún coquetean con el modelo hegemónico cisgénero y heteronormativo. Para analizar el
material utilizamos textos de Teixeira Filho (2013) y Butler (2021), que se centran básicamente
en cuestiones relacionadas con la intolerancia, la violencia y el discurso del odio. En términos
generales, se detectó insatisfacción entre los grupos de adolescentes LGBT con el aula. Tal
insatisfacción llevó a los jóvenes a abandonar sus estudios o migrar de una escuela a otra en
busca de un espacio seguro que acogiera la diferencia y no naturalizara la barbari.
PALABRAS CLAVE: Escuela. Documental. Intolerancia.
Fernando Teixeira LUIZ
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Introduction
The demand that Auschwitz not be repeated is, first of all, for education. In
such a way, it precedes any other requirement that I believe is not possible nor
necessary to justify. I cannot understand how it has received so little attention
until today. Justifying it would have something monstrous in view of all the
monstrosity that occurred. But the little awareness regarding this demand and
the questions it raises prove that the monstrosity did not deeply affect people,
a symptom of the persistence of the possibility of repetition as far as the state
of consciousness and unconsciousness of people is concerned (ADORNO,
1965, p. 01, our translation).
This article is part of a broader research, entitled Mosaico de imagens: escola,
preconceito e violência no debate da produção audiovisual LGBTQIA+
2
, to which I have
dedicated myself over the past five years. This scientific investigation aims to problematize,
specifically, a genre that is seldom addressed in the audiovisual field and also of considerable
appeal among adolescents and young people: the documentary, examining how three national
productions appropriated the debate related to school, prejudice, and sexual diversity in recent
decades.
In general terms, it aims to map the representation process of the LGBTQIA+ population
inscribed in narratives, images, and sounds that recover experiences of bullying in the
classroom and that have been disseminated, on digital platforms, through three Brazilian
documentaries: Se essa escola fosse minha (2017), (Sobre) vivências (2018) and Depois da
tempestade (2018). Given the need to narrow down the object, this study will focus solely on
the documentary Se essa escola fosse minha (2017), which has 33,539 views on the YouTube
digital platform.
Before delving into the specifics of the aforementioned documentary, however, it is
worth tracing the antecedents that led to the choice of the theme, the methodological option,
and the affiliation with a particular theoretical corpus. Over four years of practice as a Literature
teacher in Secondary Education at a private school in Presidente Prudente (SP), I noticed that
themes involving the universe of gender identity and sexual orientation always caused some
discomfort among students and their families.
Parents often condemned the school for adopting titles by Babette Cole, Aluísio
Azevedo, or Caio Fernando Abreu because of the presence of LGBT characters.
Cinematographic productions of this kind, directed by Pedro Almodóvar or Ang Lee, similarly
faced retaliations. However, when I proposed, in a class on linguistic variation, to discuss
2
Lesbians, Gays, Bisexuals, Transsexuals, Queer, Intersex, Asexuals, and other gender orientations and variations.
Education, homophobia and barbarity
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inclusive language and neutral pronouns, the discourse of hatred and intolerance towards
transgender or non-binary groups became explicit. Expressions, laden with hostility, religiosity,
or irony, such as "there are only two genders", "God created man for woman", or "this is lack
of shame", served only to confirm a hypothesis formulated soon after I began my journey as a
Basic Education teacher: a significant portion of those adolescents, aged 14 to 17, had
incorporated, from their parents and some teachers, a worldview that was quite conservative,
stereotyped, and based on religious fundamentalism. They informed themselves primarily
through content circulating on YouTube or WhatsApp groups.
Meanwhile, students looked up to evangelical lawmakers who delivered transphobic
speeches or other politicians who were elected through homophobia. Contemporary cultural
production aimed at children and adolescents seems to further reinforce prejudice. The
representation of most protagonists in movies, comics, and graphic animations still appears to
adhere to heteronormativity, to the image of cisgender. It's as if the advancements propagated
by the cultural industry still reveal boundaries, demarcations, and frontiers. In essence, it was
acceptable to introduce one or two Afro-descendant heroines, but insisting on highlighting an
LGBT character remained unfeasible. At most, the condition of a supporting character, with
highly stereotypical tones, as can be seen in the visual construction of the shark Lenny (Shark
Tale (2004)) or the controversial and diabolic figure of the androgynous antagonist Him (The
Powerpuff Girls (1998)).
Such concerns led me to reflect on current public policies and curriculum guidelines
that focused on gender and sexuality issues in the school environment. Therefore, it is worth
emphasizing that terms such as "pluralism of ideas" and "tolerance" are already included in the
National Education Guidelines and Bases Law (9394/1996). In 1998, the National Curriculum
Parameters already signaled the debate around sexual orientation, including this topic as a cross-
cutting theme. In this sense, considering the contribution of the Common National Curriculum
Base (2018) became imperative, since such guidelines supported pedagogical practices,
presenting detailed objectives regarding the content that should be covered in the classroom.
However, according to Filipe, Silva, and Costa (2021), the Common National
Curriculum Base (BNCC) is defined as a project in which school education plays the role of
preparing the student for adult life, with preparing for the job market as the main focus. The
document is based on principles of skills and competencies, offering learning experiences that
are often limited to basic knowledge and appeal to the seductive discourse of autonomy and
self-teaching. In general terms, they offer the working class the minimum knowledge necessary
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to adapt to the prevailing capitalism and to the job market. As the mentioned authors point out,
this consolidates a vision of education as a service to be offered by the State at sufficiency levels
rather than excellence.
Silva (2020), on the other hand, adds to this debate that, in the process of approving the
BNCC, important topics related to gender and sexuality faced clear resistance from
conservative sectors of society, thus suppressing terms, expressions, or concepts that referred
to the debate around LGBT issues. In this sense, "the process that led to the approval of the
BNCC in December 2017 was marked by a verticalization of decisions, as was the case with
gender and sexuality issues, which were removed from the document by the National Council
of Education at the guidance of the Ministry of Education" (SILVA, 2020, p. 145, our
translation).
Therefore, confronting the silencing of the debate on gender and sexuality in
contemporary public policies with the dissonant voices echoed in the documentary Se essa
escola fosse minha (2017) ultimately emerged as one of the aims of this research. However,
given the need for a broader scope of the object, we will only consider the verbal discourse, that
is, the statements inscribed in the core of the interviewees.
The School and the Diaspora
Documentaries, in general terms, are defined not only as an audiovisual genre sustained
by a monophonic sense effect but, above all, as semiotic systems guided by a particular point
of view about reality (MELO, 2012) in close articulation with the strands of journalism. They
are characterized as media vehicles that carry a certain political conception of the world, a place
of speech, and, mainly, a vision of education. The documentar Se essa escola fosse minha
(2017) was developed by the Social Communication academics Felipe Rocha Marcelino and
Letícia Eunice Leotti Santos at the University of Brasília.
The audiovisual material, available on YouTube's digital platforms, seeks to reveal the
experiences, hardships, and pitfalls of the LGBTQIAPN+ population in the classroom. In
general terms, the documentary aims to: "a) Portray the experiences, aspirations, fears,
reflections, and worldviews of students who do not fit into the dominant patterns of femininity,
masculinity, and sexual orientation; b) Highlight the socializing and normative role of the
school, which can be configured as an excluding space by silencing the subjectivities of the
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bodies within it; c) Generate reflection on strategies and policies to combat gender and sexual
orientation discrimination in schools" (MARCELINO; SANTOS, 2017, p. 15, our translation).
To this end, it interweaves the voices of different subjects who are in the classroom or recall
experiences involving prejudice, pain, and exclusion from their time in school.
Comprising a highly heterogeneous and complex framework grounded in various
biographies, the video also incorporates testimonials from LGBTQIAPN+ teachers,
parliamentarians, artists, managers, representatives of activist groups, and researchers from the
fields of Psychology and Anthropology. They are responsible for problematizing, from different
perspectives and fields of knowledge, the phenomenon of homophobia and its impacts on
various life trajectories. These revelations are presented to the viewer throughout the 40-minute
duration of the film. Overall, it features contributions from the following interviewees
3
: Victor
Stoimenoff, Mickael Pederiva, Taya Carneiro, Iana Mallmann, Matheus Oliveira, Fábio Felix,
Luan Oliveira, Jef Cardoli, Nilton Aguilar, Vitor Gomes, Melissa Massayury, Eduardo Kimura,
Graça de Paula, Tatiana Lionço, Mariah Gama, JoZuchiwschi, Silvero Pereira, Murilo Silva,
Felipe Cordeiro, and Erika Kokay.
The title of the work, Se essa escola fosse minha, refers, through intertextuality and the
viewer's affective memory, to the popular nursery rhyme Se essa rua fosse minha
4
, marked by
a loving and sometimes sentimental tone: If this street/ if this street was mine/ I would bid/ I
would bid someone to tile it/ With pebbles/ with pebbles made of diamond/ Only for my/ only
for my love to walk by
5
”. The conditional conjunction ("If") that opens the subordinate clause,
as well as the use of the verb "to be" in the past imperfect subjunctive ("were"), transparently
conveys the information that the school does not belong to the speaker. A school, consequently,
is distant, unattainable, and absent. The modalization of the statement may also suggest a
lamenting aspect on the part of the speaker: it is a school that, unfortunately, does not belong
to him, a factor that generates sadness, anguish, and languor.
The sequence of interviewed agents and their respective testimonials, both as students,
teachers, or researchers, highlights homophobia as the main trigger of exclusion. This enables
the school to become a distant environment and, at the same time, devoid of any identification
by the students. It is in the classroom that students who do not fit into the cisgender or
heteronormative model encounter humiliation, offense, shame, and hate speech. The response
3
Available at: http://www.alguemavisa.com.br/2017/07/14/documentario-se-essa-escola-fosse-minha-fala-sobre-
agressao-sofrida-por-jovens-lgbtqia/
4
If this street was mine.
5
Available at: https://www.letras.mus.br/cantigas-populares/134098/
Fernando Teixeira LUIZ
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to such behavior can be seen in the high dropout rates among students. In other words, faced
with the lack of support from the school community, the constant attacks from other students,
and the omission of a significant portion of teachers, leaving the classroom emerges as the best
(or perhaps only!) alternative among the victims.
Such data is corroborated by the testimony of student Melissa Massayury (29 years old):
"And then they forbid me from using the women's restroom. At that time, I didn't know what
to do. Should I use the men's restroom? Exactly. They made a deal with me, five minutes before
break, I could use the men's restroom. Then, there was a meeting of teachers to say that I could
leave five minutes early, but they didn't hold a meeting with the institution to discuss the matter
further. So, I started having to use the men's restroom. Then I dropped out. I realized it wasn't
a place that welcomed me well."
The fear of violence and the search for a school open to sexual diversity are concerns
that drive LGBTQIAPN+ youth on a constant pilgrimage through various educational
institutions, almost like a diaspora in search of a place that provides a sense of belonging and,
consequently, offers security. This is what we can observe, for example, in the testimony of
Mickael Pederiva (16 years old): "I changed schools many times until I found one that was
okay, that respected my name and where I could use the bathroom without being threatened."
Similar observations take on even more poignant contours in the testimony of Taya
Carneiro (23 years old): "Every day, in every class, wherever I went, I was the faggot of the
room. And I always got beaten up". Matheus Oliveira (17 years old), in turn, echoing the other
voices conveyed by the documentary, also expressed his anguish regarding school, the students,
and the teachers. He revealed that the administrators reprimanded him because of his
mannerisms, which further exacerbated the discomfort of being in the educational institution:
"I just wanted to leave school... because it was too much... You know? I wasn't welcome in that
environment."
According to Butler (2021), hate speech, marked by a peculiar lexical selection, raises
the question of which words or verbal representations hurt and offend. "To be hurt by speech is
to suffer a loss of context, that is, it is not knowing where one is" (BUTLER, 2021, p. 15, our
translation), thus leaving the recipient "out of control" (BUTLER, 2021, p. 15, our translation).
The verbal sign, immersed in a social, historical, and political context, expresses worldviews
about reality shared by a particular group. The American philosopher emphasizes that to claim
that language "hurts," that words "harm" or "maim," implies combining words from different
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semantic fields. "The use of a term, such as 'hurt,' suggests that language can have effects similar
to physical pain or injury" (BUTLER, 2021, p. 16, our translation).
Formulations like these indicate that linguistic injury operates similarly to physical
injury. The idea that speech hurts reveals an intrinsic relationship between body and speech, as
well as, consequently, between speech and its effects. Teixeira Filho (2013), also attentive to
hate speech, explains that condemnations of homoerotic practices trace back to the Middle
Ages. In that context, the word "homosexuality" did not yet exist, and instead, the term
"sodomy" was used.
The prohibition of sodomy was based on Hebrew codes that sought "to separate the pure
from the impure, order from disorder, both among people and among animals and their relations
with each other" (TEIXEIRA FILHO, 2013, p. 123, our translation). In this line, Jews had clear
restrictions and severe punishments directed at sexual practices that were not procreative. Thus,
concerning homoerotic relationships, the problem they detected resided in ejaculation, that is,
in the fact that "semen would be wasted" (TEIXEIRA FILHO, 2013, p. 123, our translation).
Consequently, both masturbation and anal sex became condemned practices, criminalized, and
conceived as sins against human nature and against God's will regarding the possibility of
procreation. Rejecting same-sex relationships through words, verbal signs, and lexical selection
that leads to pain became a constant practice and, as evidenced by the documentary's accounts,
is still prevalent in contemporary times.
Luan Oliveira (15 years old), who is part of the group of teenagers interviewed in the
documentary, makes a particularly peculiar statement: "LGBTQIAPN+ people can't just go to
any school like other people can do. And just worry about studying. They also need to worry
about the place. Whether they will be accepted for who they are. And a place where they will
feel safe." Through the transcribed discourse above, one can observe the interviewee's fear of
violence against the LGBTQIAPN+ community. Violence, moreover, intensified in the school
environment. Revealing oneself as gay, lesbian, or transgender can, in this sense, entail harmful
consequences, leading many individuals to hide, adopting a game of masks with the goal of
ensuring their survival. In harmony with this argument, Castañeda (2007) points out that
homosexuals do not always reveal themselves as homosexual. The heterosexual, however, does.
Heterosexual men and women, in their family, social, and professional relationships,
present a fairly predictable scenario: biological sex, sexual orientation, and social roles tend to
converge and form a stable identity. "In contrast, homosexual individuals do not move through
the world with a constant identity. Their attitudes, gestures, and ways of relating to others
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change according to circumstances. They may appear heterosexual in the office, asexual with
their family, and express their sexual orientation only in the presence of certain friends"
(TEIXEIRA FILHO, 2013, p. 19, our translation). They may also deny their own homosexuality
and exhibit behavior distant from their sexual orientation.
Teixeira Filho (2013) adds that the heteronormative premise imposes itself to discipline
and control bodies and pleasures through illusory linearity between sex, gender, desire, and
sexual practices. Starting from virility and heterosexuality as norms, Teixeira Filho (2013)
suggests that homosexual men are victimized because, according to homophobic popular
imagination, they are equated with women as potential recipients of a penis.
Homosexual women, likewise, find themselves in a victimized condition, given that
they fail to fulfill their reproductive function and are not accepted in the virile universe, even
when masculinized, as "by identifying themselves as lesbians, they assume an active stance
regarding their sexual desire; but such activity is exclusive to the male universe, therefore, they
are rejected by these and by other women, as they break the barrier of silence regarding the
supposed female passivity" (TEIXEIRA FILHO, 2013, p. 146, our translation).
Consequently, among the impacts and sequelae of homophobia on the LGBTQIAPN+
population, Teixeira Silva (2013) highlights the subject's denial regarding their sexual
attraction, attempts to alter or suppress such attraction, low self-esteem manifested in a negative
body image, and, above all, the search for compensatory mechanisms aimed at mitigating the
fear and shame of disappointing parents or family members. In this sense, it is common to find
gay, lesbian, and transgender youth with good grades and excessive dedication in school. This
is a way they find to be accepted in a hostile and intolerant society, which elects cisgender and
heteronormativity as the only forms of sexual expression. It is this imprisonment that renders
the projection of other alternative identities unfeasible.
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Final considerations
Se essa escola fosse minha (2017) ocuses primarily on five topics that drive reflection
on the presence and silencing of LGBTQIAPN+ groups in the classroom. These topics include:
a) Concerns, doubts, and discomfort with one's own sexuality; b) Bullying suffered in school
hallways; c) The dilemmas of LGBTQIAPN+ teachers; d) the relationships between school,
family, and the adolescent or child who does not "fit" into the heteronormative and cisgender
model; and e) The endless journey from one school to another in search of an education, and
consequently, a teaching staff, that welcomes, accepts, and respects differences.
Considering this framework, this article sought to address the last topic, problematizing
the dilemmas of adolescents who do not meet the profile advocated by the school, an institution
that ends up punishing or marginalizing gay, lesbian, transvestite, or transgender youth.
Between one account and another, the denunciation against many educators who still approach
homosexuality as a pathology, a deviation, a psychiatric problem, is raised. We would also add
teachers who openly declared a certain disgust or discomfort when faced with students with
behaviors and sexualities different from what was preached by the norm.
Thus, the student is left to navigate through various educational institutions, and in this
context, the metaphor of the LGBTQIAPN+ diaspora is highly pertinent, in search of their
survival. On the other hand, persisting in the search for a different school, even when constantly
encountering content-focused models that disregard multiculturalism and fail to exercise
tolerance towards diversity and adversity, still seems to be a form of resistance for homosexual
and transgender students. In this regard, Adorno's words are valid: "that Auschwitz not be
repeated. It was the barbarism against which all education is directed" (1967, our translation).
Preserving, therefore, the multiple forms of prejudice unfortunately signifies a return to the
rubble of Auschwitz, the continuity of barbarism, and, above all, contempt for human life.
Fernando Teixeira LUIZ
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Filmography:
As Meninas Superpoderosas. Estúdio: Hanna-Barbera Cartoons. Estados Unidos, 1998.
Depois da tempestade. Direção: Bruno Nomura. Londrina (PR), 2018.
O Espanta tubarões. Estúdio: Dream Works SKG. Estados Unidos, 2004.
Se essa escola fosse minha. Direção: Felipe Marcelino e Letícia Leotti Santos. Brasília (DF),
2017.
(Sobre) vivências. Direção: Leonidas Taschetto e Gabriel Celestino. Canoas (RS), 2018.
CRediT Author Statement
Acknowledgements: Not applicable.
Funding: Not applicable.
Conflicts of interest: There were no personal, academic, or institutional conflicts of
interest.
Ethical approval: As this is essay-type research, there was no need for submission to the
Ethics and Research Committee.
Data and material availability: The documentary Se essa escola fosse minha (2017), he
subject of this study, is available on the YouTube platform:
https://www.youtube.com/watch?v=NHJMDuhruz8.
Author’s contributions: The article constitutes a section of a larger research project
authored by myself, titled Mosaico de imagens: escola, preconceito e violência no debate
da produção audiovisual LGBTQIA+, to be conducted from 2023 to 2025.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.