Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10465 1
ELLEN G. WHITE E AS AÇÕES AFIRMATIVAS COMO REPARAÇÃO À
ESCRAVIDÃO: BASES PARA SE PENSAR AS COTAS E OS DESAFIOS DA
JUSTIÇA SOCIAL EM AMBIENTES EDUCACIONAIS
ELENA G. WHITE Y LAS ACCIONES AFIRMATIVAS COMO REPARACIÓN DE LA
ESCLAVITUD: BASES PARA PENSAR EN LAS CUOTAS Y LOS DESAFÍOS DE LA
JUSTICIA SOCIAL EN LOS ENTORNOS EDUCATIVOS
ELLEN G. WHITE AND AFFIRMATIVE ACTIONS AS REPAIR FOR SLAVERY:
BASIS FOR THINKING ABOUT QUOTAS AND THE CHALLENGES OF SOCIAL
JUSTICE IN EDUCATIONAL ENVIRONMENTS
Rodrigo FOLLIS1
e-mail: rodrigo@follis.com.br
Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO2
e-mail: davibpac@gmail.com
Fábio Augusto DARIUS3
e-mail: fabio.darius@acad.unasp.edu.br
Como referenciar este artigo:
FOLLIS, R.; COUTINHO, D. B. P. de A.; DARIUS, F. A. Ellen. G.
White e as ações afirmativas como reparação à escravidão: Bases
para se pensar as cotas e os desafios da justiça social em ambientes
educacionais. Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente
Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441. DOI:
https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10465
| Submetido em: 11/02/2024
| Revisões requeridas em: 20/03/2024
| Aprovado em: 14/04/2024
| Publicado em: 12/06/2024
Editores:
Profa. Dra. Rosiane de Fátima Ponce
Prof. Dr. Paulo César de Almeida Raboni
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), Engenheiro Coelho SP Brasil. Professor do
Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia e do Mestrado Profissional em Educação.
2
Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), Engenheiro Coelho SP Brasil. Editor da
UNASPRESS.
3
Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), Engenheiro Coelho SP Brasil. Professor do
Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia.
Ellen. G. White e as ações afirmativas como reparação à escravidão: Bases para se pensar as cotas e os desafios da justiça social em
ambientes educacionais
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
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RESUMO: O presente trabalho se propõe a ser um exercício interdisciplinar entre Educação,
Direito e Teologia, usando como parâmetro para reflexão das medidas afirmativas no Brasil os
escritos da norte-americana Ellen G. White (1827-1915). Em sua obra, dentro outras tantas
temáticas religiosas e sociais, o acesso à educação é relatado como um fator de desenvolvimento
indispensável para corrigir injustiças provocadas pela escravização e ainda hoje sofridas pelos
descendentes. De natureza documental, a pesquisa identificará pontos de similaridade entre os
conceitos explorados por White em seu contexto e as medidas afirmativas tal como são
compreendidas atualmente por parte da academia brasileira, especialmente representada pela
Escola Paulista de discussões raciais. Obtém-se como resultado uma tentativa de trazer a
discussão sobre justiça social para um ambiente que considere a religião como parte de suas
bases discursivas e analíticas, possibilitando se pensar as cotas no contexto educacionais.
PALAVRAS-CHAVE: Educação. Igreja Adventista do Sétimo Dia. Racismo. Teologia
Pública. Escravidão.
RESUMEN: Este trabajo pretende ser un ejercicio interdisciplinario entre Educación,
Derecho y Teología, utilizando los escritos de la norteamericana Elena G. de White (1827-
1915) como parámetro para la reflexión sobre las medidas afirmativas en Brasil. En su obra,
entre muchos otros temas religiosos y sociales, el acceso a la educación se presenta como un
factor de desarrollo indispensable para corregir las injusticias causadas por la esclavitud y
que aún hoy sufren sus descendientes. De carácter documental, la investigación señalará
puntos de similitud entre los conceptos explorados por White en su contexto y las medidas
afirmativas tal como las entiende la academia brasileña actual, especialmente representada
por la Escola Paulista de las discusiones raciales. El resultado es un intento de llevar la
discusión sobre justicia social a un entorno que considera la religión como parte de sus bases
discursivas y analíticas, posibilitando pensar las cuotas en el contexto educativo.
PALABRAS CLAVE: Educación. Racismo. Iglesia Adventista del Séptimo Día. Teología
pública. Esclavitud.
ABSTRACT: This paper aims to be an interdisciplinary exercise in education, law, and
theology, using the affirmative measures in Brazil as a parameter for reflection based on the
writings of Ellen G. White. In her work, among other religious and social themes, access to
education is reported as an essential factor for rectifying injustices caused by slavery and still
suffered by descendants today. This documentary-type research will highlight similarities
between the concepts explored by White in her context and affirmative measures as understood
by parts of the current Brazilian academy, especially represented by the São Paulo School of
Racial Discussions. Ultimately, it results in an attempt to bring the discussion of social justice
into an environment that considers religion as part of its discursive and analytical foundations,
enabling the contemplation of educational quotas within such logic and intricacies.
KEYWORDS: Education. Seventh-day Adventist Church. Racism. Public Policies. Public
Theology. Slavery.
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO e Fábio Augusto DARIUS
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
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Introdução
A implementação de ações afirmativas no Brasil é cercada de controvérsias,
especialmente quando implicam critérios étnicos. Esse não é um debate recente (Bell, 1992;
Alexander, 2010; Du Bois, 1935). As discussões sobre a legitimidade das cotas raciais
destinadas à inclusão de afrodescendentes no ensino superior e concursos públicos tornaram-se
intensas desde a primeira década dos anos 2000, despertando diferentes reações.
As cotas podem ser definidas como “políticas públicas destinadas a atender grupos
sociais que se encontram em condições de desvantagem ou vulnerabilidade social em
decorrência de fatores históricos, culturais e econômicos” (Fonseca, 2009, p. 11). Essas
medidas destinam-se a reparação histórica pelos males perpetrados aos negros e povos
originários pela escravização, exploração e consequente condição de subalternidade.
Para os que são favoráveis às medidas afirmativas, elas servem à “correção de
desigualdades estruturais, por meio de medidas tendentes a promover a igualdade de
oportunidades para membros de grupos sociais vulnerabilizados” (Vaz, 2022, p. 22). A
aplicabilidade delas aos negros brasileiros parte do pressuposto que, após a abolição, os libertos
não foram assistidos em suas necessidades. A saída do cárcere não trouxe consigo a inserção à
sociedade e ao mercado. os contrários às cotas pensam que a complexidade das relações
étnico-raciais no Brasil não possibilita uma demarcação precisa de que seriam os prejudicados
depois de mais de um século da abolição. Além disso, a miscigenação teria o papel de planificar
o drama da pobreza, afastando a raça como critério capaz de explicar a falta de oportunidades.
Ainda nessa visão, a reserva de vaga feriria o princípio da isonomia, que deve nortear as ações
públicas (Magnoli, 2009; Rajagopalan, 2012).
A questão do negro brasileiro tem ganhado espaço crescente na academia. Ainda no
âmbito do ensino, as questões étnicas passaram a ter mais espaço com a Lei n.º 11.645/08, que
obriga as escolas de ensino fundamental e médio a trabalharem em seu currículo com a história
e cultura afro-brasileira, além da indígena, ampliando as Leis n.º 9.394/96 e a n.º 10.639/03.
Além disso, o instrumento de avaliação de cursos superiores que passou a ser utilizado pelo
MEC/INEP em 2017 cobra das instituições de ensino superior (IES) que tais conteúdos sejam
ao menos ensinados de maneira inter ou transdisciplinar.
No contexto educacional e religioso, essa relação também foi discutida pela norte-
americana Ellen G. White (1827-1915). Escritora cristã e co-fundadora da Igreja Adventista do
Sétimo Dia (Knight, 2017; Darius, 2021; Fortin; Moon, 2018), ela dedicou muitas páginas às
discussões raciais, tal como poderá ser notado ao decorrer do presente trabalho. Seus textos
Ellen. G. White e as ações afirmativas como reparação à escravidão: Bases para se pensar as cotas e os desafios da justiça social em
ambientes educacionais
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falam sobre o acesso à educação como um fator de desenvolvimento necessário para corrigir as
injustiças sofridas pelos descendentes de escravizados, possibilidade de a educação promover
a mobilidade social e falam de diversos aspectos concernentes a própria lógica educacional. Ela
mesma não se considerava uma professora ou educadora, mas a importância de suas obras, tais
como o livro Educação, lançado originalmente 1903, é visto a partir de sua influência na
construção da rede educacional adventista, que chega atualmente a milhões de alunos atendidos
em todo o mundo.
Uma das razões para discutir o combate ao racismo a partir de escritos religiosos reside
na importância da religião na vida social contemporânea, bem como no impacto significativo
que as concepções teológicas tiveram na criação, manutenção e combate ao racismo, além de
sua influência na abolição. Por exemplo, os cristãos tiveram papel de destaque no combate ao
cativeiro na Inglaterra e nos Estados Unidos (Malheiros; Boechat, 2021, p. 69-91). Embora no
Brasil a abolição tenha tido “caráter estritamente secular” (Rocha, 2009, p. 73), membros dos
movimentos quakers e metodistas, protagonistas no combate ao racismo em seus países de
origem, também inspiraram o movimento abolicionista brasileiro.
Se pessoas de se utilizaram de valores religiosos para trabalharem no combate à
escravidão, espera-se que o envolvimento de pessoas de possa ser útil ainda hoje na
efetivação de políticas que se propõem a corrigir os males provocados pelo cárcere no passado.
Defender e elaborar políticas de reparação parece ser uma consequência contemporânea desses
movimentos abolicionistas encabeçados por cristãos protestantes no passado. Como veremos
no decorrer da pesquisa, significativas similaridades entre as visões de White com o atual
conceito de ações afirmativas com recorte racial. Sugere-se com isso que teologia pode ter um
papel significativo na conscientização e reação aos problemas raciais no Brasil. Podemos
definir a problemática do presente estudo através da seguinte questão a ser aqui respondida: de
que maneira os escritos de Ellen G. White sobre justiça social e educação podem informar e
influenciar a implementação de políticas de ação afirmativa no Brasil contemporâneo?
Metodologia
No desenvolvimento do presente trabalho, adotou-se uma metodologia que interliga as
áreas de educação, direito e teologia/religião para examinar as medidas afirmativas no Brasil,
utilizando os escritos de Ellen G. White como um ponto de reflexão. A pesquisa foi conduzida
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO e Fábio Augusto DARIUS
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sob uma abordagem de pesquisa histórica comparada e dos estudos da memória, conforme
discutidos por Jacques Le Goff (1996).
Tais estudos desempenharam um papel crucial na análise das narrativas e representações
históricas de raça, educação e religião nos escritos de White. Este aspecto metodológico foi
essencial para entender como a memória coletiva influenciou (e poderia ainda hoje
influenciar/influencia) as políticas públicas contemporâneas e a percepção pública sobre
medidas afirmativas. Além disso, a pesquisa incorporou uma análise das implicações teológicas
nos debates sobre racismo e reparação histórica. Foram investigadas as maneiras pelas quais as
crenças religiosas moldaram as discussões sobre equidade racial e inclusão social, tanto no
passado quanto no presente. Utilizando os textos de White, a pesquisa ilustrou como
concepções religiosas podem tanto sustentar quanto desafiar as políticas de ação afirmativa.
Por meio desse enfoque interdisciplinar, o estudo não apenas traçou paralelos entre as
ideias de White e as práticas modernas de ações afirmativas, mas também destacou a interação
entre memória, história e teologia na formulação das políticas educacionais e de inclusão racial
no Brasil. Esse método comparativo e integrado proporcionou uma compreensão mais rica e
nuançada dos complexos debates envolvendo ações afirmativas como forma de reparação dos
males da escravidão.
Assim, o texto se desdobrará em uma análise multifacetada que interliga cristianismo e
as relações raciais no Brasil, partindo das divergências entre as escolas Baianas e Paulistas, até
as implicações contemporâneas destas teorias nas políticas de ação afirmativa e na interpretação
social da raça. Com isso, podemos explorar o papel significativo da educação como ferramenta
para mobilidade social, ilustrado por iniciativas históricas e atuais dentro de diferentes correntes
cristãs, destacando figuras como Arlindo Veiga dos Santos e as contribuições educacionais
adventistas.
A discussão se estende ao exame das respostas teológicas às políticas de ação afirmativa,
contrastando visões progressistas e conservadoras. Ademais, aborda o legado do abolicionismo,
com ênfase na visão de Ellen G. White sobre as reparações pela escravidão como um imperativo
cristão. Finalmente, o estudo conclui com uma reflexão sobre o engajamento atual das igrejas,
especialmente da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), no combate ao racismo,
evidenciando como é possível ser agentes de mudança social por meio da educação e da
promoção da justiça racial.
Para detalhar adequadamente a metodologia empregada neste estudo, é importante
esclarecer o processo sequencial e as técnicas utilizadas na análise dos escritos de Ellen G.
Ellen. G. White e as ações afirmativas como reparação à escravidão: Bases para se pensar as cotas e os desafios da justiça social em
ambientes educacionais
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
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White e sua aplicabilidade às políticas de ação afirmativa no Brasil. Inicialmente, realizou-se
uma revisão extensiva da literatura sobre ações afirmativas e os escritos de White,
especialmente focando nas suas perspectivas sobre justiça social e educação. Esta revisão
incluiu tanto fontes primárias, os textos originais de White, observados e pesquisados a partir
do site
4
, quanto secundárias, englobando análises contemporâneas sobre seu trabalho e suas
implicações teológicas e educacionais.
Em seguida, adotou-se uma abordagem de pesquisa histórica comparada para traçar
paralelos entre as ideias de White e as práticas contemporâneas de políticas afirmativas. Isso
envolveu a construção de uma matriz analítica que permitiu a comparação dos princípios
defendidos por White com as legislações e práticas atuais no Brasil, examinando as
convergências e divergências. Essa matriz foi crucial para entender como concepções teológicas
históricas podem influenciar políticas públicas modernas. Este método interdisciplinar
proporcionou uma compreensão profunda das dinâmicas entre memória histórica, teologia e
políticas educacionais em contextos de ação afirmativa.
Cristianismo e a interpretação das relações raciais no Brasil
Nessa seção vamos refletir o pensamento e posicionamento das duas principais escolas
brasileiras sobre os estudos da situação racial brasileira, as chamadas escolas Baianas e
Paulistas. “Enquanto os primeiros teriam demonstrado a importância crescente do racismo no
Brasil, os segundo teriam se apegado ao credo da democracia racial brasileira” (Guimarães,
2009, p. 77). Essas ênfases contrastantes são resultado de profundas diferenças “divergências
teóricas, metodológicas e interpretativas” (Guimarães, 2009, p. 77).
Tendo Gilberto Freyre como maior representante, a escola baiana compreende que as
relações brasileiras foram porosas, ou seja, possibilitaram a ascensão social dos negros mesmo
em meio à escravidão. As histórias de personagens afro-brasileiros de destaque e a mestiçagem
da população, resultado de relacionamentos interraciais que aconteciam muito antes da
abolição, são citadas como evidências desse caráter mais maleável das relações raciais no
Brasil, que não necessariamente relegariam o negro a uma condição de subalternidade inerente
à raça. Para os entusiastas dessa ideia, a desigualdade é questão de classe, não de raça
(Guimarães, p. 88-89). Um dos críticos das medidas afirmativas no Brasil, o jurista Ibsen
Noronha é adepto desta perspectiva. Ativo no combate às cotas, ele defende que é possível
4
Disponível em: https://egwwritings.org.
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO e Fábio Augusto DARIUS
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10465 7
enxergar harmonia racial no país mesmo através da legislação escravista do Império (Gomes,
2023). Dado esse contexto, o crescimento de ideias refratárias a presença do negro na sociedade
brasileiro no pós-abolição é praticamente ignorada por esses intérpretes.
a escola paulista, representada pelo pensamento do patrono da sociologia brasileira,
Florestan Fernandes, chama atenção para a desigualdade social no país como um fenômeno
indissociável das relações étnicas. Além de lidar com as consequências do cativeiro que
perdurou por mais de três séculos, a falta de um projeto para a inclusão à sociedade após a
abolição privou os negros de habilidades técnicas e sociais que os tornassem competitivos no
trabalho livre (Fernandes, 2007, p. 108). Ainda segundo Fernandes (2027), a exclusão do negro
no Brasil exige “um programa nacional voltado para o dilema social das minorias que não têm
condições autônomas para resolver rapidamente os problemas de sua integração à ordem
econômica, social e política inerente à sociedade nacional” (Fernandes, 2007, p. 52). Os
defensores das ações afirmativas seguem essa perspectiva (Guimarães, 2009, p. 100).
Do ponto de vista da religião, essa questão tem sido lida pelos cristãos brasileiros,
protestantes ou católicos, através das duas perspectivas. A posição de Noronha, um católico
conservador, representa o discurso corrente entre cristãos de direita. Refratários ao
progressismo, eles têm pelo menos dois motivos que ajudam a resistir às pautas propostas por
esse espectro político: a flexibilização de valores morais tradicionais e a expectativa de
enriquecimento, que diminui o interesse em programas com ênfase em distribuição de renda ou
aumento de oportunidades (Araújo, 2022, p. 92).
Curiosamente, porém, outro católico, também alinhado às correntes conservadoras no
Brasil, foi absolutamente sensível ao problema dos negros no Brasil. Arlindo Veiga dos Santos
(1902-1978), foi um intelectual paulista com contribuições significativas para o movimento
negro na cada de 1930. Embora fosse tradicionalista a ponto de defender a volta do regime
monárquico no Brasil, ele compreendia a necessidade de combate ao racismo que relegava a
população afro-brasileira a condições de penúria. O acesso à educação era fundamental nesse
processo: “É inegável a importância que Alindo Veiga dos Santos atribui à educação escolar,
pois ela constituíra seu passaporte para sair do mundo dos trabalhos domésticos ou manuais,
tornar-se professor durante toda sua vida e alcançar reconhecimento por sua obra intelectual”
(Malatian, 2015, p. 187).
Como presidente da Frente Negra Brasileira (FNB), Veiga dos Santos advogou por
ações destinadas a melhorar as condições de vida dos negros paulistas. Com a organização
“esperava-se preparar o negro para enfrentar as injustiças do mundo do trabalho” (Malatian,
Ellen. G. White e as ações afirmativas como reparação à escravidão: Bases para se pensar as cotas e os desafios da justiça social em
ambientes educacionais
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
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2015, p. 191). Esse exemplo revela, portanto, que nem sempre a leitura do problema do negro
no Brasil foi sinônimo de uma leitura progressista, aliás, na FNB “o catolicismo teve peso
inegável nas atividades desenvolvidas” (Malatian, 2015, p. 147), o que chama atenção para o
papel da religião na elaboração de atividades para combate ao racismo no Brasil.
O discurso de Veiga dos Santos e o trabalho da FNB fora semelhante ao realizado por
irmandades católicas negras que, ainda durante o regime escravocrata, tiveram “destacado papel
na viabilização de uma vida social e política para pessoas negras em meio à ordem escravista,
sendo a educação um dos fatores de relevância no âmbito desses arranjos associativos” (Vaz,
2022, p. 57). O surgimento dessas entidades remonta ao século 17. Os participantes “recebiam
não assistência espiritual como também material” (Priore, 2021, p. 74-75). No Rio de
Janeiro, Bahia e São Paulo, foram uma forma de resistência negra organizada que floresceu no
ambiente da igreja, que dava suporte à escravidão, o que mostra quão ambivalente foi o papel
do cristianismo na escravidão brasileira (Jesus, 2022, p. 229-232). Elas funcionam “como
organizações de auxílio mútuo, muito atuantes no momento de juntar dinheiro para alforrias e
do acompanhamento nas doenças e morte dos irmãos” (Priore, 2021, p. 74-75).
No protestantismo, exemplo semelhante é encontrado no pastor Agostinho José Pereira.
As fontes históricas que fazem referência a ele são econômicas em detalhes, mas sabe-se que
era um ex-escravizado que, quando passou à liberdade, em 1846, dedicou-se à pregação nas
ruas do Recife. Os seus seguidores eram negros, chegavam a número de 300 e eram
alfabetizados. O ensino também parece ter sido uma parte importante de seu ministério, além
do combate à escravidão, da defesa da supremacia das Escrituras na formação teológica e do
combate ao catolicismo como uma falsa religião (Martins, 2021, p. 54-55).
Outro autor que caminha nessa mesma direção é o ministro presbiteriano Wadislau
Martins Gomes. Embora, assim como Veiga dos Santos, também não se coloque
necessariamente favorável às medidas afirmativas com recorte racial, Gomes está alinhado à
perspectiva de que a necessidade de reparações pelos males da escravidão não foi
suficientemente abordada.
Abolição da escravatura no Brasil deixou à mercê da sorte todos aqueles que
produziram o sucesso dos seus senhores. Não se lhes pediu perdão pelo crime
de dominação do homem pelo homem e pelas misérias decorrentes. Nem se
produziu indenização. [...] O ideal da abolição da escravatura, como de toda
opressão e preconceito pecaminoso, não é efetivo porque não é feito
corretamente. A libertação é básica. Sua aplicação, porém, é ineficaz porque
não liberta de fato quando não redime o senhor das suas grilhetas da ânsia pelo
poder nem redime o escravo das iras sofridas e das misérias amarguradas
(Gomes, 2007, p. 220).
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO e Fábio Augusto DARIUS
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
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o pastor batista Marco Davi de Oliveira, não entende que as medidas afirmativas
com recorte racial são uma maneira de reparar esses prejuízos, como também apela ao
engajamento da igreja na defesa e promoção dessas políticas públicas. “Defender as políticas
afirmativas para os negros é reconhecer as grandes diferenças raciais existentes no país e
posicionar-se a favor de um futuro em que, efetivamente, a igualdade será real no Brasil”
(Oliveira, 2015, p. 109). Três ações práticas são sugeridas: (1) a conscientização sobre a
condição do negro no Brasil (Oliveira, 2015, p. 109), (2) o apelo a empreendedores cristãos
para que apliquem políticas afirmativas como uma forma de contribuir “para o desmanche de
uma história de opressão e pecado” (Oliveira, 2015, p. 112) e a (3) promoção da diversidade
racial nas instituições de formação teológica, dando espaço não apenas a alunos, mas também
para professores negros.
Esse engajamento contra os problemas raciais no Brasil exige que as igrejas superem os
“limites de uma ação teórico-prática que seja de índole narcisista, escapista da realidade [...]
para efetuar uma inserção no corpo social constituído” (Martins, 2021, p. 57-58). O combate ao
racismo no Brasil deve contar com a participação de todos os cristãos indignados pelo
vilipêndio à imagem de Deus através do sofrimento do outro, nesse caso, o negro. A promoção
de medidas afirmativas, seja na esfera pública ou privada, é parte dessa ação. O engajamento
do adventismo nesta pauta é um resgate de ações exemplares de sua própria história, tal como
veremos a seguir.
Quem foi Ellen White e qual sua importância para a discussão?
No prefácio de sua tese doutoral, com publicação posterior em formato de livro, Fábio
Augusto Darius (2021, p. 12-13) escreveu acerca de Ellen G. White com as seguintes palavras:
Ellen Gould Harmon White, nascida em 1827, no estado americano do Maine,
região da Nova Inglaterra, nos Estados Unidos da América, foi testemunha
ocular do chamado “século da História”, o “longo século 19”. White viveu até
precisamente 1915, ano que viu ruir o otimismo desenvolvimentista europeu
pondo fim à belle époque ao arrastar seus países à primeira guerra moderna
de alcance mundial. Para o historiador inglês Eric Hobsbawm, foi precisamente
esse conflito que pôs fim a uma era, inaugurando tristemente o século 20. Esse
recorte temporal, que constituiu a existência de Ellen G. White os quase
noventa anos vividos entre 1827 e 1915 , foi sumamente importante para o
desenvolvimento dos Estados Unidos, que viviam a primeira geração após a
efetiva independência a nova luta pela independência proporcionada pela
reiteração da vitória sobre os ingleses em 1776, na Guerra de 1812. Vitoriana,
embora não em sua teologia, a autora presenciou o auge daquela era nos Estados
Ellen. G. White e as ações afirmativas como reparação à escravidão: Bases para se pensar as cotas e os desafios da justiça social em
ambientes educacionais
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Unidos, desde o nascimento da Doutrina Monroe e as primeiras tentativas
estadunidenses de hegemonia sobre o continente americano até suas incursões
comerciais para o além-mar; da Guerra da Secessão à submissão do Sul ao
Norte, com a vitória do capitalismo moderno sobre o conservadorismo colonial
até a instauração do primeiro grupo socialista naquele país, em 1874; da
invenção e popularização do telégrafo em 1844 e da máquina de escrever até a
popularização da luz elétrica, já em idade avançada. Porém, foi no fértil campo
religioso daquele país, a triunfante história do progresso protestante diverso
em muitos sentidos da religiosidade europeia e erigido sob um ideal puritano de
trabalho e austeridade , que ela visualizou as grandes transformações que
marcariam sua vida, atestadas por sua prolífica pena que, ao longo de mais de
60 anos de trabalho, escreveu e publicou quantitativamente mais do que Calvino
ou Lutero.
Ellen G. White, portanto, não apenas testemunhou, mas também interveio
decisivamente nas transformações sociais de sua época, especialmente no campo da educação
confessional. Como cofundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), White destacou-
se por sua fervorosa defesa do papel da educação na reforma social. Sua visão sobre a
importância da educação refletia-se em suas obras e ensinamentos, onde ela frequentemente
vinculava o cuidado e a educação dos desfavorecidos à responsabilidade moral e espiritual das
instituições religiosas e do Estado. Nas palavras de White (2021, p. 160), o dinheiro deveria
ter sido utilizado livremente em favor do cuidado e educação deles, num momento em que mui
grande era a sua necessidade. Mas o governo, após pequeno esforço, deixou os negros a se
debaterem, sem auxílio, em suas tremendas dificuldades. Este apelo à ação destaca sua crítica
à negligência governamental e à indiferença social, reforçando a necessidade de um
engajamento ativo tanto do setor privado quanto das instituições religiosas.
White acusava os EUA de permitir a persistência de injustiças e de não fazer o suficiente
pelas reparações devidas aos escravos, uma posição que ela articulava com veemência,
conforme ressalta O’Reggio (2018, p. 874): a autora acusou o país de permitir a existência
desse terrível mal e o responsabiliza por reparações aos escravos. Ela decisivamente repudiou
as teorias então vigentes sobre diferenças étnicas e afirmou a humanidade comum de todas as
pessoas. Através de seu discurso e escrita, Ellen G. White não moldou a prática educacional
adventista, mas também contribuiu de maneira significativa para o diálogo mais amplo sobre
justiça social e educação inclusiva. E é sobre isso que abordaremos a seguir.
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO e Fábio Augusto DARIUS
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Abolicionismo adventista e as reparações pela escravidão
A primeira menção de White ao papel da educação como forma de reparação remonta a
1896. Na ocasião, a abolição nos Estados Unidos da América passava de três décadas. Na
Review and Herald, a principal revista da denominação à época, escreveu sobre as marcas da
escravidão e a necessidade de estender oportunidades aos que sofriam as consequências.
As pessoas de cor negra estão sofrendo os resultados da escravidão em que
foram mantidas. Quando eram escravas, elas foram ensinadas a fazer a vontade
de quem as mantinha como sua propriedade. Elas foram mantidas na ignorância
e, hoje, existem milhares entre elas que não sabem ler. [...] Todo sistema de
escravidão foi originado por Satanás, que se deleita na tirania sobre os seres
humanos. Embora ele tenha sido bem-sucedido em degradar e corromper a etnia
negra, muitos são dotados de definidas capacidades e, se forem abençoados com
oportunidades demonstrarão mais inteligência do que muitos de seus irmãos
mais favorecidos entre as pessoas brancas. Milhares podem agora ser educados
e tornar-se agentes em ajudar outros de sua etnia. muitos que sentem a
necessidade de receber instrução (White, 1896).
White enxergou o papel de ações estatais e da igreja para promover a mobilidade social
desses excluídos, o que envolve tanto a participação do governo quanto o engajamento privado
(White, 2021, p. 160). Uma de suas declarações mais contundentes foi o discurso “Our Duty to
the Colored People[Nosso dever para com as pessoas de cor], proferido em 21 de março de
1891 durante sessão anual da Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Nele, White
chamou atenção para a necessidade de engajamento cristão contra os males provocados pela
escravidão e perpetuados pelo racismo.
Analisando o apelo, Ramona Hyman (2017, p. 62) comenta que “White não sugeriu que
a igreja deveria ajudar os negros americanos; ela declarou que a igreja tinha um dever, isto é,
uma obrigação para com as pessoas de cor”. Sua retórica forte não foi a única contribuição. Seu
ativismo envolveu apoio financeiro, que se estendeu desde ao atendimento de ministros negros
mal remunerados até a implementação de instituições, que servem de “prova do seu
compromisso com os oprimidos (Burton, 2017, p. 75-76).
Alguns desses conteúdos estão reunidos na obra The Southern Work (1890), primeira
obra que deu forma às suas preocupações antes expressada através de periódicos. Mais tarde, a
responsabilidade da igreja para com os afro-americanos também teria espaço em Testemunhos
para a Igreja, através dos volumes 7 e 9, publicados em 1902 e 1909, respectivamente. Nesses
conteúdos, as medidas afirmativas são vistas como maneira de corrigir as desigualdades
provocadas pela escravidão.
Ellen. G. White e as ações afirmativas como reparação à escravidão: Bases para se pensar as cotas e os desafios da justiça social em
ambientes educacionais
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Muito mais poderia ter sido realizado pelo povo da América do Norte se
esforços adequados em favor dos escravos libertos houvessem sido postos em
prática pelo governo e pelas igrejas cristãs, logo após a emancipação. O
dinheiro deveria ter sido utilizado livremente em favor do cuidado e educação
deles, num momento em que mui grande era a sua necessidade. Mas o governo,
após pequeno esforço, deixou os negros a se debaterem, sem auxílio, em suas
tremendas dificuldades. Algumas das fortes igrejas cristãs iniciaram um bom
trabalho, porém infelizmente fracassaram, não alcançando senão
comparativamente poucos. A Igreja Adventista do Sétimo Dia também falhou
na porção que lhe cabia. Alguns esforços perseverantes têm sido postos em
prática por indivíduos e sociedades a fim de erguer o povo negro, e essa tem
sido uma obra nobre. Quão poucos, porém, têm tomado parte em tal obra, a
qual deveria haver contado com a simpatia e ajuda de todos! Esforços nobres
foram empreendidos por alguns adventistas do sétimo dia, naquilo que precisa
ser realizado em favor das pessoas negras (White, 2021, p. 160).
O discurso de Ellen G. White refletia a prática antirracista dos adventistas, que era
praticada décadas antes da organização da denominação, em 1863. Os integrantes do
movimento milerita, que viriam a se tornar pioneiros adventistas, compreendiam que as práticas
escravistas eram incompatíveis com a cristã. Através do principal periódico adventista à
época, John Andrews (1851), um dos maiores missionários da história da denominação
questionou a legitimidade da Declaração da Independência dos Estados Unidos (1776): “Se
‘todos os homens nascem livres e iguais’, como então mantemos três milhões de escravos em
cativeiro? Por que a raça negra é reduzida à categoria de bens pessoais, e comprada e vendida
como bestas brutas?”.
John N. Loughborough, outro pioneiro adventista e contemporâneo de Ellen G. White,
chamou atenção para a igualdade inerente entre todos os seres humanos: “Escravos, o que são
eles? Homens como nós, exceto talvez em sua aparência. A Declaração de Independência
deveria ter uma cláusula fornecida e deveria ser: Todos os homens são criados livres e iguais,
exceto três milhões e meio” (Loughborough, 1854). A defesa da escravidão era considerada um
símbolo de um cristianismo em declínio ou, em termos teológicos mais precisos, como
evidência de apostasia. Esta perspectiva é exemplificada na declaração de Uriah Smith, outro
importante pioneiro e amigo próximo de Ellen G. White:
Milhões que gemem sob a vara da opressão, debaixo das cadeias forjadas pelo
pecado da escravidão, roubados de seus direitos, a brutos degradados, e alma e
corpo ligados à vontade alheia, que seus gritos unidos, e lágrimas, e gemidos,
que diariamente se levantem, e chamem em voz alta o céu por vingança (Smith,
1853).
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO e Fábio Augusto DARIUS
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O tráfico, a comercialização, posse ou qualquer forma de apoio ao sistema escravista
impediam a adesão de membros. O posicionamento abolicionista era uma característica inerente
a vários dos primeiros líderes do adventismo, de modo que foram combatidos por escravagistas
no Sul em algumas ocasiões durante a década de 1840 (Knight, 2015, p. 124-125, 132). Não
raramente, missionários sofreram agressões (Knight, 2015, p. 107-108). A hostilidade perdurou
nas décadas seguintes e adiou a inserção do adventismo na região até 1870, quando os
adventistas, organizados como denominação e preocupados em trabalhar no Sul, enviaram
professores ao Sul, a fim de abrir escolas para atender aos libertos (Schwarz; Greenleaf, 2022,
p. 282).
Iniciativas educacionais destinadas aos afro-americanos
Os apelos de White surtiram efeito. O primeiro deles foi a construção do Morning Star,
uma embarcação multiuso para ações evangelísticas, iniciativa de seu filho James White em
conjunto com William O. Palmer. Uma das principais atividades realizadas abordo, foi a
educação aos afro-americanos no Sul do país, região onde as consequências da escravidão eram
ainda mais perceptíveis (Baker, 2018, p. 1098). O projeto foi considerado extravagante devido
as suas dimensões e teve financiamento da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia,
que à época tinha fundos modestos.
Os trabalhos iniciaram em 1985, após dois anos de construção. Atracados em Vicksburg,
no Mississippi, os voluntários “começaram a fazer visitas, reuniões evangelísticas e ministrar
aulas em uma escola noturna. As crianças de antigos escravos e alguns de seus pais e avós
aprendiam a ler, e escrever e cantavam animados cânticos cristãos” (Baker, 2018, p. 1098). A
embarcação também serviu como sede da Sociedade Missionária do Sul e abrigou a gráfica da
revista Gospel Herald [Arauto do Evangelho], destinada aos afro-americanos.
A bordo do Morning Star também foi impresso o livro The Southern Work [O Trabalho
no Sul] (1890), uma compilação de textos sobre a evangelização dos negros. Os lucros da
publicação foram inteiramente destinados ao trabalho evangelístico com esse público. As
atividades se estenderam por dez anos, período em que o adventismo se consolidou entre os
negros.
A Oakwood University, fundada em 1896, emerge dentro desse contexto. Direcionada
ao ensino de afro-americanos, ela se baseava em projetos educacionais implementados por
outras denominações, as quais haviam investido em instituições de ensino semelhantes
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(Warren, 2018, p. 868). O principal objetivo da escola, assim como de outras instituições
destinadas a atender afro-americanos, era a preparação de lideranças negras e recebeu um forte
apoio público de Ellen G. White.
De acordo com Delbert Baker, o Instituto do Harlem (1920), o Hospital de Riverside
(1927), a revista Message Magazine (1934), o Instituto de Pine Forge (1946) e o programa
televisivo Breath of Life confirmam que a influência de Ellen White a favor da obra adventista
entre os afro-americanos teve grandes contribuições “por muito tempo depois de sua morte,
alcançando o presente (Baker, 2018, p. 642). Como resultado, entre 1890 e 1910, a
denominação saltou de 50 membros afro-americanos para 3.500 (Baker, 2018, p. 642). O
crescimento da arrecadação financeira nesse segmento resultou na implantação de igrejas e
escolas, além da contratação de funcionários e ministros.
Medidas afirmativas e a educação: a visão de Ellen G. White na contemporaneidade
As medidas afirmativas têm sido retratadas como uma nova abolição. Essa é uma forma
razoável de enxergá-las. Se a primeira rompeu com as correntes, mas falhou na inserção dos
libertos à sociedade, a segunda pode reconfigurar as relações sociais no país através da oferta
de oportunidades de educação e emprego. Medidas que incluem negros em espaços ainda pouco
ocupados por eles promovem um país mais justo e efetivamente democrático. Essa é uma forma
de refazer os destinos dos descendentes de ex-escravizados que, após ganharem a liberdade,
foram privados de uma inserção adequada na sociedade. Considerando essa questão, pode-se
pensar em qual o papel da religião nesse processo?
Na Inglaterra e EUA, cristãos estiveram na liderança da defesa do abolicionismo.
Conforme notou Joaquim Nabuco (2019, p. 43), nesses países “a propaganda da emancipação
foi um movimento religioso, pregado do púlpito, sustentado com fervor pelas diferentes igrejas
e comunhões religiosas”. No Brasil, porém, embora o próprio Nabuco tenha sido influenciado
por esses movimentos, “o movimento abolicionista nada deve, infelizmente, à Igreja do Estado;
pelo contrário, a posse de homens e mulheres pelos conventos e por todo o clero secular
desmoralizou inteiramente os sentimentos religiosos de senhores e escravos” (Nabuco, 2019,
p. 43).
A mesma denúncia foi feita pelo médico baiano Luis Anselmo da Fonseca que, ao
apagar das luzes do sistema escravocrata no Brasil, publicou a obra A escravidão, o clero e o
abolicionismo, onde lamenta a posição de apoio à escravidão dada pela igreja no Brasil: “Nada
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existe mais contrário às tradições bíblicas do que a indiferença pelo bem público” (Fonseca,
1887, p. 40). Para ele, a religião não poderia se limitar às formas, litúrgicas e cultos, mas
influenciar toda a sociedade.
No Brasil, conforme explica lio Santos, o racismo é sistemático, uma vez que
“perpassa toda a sociedade e instituições”, e inercial, que acontece de forma recorrente e
incontido (Santos, 2022, p. 415). Assim, as considerações de White sobre as medidas
afirmativas, tornam-se absolutamente aplicáveis ao contexto contemporâneo brasileiro. Da
mesma maneira como a escravidão acabou, as consequências dela também precisam parar.
Em editorial sobre a desigualdade social no Brasil publicado em 1988 na revista
Decisão, revista que era produzida pela Casa Publicadora Brasileira (CPB), a editora oficial da
IASD no Brasil, o pastor Márcio Dias Guarda ressaltou o impacto da escravidão: “não há
inferioridade racial; o que são diferentes oportunidades sociais e econômicas que [...] influem
na inteligência, na duração da vida, e outros parâmetros utilizados para rotular as raças”
(Guarda, 1988, p. 2). Para ele, o centenário da abolição deveria ser encarado como “uma senha
para a discussão mais ampla do racismo, [...] que não morreu com a abolição, nem como um
século de experiência com a chamada democracia racial” (Guarda, 1988, p. 2).
Se décadas após a abolição os afro-americanos ainda enfrentavam as consequências de
um processo abolicionista incompleto, incluindo privações de cidadania e oportunidades, o
mesmo cenário pode ser observado na realidade contemporânea do Brasil, onde o adventismo
se destaca como uma das maiores denominações religiosas organizadas. Seu chamado de White
à justiça social em prol dos negros deve sensibilizar e motivar. E isso, sem dúvida, passa pelo
papel que damos à educação. A resistência a ações que melhorem as condições de vida dos
negros podem ser uma das manifestações atuais do racismo mais sérias em suas implicações.
Conforme ela mencionou em carta: “Assim que se faz um esforço para educar e elevar este
povo, que durante tanto tempo foi mantido na ignorância e na escravidão, a inveja dos brancos
é despertada” (White, 1899). Alguns anos depois, ela notou que o problema seguia: “Assim que
as pessoas começam a fazer qualquer tipo de movimento para educar os negros, há alguns que
estão determinados a que isso não seja feito” (White, 1907).
As declarações de White sobre o tema são pertinentes para a reflexão sobre uma teologia
pública que leve a igreja de volta aos princípios abolicionistas e antirracistas que foram seguidos
pelos pioneiros adventistas e outros grupos protestantes ao longo da história. Elas também são
relevantes por evidenciarem que a educação é uma via a ser percorrida para promover a justiça
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social. Tanto a prática quanto o discurso de White e de muitos outros pioneiros do movimento
adventista demonstram isso.
O processo abolicionista, embora tenha marcado o fim formal da escravidão, não
resultou em uma verdadeira emancipação dos afrodescendentes, deixando-os à margem da
sociedade e privados de cidadania e oportunidades, justamente pela falta de acesso educacional
de qualidade. A realidade do Brasil contemporâneo reflete essa incompletude, evidenciada pela
necessidade de políticas afirmativas, como as cotas raciais, que tentam remediar essas
desigualdades. A atenção dada por Ellen G. White à questão racial e seu chamado à justiça
social ressoam profundamente nesse contexto. Suas palavras destacam a resistência contínua
contra a educação e a elevação social dos negros, uma barreira que as políticas atuais ainda
buscam superar.
Considerações finais
Como argumentamos no começo do presente trabalho, no Brasil, a implementação de
ações afirmativas é cercada de controvérsias, especialmente quando implicam critérios raciais.
Embora a argumentação aqui não encerre as polêmicas, e sem nos esquecer que vivemos em
um país laico, cremos que todos os agentes sociais precisam estar envolvidos na construção e
busca da educação que almejamos. E isso, com certeza, traz como importante o aspecto
religioso para o debate aqui analisado. Se ele não pode ser totalizante, ao risco de perdermos
nossa laicidade, ele também não pode ser ignorado perante a arena pública, sob o mesmo risco.
O presente trabalho investigou como os escritos de Ellen G. White sobre justiça social
e educação podem enriquecer e orientar a implementação de políticas de ação afirmativa no
Brasil contemporâneo, à luz dos debates atuais sobre o tema. A análise revelou que as
perspectivas de White não apenas estão alinhadas com as necessidades contemporâneas de
justiça social e igualdade educacional, mas também oferecem um sólido arcabouço ético e
moral para sustentar o apoio a medidas reparadoras em favor de comunidades historicamente
marginalizadas.
Ellen G. White defendeu veementemente a educação como um direito fundamental,
necessário para corrigir as injustiças do passado e promover uma sociedade mais justa e
igualitária. Suas ideias destacam a educação como um pilar crucial na luta contra o racismo
estrutural, proporcionando uma base sólida para a defesa das políticas de cotas raciais no Brasil.
A inclusão educacional, segundo White, não só equipa os indivíduos com habilidades
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necessárias para sua emancipação econômica e social, mas também atua como um catalisador
para a transformação social mais ampla, desafiando as estruturas de poder existentes e
promovendo a igualdade.
Além disso, os escritos de White destacam a importância da ação comunitária e
institucional na promoção da justiça social, uma perspectiva que pode inspirar igrejas e outras
organizações religiosas a se engajarem ativamente na implementação e apoio às políticas
afirmativas. Por meio de uma abordagem interdisciplinar que entrelaça teologia, educação e
direito, este estudo propõe que a incorporação dos princípios de White possa fortalecer os
fundamentos das ações afirmativas, garantindo que sejam percebidas não apenas como medidas
temporárias, mas como parte de um compromisso amplo e contínuo com a justiça reparadora.
Portanto, ao trazer os ensinamentos de Ellen G. White para o debate sobre ações
afirmativas no Brasil, comparando as de pensadores contemporâneos, destacamos a relevância
duradoura de suas ideias sobre justiça social e a educação. Este diálogo entre passado e presente
não ilumina as raízes históricas das desigualdades contemporâneas, mas também oferece
uma perspectiva esperançosa e pragmática para o futuro das políticas de inclusão racial no
Brasil e em outros locais do mundo.
No entanto, reconhece-se que este estudo enfrenta limitações que devem ser
consideradas. Primeiramente, a aplicação prática dos ensinamentos de Ellen G. White em um
contexto político e social contemporâneo pode suscitar questionamentos quanto à sua
pertinência e eficácia, dado que as condições sociais e culturais evoluíram desde o tempo de
White. Além disso, a análise focada em um único teórico pode não capturar a complexidade e
a diversidade de opiniões necessárias para um debate tão multifacetado como o das políticas de
ação afirmativa. Por último, é necessário ter cuidado para não simplificar ou generalizar as
contribuições de White de modo a aplicá-las indiscriminadamente a qualquer contexto, ou
problema social. Pesquisas futuras poderiam ampliar o escopo da discussão, integrando outras
vozes e perspectivas teológicas e religiosas, o que enriqueceria ainda mais o entendimento e a
implementação das ações afirmativas.
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WHITE, E. G. Testemunhos para a Igreja, v. 9. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,
2021.
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO e Fábio Augusto DARIUS
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10465 21
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Agradecemos ao Centro Universitário Adventista de São Paulo
(Unasp), via programa de Mestrado Profissional em Educação, pelo apoio na pesquisa.
Financiamento: Programa de financiamento para publicação do Mestrado Profissional em
Educação, ligado ao Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).
Conflitos de interesse: Não conflitos de interesse por parte de nenhum dos autores
envolvidos no estudo.
Aprovação ética: O trabalho respeita a ética em pesquisa e não precisou passar pelo comitê
de ética por se tratar de uma pesquisa de caráter documental.
Disponibilidade de dados e material: Os dados utilizados no trabalho estão disponíveis
para acesso a partir do site citado na metodologia e também está presente e público nas
referências bibliográficas.
Contribuições dos autores: Os autores escreveram juntos o artigo, tendo ampla discussão
ao longo do processo. A ideia original veio a partir de uma pesquisa iniciada
anteriormente pelo Davi Boechat, foi ele quem propôs juntarmos os estudos de todos para
produzir este novo trabalho original. Assim, todos os autores puderam escrever o artigo, o
revisar e o analisar a partir dos dados documentais que foram coletados previamente pelo
Davi Boechat.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10465 1
ELLEN G. WHITE AND AFFIRMATIVE ACTIONS AS REPAIR FOR SLAVERY:
BASIS FOR THINKING ABOUT QUOTAS AND THE CHALLENGES OF SOCIAL
JUSTICE IN EDUCATIONAL ENVIRONMENTS
ELLEN G. WHITE E AS AÇÕES AFIRMATIVAS COMO REPARAÇÃO À
ESCRAVIDÃO: BASES PARA SE PENSAR AS COTAS E OS DESAFIOS DA JUSTIÇA
SOCIAL EM AMBIENTES EDUCACIONAIS
ELENA G. WHITE Y LAS ACCIONES AFIRMATIVAS COMO REPARACIÓN DE LA
ESCLAVITUD: BASES PARA PENSAR EN LAS CUOTAS Y LOS DESAFÍOS DE LA
JUSTICIA SOCIAL EN LOS ENTORNOS EDUCATIVOS
Rodrigo FOLLIS1
e-mail: rodrigo@follis.com.br
Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO2
e-mail: davibpac@gmail.com
Fábio Augusto DARIUS3
e-mail: fabio.darius@acad.unasp.edu.br
How to reference this paper:
FOLLIS, R.; COUTINHO, D. B. P. de A.; DARIUS, F. A. Ellen G.
White and affirmative actions as repair for slavery: Basis for
thinking about quotas and the challenges of social justice in
educational environments. Nuances: Estudos sobre Educação,
Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-
0441. DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10465
| Submitted: 11/02/2024
| Revisions required: 20/03/2024
| Approved: 14/04/2024
| Published: 12/06/2024
Prof. Dr. Rosiane de Fátima Ponce
Prof. Dr. Paulo César de Almeida Raboni
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Adventist University Center of São Paulo (UNASP), Engenheiro Coelho - SP - Brazil. Professor at the Latin
American Adventist Theological Seminary and the Professional Master's Program in Education.
2
Adventist University Center of São Paulo (UNASP), Engenheiro Coelho - SP - Brazil. Editor at UNASPRESS.
3
Adventist University Center of São Paulo (UNASP), Engenheiro Coelho - SP - Brazil. Professor at the Latin
American Adventist Theological Seminary.
Ellen G. White and affirmative actions as repair for slavery: Basis for thinking about quotas and the challenges of social justice in
educational environments
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10465 2
ABSTRACT: This paper aims to be an interdisciplinary exercise in education, law, and
theology, using the affirmative measures in Brazil as a parameter for reflection based on the
writings of Ellen G. White. In her work, among other religious and social themes, access to
education is reported as an essential factor for rectifying injustices caused by slavery and still
suffered by descendants today. This documentary-type research will highlight similarities
between the concepts explored by White in her context and affirmative measures as understood
by parts of the current Brazilian academy, especially represented by the São Paulo School of
Racial Discussions. Ultimately, it results in an attempt to bring the discussion of social justice
into an environment that considers religion as part of its discursive and analytical foundations,
enabling the contemplation of educational quotas within such logic and intricacies.
KEYWORDS: Education. Seventh-day Adventist Church. Racism. Public Policies. Public
Theology. Slavery.
RESUMO: O presente trabalho se propõe a ser um exercício interdisciplinar entre Educação,
Direito e Teologia, usando como parâmetro para reflexão das medidas afirmativas no Brasil
os escritos da norte-americana Ellen G. White (1827-1915). Em sua obra, dentro outras tantas
temáticas religiosas e sociais, o acesso à educação é relatado como um fator de
desenvolvimento indispensável para corrigir injustiças provocadas pela escravização e ainda
hoje sofridas pelos descendentes. De natureza documental, a pesquisa identificará pontos de
similaridade entre os conceitos explorados por White em seu contexto e as medidas afirmativas
tal como são compreendidas atualmente por parte da academia brasileira, especialmente
representada pela Escola Paulista de discussões raciais. Obtém-se como resultado uma
tentativa de trazer a discussão sobre justiça social para um ambiente que considere a religião
como parte de suas bases discursivas e analíticas, possibilitando se pensar as cotas no contexto
educacionais.
PALAVRAS-CHAVE: Educação. Igreja Adventista do Sétimo Dia. Racismo. Teologia
Pública. Escravidão.
RESUMEN: Este trabajo pretende ser un ejercicio interdisciplinario entre Educación,
Derecho y Teología, utilizando los escritos de la norteamericana Elena G. de White (1827-
1915) como parámetro para la reflexión sobre las medidas afirmativas en Brasil. En su obra,
entre muchos otros temas religiosos y sociales, el acceso a la educación se presenta como un
factor de desarrollo indispensable para corregir las injusticias causadas por la esclavitud y
que aún hoy sufren sus descendientes. De carácter documental, la investigación señalará
puntos de similitud entre los conceptos explorados por White en su contexto y las medidas
afirmativas tal como las entiende la academia brasileña actual, especialmente representada
por la Escola Paulista de las discusiones raciales. El resultado es un intento de llevar la
discusión sobre justicia social a un entorno que considera la religión como parte de sus bases
discursivas y analíticas, posibilitando pensar las cuotas en el contexto educativo.
PALABRAS CLAVE: Educación. Racismo. Iglesia Adventista del Séptimo Día. Teología
pública. Esclavitud.
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO and Fábio Augusto DARIUS
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10465 3
Introduction
The implementation of affirmative action in Brazil is surrounded by controversies,
especially when they involve ethnic criteria. This is not a recent debate (Bell, 1992; Alexander,
2010; Du Bois, 1935). Discussions on the legitimacy of racial quotas aimed at the inclusion of
Afro-descendants in higher education and public service positions have intensified since the
first decade of the 2000s, eliciting various reactions.
Quotas can be defined as "public policies aimed at addressing social groups that are in
conditions of disadvantage or social vulnerability due to historical, cultural, and economic
factors" (Fonseca, 2009, p. 11, our translation). These measures are intended as historical
reparations for the wrongs perpetrated against Black people and Indigenous populations
through enslavement, exploitation, and the consequent condition of subordination.
Those who support affirmative measures serve to "correct structural inequalities by
means of measures aimed at promoting equal opportunities for members of vulnerable social
groups" (Vaz, 2022, p. 22, our translation). Their applicability to Black Brazilians is based on
the premise that, after abolition, the freed individuals were not assisted with their needs.
Freedom from enslavement did not bring with it integration into society and the market.
Opponents of quotas, however, argue that the complexity of ethnic-racial relations in Brazil
does not allow for a precise demarcation of who would be disadvantaged after more than a
century since abolition. Additionally, they believe that miscegenation has flattened the
landscape of poverty, making race an inadequate criterion to explain the lack of opportunities.
From this perspective, reserving spots would violate the principle of isonomy, which should
guide public actions (Magnoli, 2009; Rajagopalan, 2012).
The issue of Afro-Brazilians has been gaining increasing attention in academia. Within
the scope of education, ethnic issues have received more prominence with Law No. 11.645/08,
which mandates elementary and high schools to include Afro-Brazilian and Indigenous history
and culture in their curricula, expanding on Laws No. 9.394/96 and No. 10.639/03.
Additionally, the evaluation tool for higher education courses, implemented by MEC/INEP in
2017, requires higher education institutions (HEIs) to ensure these topics are taught at least in
an interdisciplinary or transdisciplinary manner.
In the educational and religious context, this relationship was also discussed by the
American Ellen G. White (1827-1915). A Christian writer and co-founder of the Seventh-day
Adventist Church (Knight, 2017; Darius, 2021; Fortin; Moon, 2018), she dedicated many pages
to racial discussions, as will be noted throughout this work. Her writings address access to
Ellen G. White and affirmative actions as repair for slavery: Basis for thinking about quotas and the challenges of social justice in
educational environments
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education as a necessary factor for rectifying the injustices suffered by the descendants of
enslaved people, the potential of education to promote social mobility, and various aspects
concerning the logic of education itself. Although she did not consider herself a teacher or
educator, the significance of her works, such as the book Education,” originally published in
1903, is evident from her influence on the development of the Adventist educational network,
which currently serves millions of students worldwide.
One of the reasons for discussing the fight against racism through religious writings lies
in the importance of religion in contemporary social life, as well as the significant impact that
theological conceptions have had on the creation, maintenance, and combat of racism, including
their influence on abolition. For example, Christians played a prominent role in fighting slavery
in England and the United States (Malheiros; Boechat, 2021, p. 69-91). Although abolition in
Brazil had a “strictly secular character” (Rocha, 2009, p. 73, our translation), members of the
Quaker and Methodist movements, who were leaders in combating racism in their home
countries, also inspired the Brazilian abolitionist movement.
If people of faith used religious values to work against slavery, it is expected that the
involvement of people of faith can still be helpful today in the implementation of policies aimed
at correcting the harms caused by past incarceration. Defending and formulating reparative
policies seems to be a contemporary consequence of these abolitionist movements led by
Protestant Christians in the past. As we will see throughout the research, there are significant
similarities between White's views and the current concept of affirmative action with a racial
focus. This suggests that theology can play an important role in raising awareness and
responding to racial issues in Brazil. The problem of the present study can be defined through
the following question to be addressed: how can Ellen G. White's writings on social justice and
education inform and influence the implementation of affirmative action policies in
contemporary Brazil?
Methodology
In developing this work, a methodology was adopted that connects the fields of
education, law, and theology/religion to examine affirmative measures in Brazil, using the
writings of Ellen G. White as a point of reflection. The research was conducted under a
comparative historical research approach and memory studies, as discussed by Jacques Le Goff
(1996).
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO and Fábio Augusto DARIUS
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Such studies played a crucial role in analyzing the narratives and historical
representations of race, education, and religion in White's writings. This methodological aspect
was essential to understanding how collective memory has influenced (and could still influence)
contemporary public policies and public perception of affirmative measures. Additionally, the
research incorporated an analysis of the theological implications in the debates on racism and
historical reparation. It examined how religious beliefs have shaped discussions on racial equity
and social inclusion, both in the past and present. By utilizing White's texts, the research
illustrated how religious conceptions can both support and challenge affirmative action policies.
Through this interdisciplinary approach, the study not only drew parallels between
White's ideas and modern affirmative action practices but also highlighted the interaction
between memory, history, and theology in the formulation of educational and racial inclusion
policies in Brazil. This comparative and integrated method provided a richer and more nuanced
understanding of the complex debates surrounding affirmative action as a means of redressing
the harms of slavery.
Thus, the text will unfold into a multifaceted analysis that interlinks Christianity and
racial relations in Brazil, starting from the divergences between the Bahian and Paulista schools,
to the contemporary implications of these theories on affirmative action policies and the social
interpretation of race. In doing so, we can explore the significant role of education as a tool for
social mobility, illustrated by historical and current initiatives within different Christian
currents, highlighting figures such as Arlindo Veiga dos Santos and the educational
contributions of the Adventists.
The discussion extends to examining theological responses to affirmative action
policies, contrasting progressive and conservative views. Furthermore, it addresses the legacy
of abolitionism, emphasizing Ellen G. White's perspective on reparations for slavery as a
Christian imperative. Finally, the study concludes with a reflection on the current engagement
of churches, especially the Seventh-day Adventist Church (SDA), in combating racism,
highlighting how it is possible to be agents of social change through education and the
promotion of racial justice.
To adequately detail the methodology employed in this study, it is important to clarify
the sequential process and techniques used in analyzing the writings of Ellen G. White and their
applicability to affirmative action policies in Brazil. Initially, an extensive literature review on
affirmative action and White's writings was conducted, focusing particularly on her
perspectives on social justice and education. This review included both primary sources,
Ellen G. White and affirmative actions as repair for slavery: Basis for thinking about quotas and the challenges of social justice in
educational environments
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White's original texts, observed and researched from the Ellen G. White Estate website
4
, and
secondary sources, encompassing contemporary analyses of her work and its theological and
educational implications.
Next, a comparative historical research approach was adopted to draw parallels between
White's ideas and contemporary affirmative action policies. This involved constructing an
analytical matrix that allowed for comparing the principles White advocated with current
legislation and practices in Brazil, examining the convergences and divergences. This matrix
was crucial in understanding how historical theological conceptions can influence modern
public policies. This interdisciplinary method provided a deep understanding of the dynamics
between historical memory, theology, and educational policies in the context of affirmative
action.
Christianity and the Interpretation of Racial Relations in Brazil
In this section, we will reflect on the thoughts and positions of the two main Brazilian
schools in the study of the racial situation in Brazil, the so-called Bahian and Paulista schools.
"While the former demonstrated the growing importance of racism in Brazil, the latter adhered
to the creed of Brazilian racial democracy" (Guimarães, 2009, p. 77, our translation). These
contrasting emphases result from profound "theoretical, methodological, and interpretative
divergences" (Guimarães, 2009, p. 77, our translation).
Having Gilberto Freyre as its major representative, the Bahian school understands that
Brazilian social relations were porous, allowing for the social ascension of blacks even amidst
slavery. The histories of prominent Afro-Brazilian figures and the mestizaje of the population,
resulting from interracial relationships that occurred long before abolition, are cited as evidence
of this more flexible character of racial relations in Brazil, which would not necessarily relegate
blacks to a condition of subalternity inherent to their race. Enthusiasts of this idea argue that
inequality is a matter of class, not race (Guimarães, p. 88-89). One of the critics of affirmative
measures in Brazil, the jurist Ibsen Noronha, adheres to this perspective. Active in combating
quotas, he defends the view that racial harmony can be seen in the country even through the
slave legislation of the Empire (Gomes, 2023). Given this context, the rise of ideas opposing
the presence of blacks in Brazilian society post-abolition is practically ignored by these
interpreters.
4
Available at: https://egwwritings.org.
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO and Fábio Augusto DARIUS
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
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On the other hand, the Paulista school, represented by the thoughts of the patron of
Brazilian sociology, Florestan Fernandes, draws attention to social inequality in the country as
an inseparable phenomenon from ethnic relations. In addition to dealing with the consequences
of captivity that lasted for over three centuries, the lack of a project for inclusion in society after
abolition deprived blacks of the technical and social skills necessary to become competitive in
free labor (Fernandes, 2007, p. 108). According to Fernandes (2007), the exclusion of blacks in
Brazil demands "a national program aimed at the social dilemma of minorities who do not have
the autonomous conditions to quickly solve the problems of their integration into the economic,
social, and political order inherent to national society" (Fernandes, 2007, p. 52, our translation).
Proponents of affirmative action follow this perspective (Guimarães, 2009, p. 100).
From the perspective of religion, this issue has been interpreted by Brazilian Christians,
both Protestant and Catholic, through two main lenses. The position of Noronha, a conservative
Catholic, represents the prevailing discourse among right-wing Christians. Resistant to
progressivism, they have at least two reasons that help them resist the agendas proposed by this
political spectrum: the flexibility of traditional moral values and the expectation of enrichment,
which diminishes their interest in programs emphasizing income distribution or increased
opportunities (Araújo, 2022, p. 92).
Curiously, however, another Catholic, also aligned with conservative currents in Brazil,
was highly sensitive to the problems faced by blacks in Brazil. Arlindo Veiga dos Santos (1902-
1978) was a Paulista intellectual with significant contributions to the black movement in the
1930s. Despite being traditionalist to the point of advocating for the return of the monarchical
regime in Brazil, he understood the necessity of combating the racism that relegated the Afro-
Brazilian population to conditions of penury. Access to education was fundamental in this
process: "It is undeniable the importance that Arlindo Veiga dos Santos attributed to school
education, as it constituted his passport out of the world of domestic or manual labor, allowing
him to become a teacher throughout his life and to gain recognition for his intellectual work"
(Malatian, 2015, p. 187, our translation).
As president of the Brazilian Black Front (FNB), Veiga dos Santos advocated for actions
aimed at improving the living conditions of black people in São Paulo. Through the
organization, it was "expected to prepare black individuals to face the injustices of the labor
market" (Malatian, 2015, p. 191, our translation). This example reveals that the interpretation
of the black issue in Brazil was not always synonymous with a progressive reading. Indeed,
within the FNB, "Catholicism had an undeniable influence on the activities developed"
Ellen G. White and affirmative actions as repair for slavery: Basis for thinking about quotas and the challenges of social justice in
educational environments
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(Malatian, 2015, p. 147, our translation), highlighting the role of religion in formulating
activities to combat racism in Brazil.
Veiga dos Santos's discourse and the work of the FNB were similar to that of black
Catholic brotherhoods, which, even during the slave regime, played "a prominent role in
enabling a social and political life for black people amidst the slave order, with education being
a significant factor in these associative arrangements" (Vaz, 2022, p. 57, our translation). The
emergence of these entities dates back to the 17th century. Participants "received not only
spiritual but also material assistance" (Priore, 2021, p. 74-75, our translation). In Rio de Janeiro,
Bahia, and São Paulo, they were a form of organized black resistance that flourished within the
church environment, which supported slavery, showing the ambivalent role of Christianity in
Brazilian slavery (Jesus, 2022, p. 229-232). They functioned "as mutual aid organizations, very
active in raising money for manumissions and in providing care during sickness and death of
the members" (Priore, 2021, p. 74-75, our translation).
In Protestantism, a similar example is found in Pastor Agostinho José Pereira. Historical
sources referring to him are economical in details, but it is known that he was a former enslaved
person who, upon gaining freedom in 1846, devoted himself to preaching on the streets of
Recife. His followers were black, numbering up to 300, and were literate. Education also seems
to have been an essential part of his ministry, alongside the fight against slavery, the defense of
the supremacy of Scripture in theological formation, and the denunciation of Catholicism as a
false religion (Martins, 2021, p. 54-55).
Another author who moves in the same direction is the Presbyterian minister, Wadislau
Martins Gomes. Although, like Veiga dos Santos, he is not necessarily supportive of race-based
affirmative measures, Gomes aligns with the perspective that the need for reparations for the
evils of slavery has not been sufficiently addressed.
The abolition of slavery in Brazil left to chance all those who produced the
success of their masters. They were not asked for forgiveness for the crime of
man's domination over man and the resulting miseries. Nor was compensation
produced. [...] The ideal of the abolition of slavery, like all sinful oppression
and prejudice, is ineffective because it is not done correctly. Liberation is
fundamental. Its application, however, is ineffective because it is not truly free
when it does not redeem the master from the shackles of the craving for power
or redeem the slave from the suffered wrath and bitterness of miseries (Gomes,
2007, p. 220, our translation).
Baptist pastor Marco Davi de Oliveira not only believes that race-based affirmative
measures are a way to redress these damages, but also calls for the engagement of the church
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO and Fábio Augusto DARIUS
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in the defense and promotion of these public policies. "Defending affirmative policies for blacks
is to recognize the great racial differences existing in the country and to position oneself in
favor of a future in which equality will effectively be real in Brazil" (Oliveira, 2015, p. 109, our
translation). Three practical actions are suggested: (1) raising awareness about the condition of
blacks in Brazil (Oliveira, 2015, p. 109), (2) urging Christian entrepreneurs to implement
affirmative policies as a way to contribute "to dismantling a history of oppression and sin"
(Oliveira, 2015, p. 112, our translation), and (3) promoting racial diversity in theological
training institutions, providing space not only for black students, but also for black professors.
This engagement against racial issues in Brazil requires churches to overcome the
"limits of a theoretical-practical action that is narcissistic in nature, escaping from reality [...]
to make an insertion into the established social body" (Martins, 2021, p. 57-58, our translation).
Combating racism in Brazil must involve the participation of all Christians outraged by the
denigration of the image of God through the suffering of others, in this case, blacks. The
promotion of affirmative measures, whether in the public or private sphere, is part of this action.
The engagement of Adventism in this agenda is a rescue of exemplary actions from its history,
as we will see next.
Who was Ellen White, and what was her importance to the discussion?
In the preface of his doctoral thesis, subsequently published as a book, Fábio Augusto
Darius (2021, p. 12-13, our translation) wrote about Ellen G. White with the following words:
Ellen Gould Harmon White, born in 1827 in the American state of Maine, in
the New England region of the United States of America, witnessed what is
called the "century of History," the "long 19th century." White lived until
precisely 1915, a year that saw the collapse of European developmental
optimism ending the belle époque as it dragged its countries into the first
modern world-spanning war. For the English historian Eric Hobsbawm, it was
precisely this conflict that ended an era, sadly inaugurating the 20th century.
This temporal framework, which constituted the existence of Ellen G. White
the nearly ninety years lived between 1827 and 1915 was supremely
important for the development of the United States, which experienced the
first generation after the effective independence the new struggle for
independence provided by the reaffirmation of victory over the English in
1776, in the War of 1812. Victorian, though not in theology, the author
witnessed the zenith of that era in the United States, from the birth of the
Monroe Doctrine and the first American attempts at hegemony over the
American continent to their overseas commercial ventures; from the Civil War
to the submission of the South to the North, with the victory of modern
capitalism over colonial conservatism to the establishment of the first socialist
group in that country in 1874; from the invention and popularization of the
Ellen G. White and affirmative actions as repair for slavery: Basis for thinking about quotas and the challenges of social justice in
educational environments
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telegraph in 1844 and the typewriter to the popularization of electric light, in
old age. However, it was in the fertile religious field of that country, the
triumphant history of Protestant progress diverse in many ways from
European religiosity and erected under a Puritan ideal of work and austerity
that she visualized the great transformations that would mark her life, attested
by her prolific pen that, over more than 60 years of work, wrote and published
quantitatively more than Calvin or Luther.
Ellen G. White, therefore, not only witnessed but also decisively intervened in the social
transformations of her time, especially in the field of denominational education. As a co-
founder of the Seventh-day Adventist Church (SDA), White stood out for her fervent advocacy
of the role of education in social reform. Her vision of the importance of education was reflected
in her works and teachings, where she often linked the care and education of the underprivileged
to the moral and spiritual responsibility of religious institutions and the State. In White’s words
(2021, p. 160, our translation), “money should have been freely used in behalf of the care and
education of them, at a time when their need was very great. But the government, after slight
effort, left the colored people to struggle without help in their tremendous difficulties.” This
call to action highlights her criticism of governmental negligence and social indifference,
reinforcing the need for active engagement from the private sector and religious institutions.
White accused the United States of allowing injustices to persist and of not doing enough
for the reparations owed to enslaved people, a position she articulated vehemently, as
emphasized by O’Reggio (2018, p. 874, our translation): “The author accused the country of
allowing the existence of this terrible evil and holds it responsible for reparations to the slaves.
She decisively rejected the prevailing theories on ethnic differences and affirmed the common
humanity of all people.Through her speech and writing, Ellen G. White not only shaped
Adventist educational practice but also made a significant contribution to the broader dialogue
on social justice and inclusive education. And it is on this that we will focus next.
Adventist Abolitionism and Reparations for Slavery
The first mention by White of the role of education as a form of reparation dates back
to 1896. At that time, abolition in the United States of America had already passed three
decades. In the Review and Herald, the main denomination's magazine at the time, she wrote
about the scars of slavery and the need to extend opportunities to those suffering the
consequences.
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO and Fábio Augusto DARIUS
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024004, 2024. e-ISSN: 2236-0441
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Colored people are suffering the results of the slavery in which they have been
held. When they were slaves, they were taught to do the will of those who held
them as their property. They were kept in ignorance, and today, there are
thousands among them who cannot read. [...] Every system of slavery originated
with Satan, who delights in tyranny over human beings. Though he has
succeeded in debasing and corrupting the black race, many are possessed of
decided capabilities and, if blessed with opportunities, will show more
intelligence than many of their more favored white brethren. Thousands may
now be educated and become agents to help others of their race. There are many
who feel the need for instruction (White, 1896, our translation).
White saw the role of state actions and the church in promoting social mobility for these
excluded individuals, which involves both government involvement and private engagement
(White, 2021, p. 160, our translation). One of her most forceful statements was the speech "Our
Duty to the Colored People," delivered on March 21, 1891, during the annual session of the
General Conference of Seventh-day Adventists. In it, White drew attention to the need for
Christian engagement against the evils caused by slavery and perpetuated by racism.
Analyzing the appeal, Ramona Hyman (2017, p. 62, our translation) remarks that "White
did not suggest that the church should help African Americans; she stated that the church had
a duty, that is, an obligation to people of color." Her strong rhetoric was not the only
contribution. Her activism involved financial support, which ranged from aiding poorly paid
black ministers to the establishment of institutions, serving as "proof of her commitment to the
oppressed" (Burton, 2017, p. 75-76, our translation).
Some of these contents are compiled in the work The Southern Work (1890), the first
work that shaped her concerns previously expressed through periodicals. Later, the church's
responsibility towards African Americans would also find space in Testimonies for the Church,
through volumes 7 and 9, published in 1902 and 1909, respectively. In these contents,
affirmative actions are seen as a way to correct the inequalities caused by slavery.
Much more might have been accomplished in behalf of the colored people of
America if suitable efforts had been put forth by the government and by
Christian churches, immediately after the emancipation. Money should have
been freely used on their behalf in caring for and educating them at a time
when their necessity was very great. However, the government, after a slight
effort, left the colored people to struggle unaided with their tremendous
difficulties. Some of the strong Christian churches began a good work, but,
alas! Failed, accomplishing but comparatively little. The Seventh-day
Adventist Church also failed in its portion. Some persevering efforts have
been made by individuals and societies to lift the colored people, and this has
been a noble work. How few, though, have taken part in it, a work which
should have enlisted the sympathy and help of all! Noble efforts have been
put forth by some Seventh-day Adventists in doing what should be done for
the colored people (White, 2021, p. 160, our translation).
Ellen G. White and affirmative actions as repair for slavery: Basis for thinking about quotas and the challenges of social justice in
educational environments
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Ellen G. White's discourse reflected the anti-racist practice of Adventists, which was
already in place decades before the denomination's organization in 1863. The members of the
Millerite movement, who would become pioneering Adventists, understood that slave practices
were incompatible with the Christian faith. Through the main Adventist periodical of the time,
John Andrews (1851), one of the greatest missionaries in the denomination's history, questioned
the legitimacy of the United States Declaration of Independence (1776): "If 'all men are created
equal,' then why do we hold three million slaves in bondage? Why is the black race reduced to
the category of personal property, and bought and sold like brute beasts?"
John N. Loughborough, another pioneering Adventist and contemporary of Ellen G.
White, drew attention to the inherent equality among all human beings: "Slaves, what are they?
Men like ourselves, except perhaps in their appearance. The Declaration of Independence
should have had a clause added, and it should have been: All men are created free and equal,
except three and a half million" (Loughborough, 1854, our translation). The defense of slavery
was considered a symbol of declining Christianity or, in more precise theological terms,
evidence of apostasy. This perspective is exemplified in the statement of Uriah Smith, another
important pioneer and close friend of Ellen G. White:
Millions who groan under the rod of oppression, beneath the chains forged by
the sin of slavery, robbed of their rights, degraded to brutes, and soul and body
bound to another's will, let their united cries, and tears, and groans, that daily
ascend, call aloud upon heaven for vengeance (Smith, 1853, our translation).
Trafficking, commercialization, possession, or any form of support for the slave system
prevented membership. The abolitionist stance was an inherent characteristic of several early
Adventist leaders, so they were opposed by pro-slavery forces in the South on some occasions
during the 1840s (Knight, 2015, p. 124-125, 132). Missionaries often suffered assaults (Knight,
2015, p. 107-108). Hostility persisted in the following decades and delayed the Adventist
presence in the region until 1870 when Adventists, already organized as a denomination and
concerned with working in the South, sent teachers to the South to open schools for the
freedmen (Schwarz; Greenleaf, 2022, p. 282).
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Educational Initiatives for African Americans
White's appeals had an impact. The first of these was the construction of the Morning
Star, a multi-purpose vessel for evangelistic activities, initiated by her son James White in
conjunction with William O. Palmer. One of the main activities carried out on board was the
education of African Americans in the South, a region where the consequences of slavery were
even more noticeable (Baker, 2018, p. 1098). The project was considered extravagant due to its
dimensions and was funded by the General Conference of Seventh-day Adventists, which at
the time had modest funds.
Work began in 1985 after two years of construction. Docked in Vicksburg, Mississippi,
volunteers "began making visits, evangelistic meetings, and teaching classes at a night school.
The children of former slaves and some of their parents and grandparents learned to read, write,
and sing lively Christian hymns" (Baker, 2018, p. 1098, our translation). The vessel also served
as the headquarters of the Southern Missionary Society and housed the printing press of the
Gospel Herald magazine, aimed at African Americans.
On board the Morning Star, the book The Southern Work (1890) was also printed, a
compilation of texts about the evangelization of African Americans. The profits from the
publication were entirely devoted to evangelistic work with this audience. The activities
continued for ten years, during which Adventism became established among African
Americans.
Oakwood University, founded in 1896, emerged within this context. Directed towards
the education of African Americans, it was based on educational projects already implemented
by other denominations, which had invested in similar educational institutions (Warren, 2018,
p. 868). The school's main objective, as with other institutions aimed at serving African
Americans, was the preparation of black leadership and received strong public support from
Ellen G. White.
According to Delbert Baker, the Harlem Institute (1920), Riverside Hospital (1927),
Message Magazine (1934), Pine Forge Institute (1946), and the Breath of Life television
program confirm that the "influence of Ellen White in favor of Adventist work among African
Americans" made significant contributions "long after her death, reaching the present" (Baker,
2018, p. 642, our translation). As a result, between 1890 and 1910, the denomination grew from
50 African American members to 3,500 (Baker, 2018, p. 642). The growth in financial revenue
in this segment resulted in the establishment of churches and schools, as well as the hiring of
employees and ministers.
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Affirmative action and education: Ellen G. White's vision in contemporary times
Affirmative action has been depicted as a new abolition. This is a reasonable way to
perceive it. If the first broke the chains but failed to integrate the freed into society, the second
can reconfigure social relations in the country by offering opportunities for education and
employment. Measures that include Blacks in spaces still underrepresented by them promote a
fairer and more effectively democratic country. This is a way to reshape the destinies of
descendants of former slaves who, after gaining freedom, were deprived of proper integration
into society. Considering this issue, one might ponder the role of religion in this process?
In England and the USA, Christians led the defense of abolitionism. As Joaquim Nabuco
noted, in these countries, "the propaganda of emancipation was a religious movement, preached
from the pulpit, fervently supported by different churches and religious communities" (Nabuco,
2019, p. 43, our translation). In Brazil, however, although these movements influenced Nabuco
himself, "the abolitionist movement owes nothing, unfortunately, to the State Church; on the
contrary, the possession of men and women by convents and by the entire secular clergy entirely
demoralized the religious feelings of masters and slaves" (Nabuco, 2019, p. 43, our translation).
The same accusation was made by the Bahian physician Luis Anselmo da Fonseca who,
at the twilight of the slave system in Brazil, published the work A escravidão, o clero e o
abolicionismo
5
, where he lamented the church's support for slavery in Brazil: "Nothing is more
contrary to biblical traditions than indifference to the public good" (Fonseca, 1887, p. 40, our
translation). For him, religion could not be limited to forms, liturgies, and cults but should
influence the entire society.
In Brazil, as explained by Hélio Santos, racism is systematic, as it "permeates the entire
society and institutions," and inertial, as it occurs recurrently and unchecked (Santos, 2022, p.
415, our translation). Thus, White's considerations of affirmative action are absolutely
applicable to the contemporary Brazilian context. Just as slavery ended, its consequences also
need to stop.
In an editorial on social inequality in Brazil published in 1988 in the Decision magazine,
a magazine produced by the Brazilian Publishing House (CPB), the official publisher of the
Seventh-day Adventist Church in Brazil, Pastor Márcio Dias Guarda emphasized the impact of
slavery: "there is no racial inferiority; what exists are different social and economic
opportunities that [...] influence intelligence, lifespan, and other parameters used to label races"
5
"Slavery, the Clergy, and Abolitionism".
Rodrigo FOLLIS; Davi Boechat Paiva de Azeredo COUTINHO and Fábio Augusto DARIUS
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(Guarda, 1988, p. 2, our translation). For him, the centenary of abolition should be seen as "a
cue for a broader discussion of racism, [...] which did not die with abolition, nor with a century
of experience with the so-called racial democracy" (Guarda, 1988, p. 2, our translation).
If African Americans faced the consequences of an incomplete abolitionist process
decades after abolition, including deprivation of citizenship and opportunities, the same
scenario can be observed in the contemporary reality of Brazil, where Adventism stands out as
one of the largest organized religious denominations. White's call for social justice for blacks
should inspire and motivate. And this undoubtedly involves the role we give to education.
Resistance to actions that improve the living conditions of blacks may be one of the most serious
manifestations of racism in its implications. As she mentioned in a letter: "As soon as an effort
is made to educate and uplift this people, who have been kept in ignorance and slavery for so
long, the envy of whites is aroused" (White, 1899, our translation). A few years later, she noted
that the problem persisted: "As soon as people begin to make any movement to educate the
blacks, there are some who are determined that it shall not be done" (White, 1907, our
translation).
White's statements on the subject are pertinent for reflection on a public theology that
leads the church back to the abolitionist and anti-racist principles followed by Adventist
pioneers and other Protestant groups throughout history. They are also relevant for highlighting
that education is a pathway to promote social justice. White's practice and discourse, along with
many other pioneers of the Adventist movement, demonstrate this.
The abolitionist process, although marking the formal end of slavery, did not result in
true emancipation for Afro-descendants, leaving them on the sidelines of society and deprived
of citizenship and opportunities, precisely due to the lack of access to quality education. The
reality of contemporary Brazil reflects this incompleteness, evidenced by the need for
affirmative policies, such as racial quotas, which attempt to remedy these inequalities. Ellen G.
White's attention to racial issues and her call for social justice resonate deeply in this context.
Her words highlight the ongoing resistance against the education and social upliftment of
blacks, a barrier that current policies still seek to overcome.
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Final considerations
As we have argued at the beginning of this work, the implementation of affirmative
action in Brazil is surrounded by controversies, especially when they involve racial criteria.
Although the argumentation here does not end the controversies, and without forgetting that we
live in a secular country, we believe that all social agents need to be involved in the construction
and pursuit of the education we aspire to. And this certainly brings the religious aspect to the
debate analyzed here as necessary. While it cannot be all-encompassing, risking the loss of our
secularity, it also cannot be ignored in the public arena, under the same risk.
The present work has investigated how the writings of Ellen G. White on social justice
and education can enrich and guide the implementation of affirmative action policies in
contemporary Brazil, in light of current debates on the subject. The analysis has revealed that
White's perspectives not only align with the contemporary needs of social justice and
educational equality but also offer a solid ethical and moral framework to support reparative
measures in favor of historically marginalized communities.
Ellen G. White vehemently advocated for education as a fundamental right, necessary
to correct past injustices and promote a more just and egalitarian society. Her ideas highlight
education as a crucial pillar in the fight against structural racism, providing a solid foundation
for advocating racial quota policies in Brazil. Educational inclusion, according to White, not
only equips individuals with the necessary skills for their economic and social emancipation
but also acts as a catalyst for broader social transformation, challenging existing power
structures and promoting equality.
Furthermore, White's writings underscore the importance of community and
institutional action in promoting social justice, a perspective that can inspire churches and other
religious organizations to actively engage in the implementation and support of affirmative
policies. Through an interdisciplinary approach that intertwines theology, education, and law,
this study proposes that the incorporation of White's principles can strengthen the foundations
of affirmative actions, ensuring that they are perceived not only as temporary measures but as
part of a broad and continuous commitment to restorative justice.
Therefore, by bringing the teachings of Ellen G. White into the debate on affirmative
action in Brazil, alongside those of contemporary thinkers, we highlight the enduring relevance
of her ideas on social justice and education. This dialogue between past and present not only
illuminates the historical roots of contemporary inequalities but also offers a hopeful and
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pragmatic perspective for the future of racial inclusion policies in Brazil and elsewhere in the
world.
However, it is acknowledged that this study faces limitations that must be considered.
Firstly, the practical application of Ellen G. White's teachings in a contemporary political and
social context may raise questions about their relevance and effectiveness, given that social and
cultural conditions have evolved since White's time. Additionally, an analysis focused on a
single theorist may not capture the complexity and diversity of opinions necessary for such a
multifaceted debate as that of affirmative action policies. Lastly, care must be taken not to
oversimplify or generalize White's contributions in a way that applies them indiscriminately to
any context or social problem. Future research could broaden the scope of the discussion by
integrating other voices and theological and religious perspectives, further enriching the
understanding and implementation of affirmative action.
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: We would like to thank the Centro Universitário Adventista de São
Paulo (Unasp), through the Professional Master's Program in Education, for their support
in the research.
Funding: Funding for the publication of this work was provided by the Professional
Master's Program in Education, affiliated with the Centro Universitário Adventista de São
Paulo (Unasp).
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest on the part of any of the authors
involved in the study.
Ethical approval: This work adheres to research ethics and does not require approval from
an ethics committee as it is a documentary research study.
Data and material availability: The data used in this work are available for access from
the website cited in the methodology and are also listed and publicly available in the
bibliographic references.
Author’s contributions: The authors jointly wrote the article, engaging in extensive
discussion throughout the process. The original idea stemmed from research initiated by
Davi Boechat, who proposed combining the studies of all authors to produce this new work.
Thus, all authors were able to write, review, and analyze the article based on the
documentary data collected previously by Davi Boechat.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.