Estudar para quê? A necessária superação do paradigma de uma educação sem sentido
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024014, 2024. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10722 10
recebimento do benefício. O Auxílio Brasil, lançado em 2021, manteve essa exigência, e o
Bolsa Família foi reformulado em 2023.
Para a educação superior, o Programa Universidade para Todos (ProUni), criado em
2004, visou a ampliar o acesso ao ensino superior por meio de bolsas para estudantes de baixa
renda. Em 2010, o Sistema de Seleção Unificada (SISU) foi estabelecido, facilitando o ingresso
em universidades públicas com base nas notas do Enem. No âmbito do ensino técnico, o
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) foi criado para
expandir o acesso à formação profissional, oferecendo cursos gratuitos em parceria com
instituições públicas e privadas, visando a qualificar jovens e trabalhadores.
Dados sobre a escolarização no Brasil oferecem um panorama atualizado da situação
educacional. Segundo a PNAD Contínua de 2022, a taxa de escolarização bruta da população
entre 6 e 14 anos permaneceu alta, atingindo 99,4%. No entanto, a taxa de frequência escolar
líquida, que considera a adequação entre a série e a idade, apresentou uma queda significativa,
passando de 97,1% em 2019 para 95,2% em 2022, o menor nível desde 2016. Em contrapartida,
a taxa de escolarização bruta dos jovens entre 15 e 17 anos subiu de 89% em 2019 para 92,2%
em 2022. Além disso, houve um aumento na proporção daqueles que estavam na etapa
adequada do ensino médio, ou já o haviam concluído, passando de 71,3% em 2019 para 75,2%
em 2022 (Ferreira; Gomes, 2023).
A taxa de escolarização bruta é um indicador que relaciona o total de matrículas em
uma etapa de ensino com a população da faixa etária correspondente, sem considerar se os
alunos estão na idade adequada. Por exemplo, o ensino médio, em linhas gerais, compreende
alunos de 15 a 17 anos, incluindo aqueles fora da faixa etária por repetência ou antecipação, e
podendo, assim, ultrapassar 100%. Em contraste, a taxa de escolarização líquida é mais precisa,
considerando apenas os alunos na faixa etária esperada. Para o ensino médio, ela é calculada
pela razão entre o número de alunos de 15 a 17 anos matriculados e a população total dessa
faixa etária. Assim, a taxa líquida é sempre menor que 100%, refletindo quantos jovens estão
estudando, efetivamente, na etapa de ensino apropriada para sua idade.
Nesse sentido, levantamentos atualizados dos indicadores de escolarização líquida,
que levam em consideração o fator da idade e série adequados, tanto para o Ensino Fundamental
quanto para o Ensino Médio, indicam uma queda, sentida a partir da pandemia da COVID-19.
Para os matriculados na etapa do Ensino Fundamental, a taxa de escolarização líquida caiu de
95,2% em 2022 para 94,6% em 2023. Esse movimento de recuo também foi observado, ainda
que de maneira mais discreta, na etapa escolar do Ensino Médio, cuja taxa de escolarização