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Nuances Est. Sobre Educ.
, Presidente Prudente, v. 33, e022018, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v33i00.9496
1
OS REGISTROS ESCRITOS INFANTIS E ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: EM
FOCO, O ENSINO DE CIÊNCIAS POR INVESTIGAÇÃO
REGISTROS ESCRITOS INFANTILES Y ALFABETIZACIÓN CIENTÍFICA:
ENFOQUE EN LA ENSEÑANZA DE LA INVESTIGACIÓN EN CIENCIAS
CHILD WRITTEN RECORDS AND SCIENTIFIC LITERACY: FOCUS ON INQUIRY
BASED SCIENCE TEACHING
Tatiana Schneider Vieira de MORAES
1
Cyntia Graziella Guizelim Simões GIROTTO
2
Bárbara Cortella Pereira de OLIVEIRA
3
RESUMO
: O Ensino de Ciências por Investigação nos anos iniciais da escolarização
contribui para o desenvolvimento do processo de Alfabetização Científica. Na exposição de
parte dos resultados de pesquisa, crianças e professoras colaboradoras em cena, se situam em
uma escola da rede pública de um município de médio porte, no oeste paulista. Trata-se de
uma turma de terceiro ano do Ensino Fundamental que, em ação cooperativa, participou de
atividades decorrentes da organização de uma Sequência de Ensino Investigativa, intitulada
“Fotossíntese e cadeia alimentar”. N
a imersão da cultura produzida pela humanidade,
atividades de linguagens escrita e científica se entrelaçam e contribuem para a formação da
inteligência e personalidade infantis, evidenciando o quanto essa prática de ensino
–
envolvendo resolução de problemas, levantamento de hipóteses e discussões
–
traz impactos
positivos na produção de textos autorais, nos quais a criança, ao registrar o que pensa e
aprendeu em aula, amplia o desejo de se expressar em seu projeto de dizer e se apropria de
capacidades especificamente humanas, relativas à escrita e à ciência. Sendo assim, as
atividades investigativas podem ser um caminho possível para potencializar o processo de
alfabetização, bem como o envolvimento do aluno com a cultura científica.
PALAVRAS-CHAVE
: Ensino Fundamental I. Alfabetização científica. Ensino de ciências
baseado em pesquisas. Cultura de escrita.
RESUMEN
: La Enseñanza de la Investigación en Ciencias en los primeros años de
escolaridad contribuye al desarrollo del proceso de Alfabetización Científica. En la
exhibición de parte de los resultados de la investigación, los niños y maestros colaboradores
en el escenario se encuentran en una escuela pública en un municipio de tamaño mediano, en
el oeste de São Paulo. Este es un grupo de tercer año de escuela primaria que, en acción
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Marília
–
SP
–
Brasil. Professora Assistente. Departamento de
Didática. Doutorado em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6255-5843. E-mail:
tatiana.moraes@unesp.br
2
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Marília
–
SP
–
Brasil. Professora Livre Docente. Departamento de
Didática. Livre-docente em Leitura e Escrita (UNESP). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0620-4613. E-mail:
cyntia.girotto@unesp.br
3
Universidade Federal do Mato Grosso (UFTM), Cuiabá
–
MT
–
Brasil. Professora Adjunta. Departamento de
Ensino e Organização Escolar do Instituto de Educação. Doutorado em Educação. ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-4068-6417. E-mail: barbaracortella@gmail.com
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cooperativa, participó en actividades resultantes de la organización de una secuencia de
enseñanza investigativa titulada "Fotosíntesis y cadena alimentaria". En él, en la inmersión
de la cultura producida por la humanidad, las actividades lingüísticas escritas y científicas se
entrelazan y contribuyen a la formación de la inteligencia y la personalidad de los niños,
destacando cómo esta práctica de enseñanza que involucra la resolución de problemas, la
formulación de hipótesis y las discusiones trae impactos positivos en la producción de textos
de autor, en los que el niño, al registrar lo que piensa y aprende en clase, expande su deseo
de expresarse en su proyecto de decir y se apropia específicamente de las habilidades
humanas relacionadas con la escritura y la ciencia. Por lo tanto, las actividades de
investigación pueden ser una posible forma de mejorar el proceso de alfabetización, así como
la participación del estudiante en la cultura científica.
PALABRAS CLAVE
: Escuela Primaria Ciclo I. Alfabetización científica. Enseñanza de las
ciencias por investigación. Cultura escrita.
ABSTRACT
: Inquiry Based Science Teaching in the early years of schooling contributes to
the development of the Scientific Literacy process. In the exhibition of part of research
results, the collaborating children and teachers on stage are located in a public school of
medium-sized city, in the West region of São Paulo. This is a third year Elementary School
group that, in cooperative action, participated in activities resulting from the organization of
an Investigative Teaching Sequence entitled “Photosynthesis and Food Chain”. In it, in the
immersion of the culture produced by humanity, written and scientific language activities
intertwine and contribute to the formation of children's intelligence and personality,
highlighting how this teaching practice involving problem solving, hypothesis raising and
discussions brings positive impacts to the production of authorial texts, in which the child,
when recording what he thinks and learned in class, expands his desire to express himself in
his project of saying, and appropriates specifically human abilities related to writing and
science. Thus, investigative activities may be a possible way to enhance the literacy process,
as well as the student's involvement with the scientific culture.
KEYWORDS
: Elementary School Cycle I. Scientific literacy. Inquiry based Science teaching.
Written culture.
Palavras iniciais e ancoragem teórica
O texto em tela tematiza parte das ações desenvolvidas no âmbito de um projeto de
pesquisa, cujo referencial adotado tem inserção no campo da formação de professores de
Ciências, bem como discute uma relação direta com a promoção da Alfabetização Científica
(AC), a partir da abordagem metodológica de Ensino de Ciências por Investigação (ENCI) e a
contribuição à produção de textos autorais de crianças de um terceiro ano do Ensino
Fundamental (EF) de uma escola da rede pública municipal.
Pesquisadores nacionais e internacionais têm se dedicado à investigação do termo
Alfabetização Científica, correlato a outras denominações como
alfabetización científica,
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scientific literacy, alphabétisation scientifique,
letramento científico e enculturação científica.
Em todas essas variações, o uso possui relação direta com o ensino dirigido à aprendizagem e
desenvolvimento de capacidades humanas que possibilitem a participação dos aprendizes nos
processos decisórios do cotidiano, trazendo implicações para a sua formação cidadã
(SASSERON; CARVALHO, 2011).
A literatura especializada aponta o Ensino de Ciências (EC) como uma possibilidade
de ferramenta para a inserção e promoção da AC já nos anos iniciais da escolarização, de
modo que a criança possa refletir, ao mesmo tempo, sobre o conhecimento científico e a
realidade social, bem como sofisticar suas atitudes e capacidades especificamente humanas.
Para tanto, existe um amplo consenso da necessidade de uma AC promotora da preparação e
do envolvimento dos cidadãos com a cultura científica.
Com essa perspectiva, as ações didático-pedagógicas endereçadas à realização de
atividades problematizadoras, cuja dinâmica entre os conteúdos das Ciências e as situações
significativas vividas pelas crianças em seu cotidiano precisam estar em foco. Compreender o
mundo por meio das relações entre o conhecimento dos fenômenos científicos e tecnológicos
presentes em seu entorno passa a ser meta prioritária (CACHAPUZ
et al
., 2005; GIL;
VILCHES, 2001).
Compreendemos que a inserção da criança no mundo da cultura escrita e científica
pode ser realizada já desde a primeira infância. No entanto, nos anos iniciais do EF, a
alfabetização possui lugar de destaque e está direcionada à apropriação da linguagem escrita e
não meramente do código escrito, como muitas práticas pedagógicas o fazem, sem que de
modo efetivo contribua para a conquista da capacidade e atitude de ler e escrever com
autonomia. Esse conceito de alfabetização, quando relacionado ao EC, busca considerar os
processos de compreensão e expressão de significados que envolvem os conhecimentos
científicos em uma proposta de AC (LORENZETTI; DELIZOICOV, 2001).
Nesta pesquisa, a estratégia metodológica de Ensino de Ciências por Investigação
ganha destaque como ferramenta essencial para a promoção da AC.
As atividades investigativas, ao serem consideradas como fonte de possibilidades para
o EC nos anos iniciais, garantem o protagonismo infantil nas linguagens escrita e científica.
Azevedo e Abib (2013) asseveram, em suas pesquisas, o poder e escopo de uma orientação
investigativa para esse ensino na formação de nossas crianças, desde que se valore e conceba
a situação-problema e a investigação como elementos essenciais nas atividades infantis
criadas pelo professor, voltadas à aprendizagem e ao desenvolvimento humanos, dirigidas à
formação da inteligência e personalidade desde a infância.
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Nas atividades de ensino por investigação, a aprendizagem de conteúdos processuais e
atitudinais é tão importante quanto a de constructos teóricos (AZEVEDO, 2006;
CARVALHO; SASSERON, 2012), a tal ponto que as atividades de investigação procurem
propor: o problema, preferencialmente em forma de pergunta que estimule a curiosidade
científica do estudante; levantamento de hipóteses, que devem ser emitidas pelos alunos por
meio de discussões; coleta e análise de dados, em que podem ser utilizados gráficos e textos
para que os alunos possam realizar a explicação desses dados; conclusão, quando os alunos
formulam respostas ao problema inicial, a partir dos dados obtidos e analisados.
Zompero e Laburú (2011) enaltecem as atividades investigativas como contribuidoras
do desenvolvimento intelectual das crianças, a partir da realização de procedimentos como:
elaboração de hipóteses; anotação; análise de dados e desenvolvimento da capacidade de
argumentação.
Além das atividades investigativas serem desenvolvidas a partir de questões
problematizadoras, ter consonância com aspectos da vida do aprendiz torna-se, neste
processo, vital; tanto quanto que se constituam como problemas reais e desafiadores, sob a
orientação do professor. Se, mediante ao problema de investigação, a criança é levada à
elaboração de suas hipóteses (ZANON; FREITAS, 2007), continuar garantindo condições
para que esteja engajada ao problema a ser investigado e resolvido é igualmente fundamental
(ZOMPERO; LABURU, 2011), sem o qual não se criam as bases orientadoras para uma
Educação Científica.
É certo que contextos e processos relacionados ao ensino e à aprendizagem em
Ciências são extremamente diversificados, conforme acentuam Bastos
et al.
(2004) e, em
consequência, os autores advertem sobre a inviabilização da utilização de uma mesma
abordagem para tudo o que se pretende ensinar. Notadamente, Carvalho e Sasseron (2012)
apontam que alguns temas do EC são apropriados para essa concepção de ensino por
investigação, enquanto outros teriam de ser trabalhados com outras estratégias didáticas e
recursos. O ENCI seria uma opção, dentre outras, que o professor poderia selecionar ao
procurar diversificar sua prática de forma inovadora.
Com a perspectiva do ENCI, Carvalho e Sasseron (2012) defendem a organização do
ensino em sala de aula para o desenvolvimento de Sequências de Ensino Investigativas (SEIs)
que objetivam sistematizar o trabalho pedagógico relativo aos processos científicos com as
crianças. O intuito é desenvolver propostas congruentes à renovação da Educação Científica,
a fim de que a cultura escolar
–
já tão resguardada em visões deformadas da ciência e
tecnologia
–
abra espaço para que as crianças não cresçam numa ambientação em que a
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ciência é considerada uma área do saber reservada a gênios em seus sofisticados laboratórios,
bem como um conhecimento detentor de verdades absolutas e inexoráveis. Assim Carvalho e
Sasseron (2012, p. 153) apontam alguns aspectos que podem ser contemplados na
organização dessas propostas:
(a) Resolução do problema em pequeno grupo;
(b) Discussão professor/classe com dois focos: a resposta ao 'como' resolveram o
problema e
“
por que deu certo
”
;
(c) Aplicação do conhecimento construído na realidade dos alunos, mediante aos
questionamentos relaizados pelo professor com perguntas simples; e
(d) Elaboração de texto escrito pelos alunos, individualmente, sobre o que aprenderam
na aula.
Já Azevedo (2006) adverte que a essência do ensino por investigação reside na ação
colaborativa, isto é, na garantia da coparticipação de todos: as crianças deixam de ter uma
postura passiva e passam a aprender a pensar, a elaborar o raciocínio, a verbalizar, a escrever,
a trocar e justificar suas ideias. Por sua vez, o professor, conhecendo bem o assunto, propõe
questões desafiadoras, além de apresentar uma atitude ativa e aberta, sempre atento às
respostas, valorizando-as, sem se furtar a aplaudir as assertivas ou contrapor as ditas
inadequadas e/ou inapropriadas
–
distante das sempre provisórias evidências científicas
–
,
mas incluindo todas as crianças no processo.
No contexto da imersão da infância no mundo da cultura escrita e científica, a
articulação entre a aproriação das linguagens escrita e científica, apresenta-se como um
elemento essencial. Chassot (2000) evidencia que as incompreensões de uma pessoa ao ler um
texto da língua materna podem ser comparadas às incompreensões das pessoas que não
dominam a linguagem da ciência, isto é, aquele que não domina a linguagem científica passa
a não saber ler aquilo em que está escrito a natureza, logo, passa a não entender
significativamente o mundo natural em que vive.
A compreensão de linguagem escrita e alfabetização adotada por nós, importa
destacar, respalda-se nas pesquisas do Círculo Bakhtiniano e na Escola de Vygotski. Não sem
razão, a afirmação de Smolka (1999, p. 58 e 68) de que apenas a alfabetização do ponto de
vista da psicologia vygotskyana (e, para nós, também da perspectiva bakhtiniana) pode dar
conta realmente da questão da aquisição das linguagens oral e escrita como processo de
interação social. Vygotsky analisa a escrita como uma forma de linguagem, levando em conta
a dimensão discursiva e, por essa razão, não pode ser algo mecânico e desprovido de sentido
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para a criança. Ao contrário, a linguagem é um sistema que a criança assimila a partir de seu
contexto social, internalizando-a, ressignificando-a para, em seguida, exteriorizá-la plena de
significação e sentido social. Ocorre aí o domínio do discurso social pela criança.
Contudo, se a alfabetização não consiste meramente na aprendizagem da escrita de
letras, palavras e orações, nem tampouco envolve apenas uma relação da criança com a escrita
“[…] implica, desde sua gênese, a ‘constituição do sentido’ […] uma forma de interação com
o outro pelo trabalho da escritura
”
(SMOLKA, 1999, p. 69). Surge, então, a importância da
figura do interlocutor no processo discursivo que favoreça a construção do conhecimento
numa prática dialógica e discursiva junto ao alfabetizando.
Este é, segundo Smolka (1999), o papel (de interlocutor)
–
para nós, aqui,
acrescentaríamos
–
do professor de alfabetização da linguagem escrita e da linguagem
científica que pretenda trabalhar junto às crianças um processo de apropriação da leitura e
escrita de forma significativa, interdiscursiva e social, tanto quanto da linguagem científica,
possibilitando às crianças constituírem e se perceberem como leitores e escritores autônomos
de sua própria história e da história de sua realidade-natureza-entorno sociocultural, de modo
a expandir-se cada vez mais também em sua Alfabetização Científica, ampliando suas
habilidades e capacidades humanas.
A seguir, um recorte da pesquisa de campo.
Percurso de ações investigativas
A pesquisa apresenta um enfoque predominantemente qualitativo, já que em
educação é apropriada quando se pretende, dentre outros motivos, compreender processos e,
neles, as nuances do entendimento subjetivo que motiva os vários participantes (ERICKSON,
1998).
Lüdke e André (2018, p. 12) apontam que uma pes
quisa de natureza qualitativa “
tem
o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal
instrumento”, bem como
é rica em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e
focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada.
Os dados gerados e aqui selecionados para análise, no contexto da investigação,
circunscrevem uma abordagem qualitativa, portanto, relativa à busca pela compreensão da
observação detalhada em cooperação com os participantes (BOGDAN; BIKLEN, 1994).
Permitem a análise e interpretação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real,
oriundos da produção de dados, embasada numa fundamentação teórica consistente,
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objetivando compreender e explicar o problema pesquisado, conforme orientam Lüdke e
André (2018).
Carvalho (2011) aponta que qualquer trabalho científico deve ser passível de réplica,
em situações semelhantes, para que seus resultados possam ser generalizados. Com essa
perspectiva, este trabalho apresenta uma proposta metodológica direcionada ao entendimento
dos processos de ensino e aprendizagem em Ciências, mas não de qualquer ensino, e, sim,
partindo de uma SEI previamente planejada pelo pesquisador com a colaboração da
professora aplicadora e com base em referenciais teóricos norteadores.
A sala de aula, em seu ambiente natural, constitui-se em fonte de dados,
predominantemente descritivos, tendo como objetivo a descrição de fenômenos relacionados
ao EC, que conduzem os alunos a processos de AC. Importa destacar que
“o processo é tão
impor
tante quanto o produto” (CARVALHO, 20
11, p. 25), à medida que se pretende
caracterizar e compreender o processo de ensino, considerando a aprendizagem dos alunos um
produto, a partir da perspectiva que somente existe ensino, se houver aprendizagem.
O percurso metodológico se insere na organização e oferecimento de um curso de
Ensino de Ciências por Investigação, uma formação continuada, no contexto dos grupos de
pesquisas em que as pesquisadoras estão inseridas. Os dados oriundos do curso não serão
discutidos na integralidade, no âmbito deste artigo, mas importa destacar que sua
implementação e desenvolvimento resultou em ações subsequentes, tão enriquecedoras
quanto renovadoras no fomento para novas ações de pesquisa. Dentre essas ações, bem como
outras relacionadas à execução do projeto, destaca-se a participação das pesquisadoras em
Horários de Encontros Coletivos (HECs), em escola de Ensino Fundamental da rede
municipal de Marília. Em uma dessas ações foi ministrado o curso de formação acima citado.
No desdobramento das atividades, foi estruturada uma intervenção pedagógica objetivando
trabalhar com a abordagem do Ensino de Ciências por Investigação.
Importa destacar que o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da
universidade e aprovado sob o nº 57864116.4.0000.5406.
A partir da aplicação da SEI foram obtidos dados na forma de registros das crianças
(desenho e escrita), analisados com base em eixos temáticos, a saber: 1
–
Registro de
hipóteses; 2- Registro de atividade experimental-investigativa; e 3- Registro de outras
atividades.
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Em discussão o processo de construção da Sequência de Ensino Investigativa
A proposta de intervenção pedagógica teve início com reuniões específicas para uma
compreensão mais detalhada referente à abordagem metodológica a ser empregada. Foram
realizados quatro encontros com essa perspectiva, a saber:
1º encontro (15/02/18): reunião para apresentação da proposta e exposição do
planejamento anual das professoras do 3º ano. Encaminhamento: leitura de texto a ser
discutido no próximo encontro;
2º encontro (22/02/18): reunião para discutir o texto sobre proposição de Sequências
Investigativas (CARVALHO, 2013), por meio de apresentação teórica e discussão coletiva.
Encaminhamento: sistematizar elementos centrais para a proposição de uma SEI com o tema
fotossíntese (temática de interesse das professoras);
3º encontro (15/03/18): discussão sobre os elementos da SEI, considerando as
inserções das professoras. Estabelecimento de aproximações entre o livro didático utilizado e
outros materiais, bem como seleção de atividades. Encaminhamento: revisar o documento
elaborado e sugerir supressão ou inserção de atividades;
4º encontro (22/03/18): fechamento da SEI e estabelecimento de combinados coletivos
para sua aplicação nas quatro turmas de 3º ano.
Após esse momento profícuo de colaboração entre pesquisadoras e professoras foi
proposta a SEI, intitulada “Fotossíntese e cadeia alimentar”, com o objetivo de compreender
como o Ensino de Ciências por Investigação, pautado na Alfabetização Científica, pode
contribuir para o aprimoramento da produção de textos escritos. A sequência foi estruturada
em oito encontros, contemplando:
1.
P
roblematização inicial sobre “De onde vem os alimentos
?
”
;
2.
Leituras de textos;
3.
Atividades experimentais e investigativas: plantio de feijão e fotossíntese; trabalho
com dados e variáveis;
4.
Vivências lúdicas, como o jogo da cadeia alimentar;
5.
Registros individuais e coletivos;
6.
Discussões sobre a temática, e;
7.
Situação de fechamento com a construção de bonecos de alpiste.
Selecionamos registros de uma turma das professoras participantes da pesquisa, a fim
de analisá-los e discuti-los.
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A categoria “Registros de hipóteses” ficou evidente na escrita produzida das crianças
após a montagem do experimento de plantio de feijões. As variáveis utilizadas pela professora
para a organização da atividade investigativa foram:
1ª condição: plantio da semente com oferta de água e sol;
2ª condição: plantio da semente com oferta de sol (sem água);
3ª condição: plantio da semente sem água e sol (caixa fechada).
As Figuras 1 e 2 apresentam as hipóteses e as narrativas/discursos fornecidos pelas
crianças na ocasião.
Figura 1
–
Registro da
criança “A”
contendo as hipóteses do experimento elaborado:
Variáveis
“Eu acho que ela ir
á
crescer e ficar muito
linda. Só morrerá de
altura porque ela fica
grande cai e quebra.
”
“Acho que ela não
viverá, pois precisa de
água para
sobreviver.
”
“Essa planta morrerá em quase dois dias. Porque ela precisa
de água e sol para sobreviver.
”
Fonte: Dados de pesquisa (2018)
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10
Figura 2
–
Registro da
criança “B”
contendo as hipóteses do experimento elaborado: Plantio
do feijão em diferentes condições (variáveis)
“Eu acho que vai sobreviver porque
tem água e sol.
”
“Acho que vai murchar porque só
vai ter sol.
”
“Eu acho que vai morrer porque
não vai ter nada.
”
Fonte: Dados de pesquisa (2018)
O momento de abertura da caixa para a visualização do vaso que ficou sem água e luz
foi muito aguardado pelas crianças. Na sequência, B desenha as condições em que encontra as
plantas, após a análise final dos dados, incluindo a observação e constatação de que o vegetal
ficou fechado (Figura 3).
Figura 3
–
Continuação do registro de B contendo as observações, após análise dos dados
“forte
.
”
“sobreviveu
.
”
“mucho
[sic].
”
Fonte: Dados de pesquisa (2018)
Após o registro das hipóteses e das narrativas/discursos das crianças e da observação
do experimento, foi realizada a leitura do texto “Entenda o problema”.
A análise dos dados indica que, dentre as hipóteses das crianças, há a ideia de
necessidade de água e sol como condição para sobrevivência da planta, como também fica
evidente a crença de que a ausência desses elementos pode prejudicar o seu crescimento e,
inclusive, levá-la à morte.
Se o processo de levantamento de hipóteses é um elemento essencial para o
desenvolvimento de uma investigação, como argumentam Sasseron e Carvalho (2008), é
igualmente, portanto, um indicador da Alfabetização Científica em construção, relacionado,
especificamente, ao entendimento da situação analisada. Conforme pontuado pelas autoras,
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também as crianças A e B explicitaram, por meio de seu projeto de dizer na escrita, a
capacidade de inferir e fazer suposições acerca de situações observadas, tanto na situação de
afirmação ou de questionamento.
Lorenzetti e Delizoicov (2011) apontam o quanto o ensino por investigação não deve
se restringir à aprendizagem apenas de vocabulário, informações e fatos vinculados à ciência;
pelo contrário, deve promover o desenvolvimento de habilidades dos processos pelos quais se
constrói conhecimento científico, incluindo o levantamento de hipóteses. Para os autores:
O desenvolvimento dos conteúdos procedimentais foi de fundamental
importância durante a realização das aulas práticas. Observar atentamente o
fenômeno em estudo, estabelecer hipóteses, testá-las via experimento,
registrar os resultados, permite que os alunos ajam de forma ativa sobre o
objeto de estudo, possibilitando uma melhor compreensão do experimento
(LORENZETTI; DELIZOICOV, 2011, p. 12).
Esses autores defendem a ideia de que Alfabetização Científica no Ensino de Ciências
nos anos iniciais deve ser compreendida como um processo pelo qual a linguagem das
Ciências adquire significados, possibilitando que o indivíduo amplie o seu universo de
conhecimento, a sua cultura e sua atuação como cidadão inserido na sociedade.
Na sequência das ações, foi proposta a realização de uma atividade experimental e
investigativa, partindo da seguinte questão: De onde vem o oxigênio que respiramos? Essa
atividade foi realizada após a professora fazer uma síntese com os alunos sobre as etapas
vivenciadas anteriormente, incluindo uma relação sobre a necessidade de a planta produzir
seu próprio alimento, como outra condição para a sua sobrevivência, além da água e do sol.
A realização do experimento sobre a fotossíntese despertou muitas dúvidas nos alunos,
bem como a apropriação de um novo vocabulário e ampliação de seu reportório. A figura 4
apresenta o momento em que a atividade foi realizada nos grupos, destacando a importância
da organização em grupos pequenos, conforme apontado por Carvalho (2013), como
fundamental para que todos tenham a oportunidade de falar e expressar suas ideias perante os
colegas. Nesse ambiente de interações discursivas, mediado pela professora, todos têm a
possibilidade de aprender e se desenvolver.
A ideia central é a de que, ao elaborar hipóteses, anotar e analisar dados para resolver
as situações-problema, dialogar com os pares, cooperarem entre si, por meio do compartilhar
de suas redescobertas, as crianças aprimorem suas habilidades cognitivas e, também, a
capacidade de argumentação vai se complexificando paulatinamente, garantindo o
desenvolvimento de sua inteligência e personalidade.
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Figura 4
–
Momento da realização da atividade experimental e investigativa: Fotossíntese
Fonte: Dados de pesquisa (2018)
Após a realização da atividade investigativa, foi solicitado que as crianças fizessem o
registro individual para composição de um portfólio. A Figura 5 apresenta o “Registro de
atividade experimental-i
nvestigativa” do aluno C.
Figura 5
–
Registro elaborado após a realização do experimento de fotossíntese
Transcrição:
“O experimento da fotossíntese
A planta ela é a única que consegue
fazer a fotossintesis [sic] e no sol
ele faz mais rápido e para fazer isso
ela precisa de gua [sic], luz e gás
carbônico eu gostei desse
experimento. Quando a gente
colocou o pote no sol ela fez a
fotossíntese e soltou as bolhas de
oxigênio.
”
Fonte: Dados de pesquisa (2018)
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Oliveira e Carvalho (2005), após análises de produções de crianças do 3o ano do EF,
concluíram que grande parte dos textos por elas redigidos incluem ilustrações como recurso
para auxiliar a compreensão das ideias apresentadas. Essas observações também foram
extraídas de relatórios elaborados ao término das aulas de Ciências, após a realização de um
problema investigado.
Da mesma forma, Sasseron e Carvalho (2010) também afirmam que crianças do EF
utilizam o desenho como uma forma auxiliar, de expor os sentidos que constroem nas aulas de
Ciências, bem como para reforçar as afirmações feitas ou, então, para complementar o
significado de algumas ideias que ainda não conseguem expressar pelo texto escrito.
A análise do registro de atividade experimental-investigativa, apresentada na Figura 4,
aponta para a relação entre o desenho e o texto escrito como linguagens que se
complementam. O aluno desenha a montagem do experimento de um lado, incluindo
elementos que não são destacados no texto, apresentando a “as
sinatura de seu nome em cada
um desses atos humanos” (BAKHTIN, 2005) o de desenhar e o de ler; a autoria em seu
projeto de dizer por meio da linguagem escrita e da linguagem visual enunciando suas
“palavras” (BAKHTIN, 1995; 2003; SMOLKA, 1999; VYGOTSKI, 19
93, 1995). Nestes
termos, o texto apresenta uma narrativa sobre a realização do experimento rica em uma
semântica gráfico-discursiva. A criança ao escrever, prevê seu interlocutor-destinatário,
estabelece o para quê, o como e o porquê do seu enunciar. E, assim, elege o gênero e seu
conteúdo, faz escolhas, estabelece relações, inferências, revê e relê seus atos de escrita e de
ilustração e diálogo com seu discurso interno, concretizando diferentes ações cognitivas e
metacognitivas, e, de forma indizível, ampliando suas funções e capacidades psíquicas, bem
como suas estruturas mentais. Ao trabalhar com as linguagens escrita e científica, em
essências simbólicas, fazem saltos qualitativos em seu desenvolvimento humano.
Por fim, foi realizada a leitura dos texto
s “Cadeia alimentar aquática e terrestre” e “Por
dentro das cadeias alimentares”, bem como o desenvolvimento do jogo “Cadeia alimentar”,
no qual os grupos de crianças receberam um material contendo imagens de seres vivos
(coladas em pedaços de madeira) e setas plastificadas para representar o fluxo de energia
(Figura 5).
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Figura 5
–
M
omento da realização do jogo “Cadeia alimentar”
Fonte: Dados de pesquisa (2018)
Após a realização da atividade lúdica, foi solicitado que fizessem o registro na forma
de relato. Essa proposta difere da anterior, pois tem o intuito de apresentar uma narrativa em
que os argumentos são encadeados pelos alunos, de diferentes formas, a partir do apelo ao
recurso temporal em que as atividades foram realizadas, bem como ao entendimento dos
mesmos sobre as situações vivenciadas. Nesse sentido, o eixo “Registro de outras atividades”
ficou evidente no relato do aluno D (Figura 6).
Figura 6
–
R
egistro realizado após a execução do jogo “
C
adeia alimentar”
Transcrição:
“
Cadeia alimentar
Nós estudamos sobre a alimentação dos seres vivos, começamos com a plantação do feijão e a
experiência sobre a fotossíntese.
Na fotossíntese a planta absorve o gás carbônico, libera o oxigênio e produz o seu próprio alimento que
é a glicose.
E depois nós jogamos um jogo da cadeia alimentar, a cadeia alimentar é: os animais se alimentam de
plantas e os maiores se alimentam de outros animais.
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E nós também aprendemos sobre os primários, secundários e terciários.
Os animais são consumidores e as plantas são produtores.
”
Fonte: Dados de pesquisa (2018)
A partir da análise dos registros apresentada acima, bem como uma adaptação das
categorias de análise de Moraes (2015), é possível inferir que os alunos “descrevem os
materiais utilizados na investigação”; “apresentam entendimento sobre o que é a fotossíntese”
e “apresentam entendimento sobre o que é cadeia alimentar”.
Nessa perspectiva, também é possível inferir que a análise preliminar desses dados
evidenciou o quanto as crianças foram capazes de comunicar, relatar e se apropriar das
atividades realizadas atribuindo sentidos próprios, mas, ao mesmo tempo, baseados em
evidências científicas. As atividades desenvolvidas possibilitaram o desenvolvimento de
habilidades associadas ao fazer científico (manipulação de materiais experimentais,
levantamento e teste de hipóteses, trabalho com dados e evidências, formação de conceitos
científicos), que são ferramentas potentes de inserção da criança na cultura científica e,
consequentemente, contribui para a promoção da Alfabetização Científica.
Ademais, esses dados apontam possibilidades de integração entre as disciplinas de
Ciências e Língua Portuguesa, no contexto do Ensino de Ciências por Investigação e da
Alfabetização Científica.
A pesquisa de Gabini e Diniz (2012) apontou que professoras dos anos iniciais, em
processo de formação continuada, argumentaram que a elaboração dos relatórios produzidos
pelos alunos, a partir de atividades investigativas, contribuiu para o processo de escrita
(alfabetização). Bertola e Moraes (2021), no contexto do Programa de Residência Pedagógica,
também apontam para a potência dos registros escritos, provenientes de ações investigativas,
os quais podem favorecer a necessidade da criança em escrever e comunicar seus achados,
compreendida como uma atividade inerente ao trabalho investigativo.
Brandi e Gurgel (2002) evidenciam a importância do processo de leitura e escrita no
EC, com vistas à introdução da criança na cultura científica. Apoiam-se em vários
pesquisadores para apresentar um modelo de desenvolvimento do currículo de Ciências, sobre
o qual consideram alguns elementos teóricos como componentes fundamentais nesse
processo, a saber: pensamento crítico; atividades coletivas entre disciplinas; habilidades dos
alunos para resolução de problemas; comunicação persuasiva; visão prévia dos estudantes
sobre temas científicos, tecnológicos e sociais; ambiente de escolarização ideal para o ensino-
aprendizagem; conhecimentos e habilidades dos professores sobre a questão; dentre outros.
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Para as autoras, a formação de professores é um elemento essencial para a inserção da
AC nos anos iniciais do EF. Além disso, apresentam outros estudos com crianças desse
segmento que visavam inicialmente apenas enfocar o desenvolvimento do EC. No entanto,
perceberam, no decorrer do trabalho, que a aprendizagem da língua portuguesa se desenvolvia
concomitantemente.
Essa “nova” forma de se trabalhar o processo de alfabetização das linguagens escrita e
científica impõe, necessariamente, uma nova forma de “gestos de
ensino”, pautada numa
prática de leitura e escrita discursiva, de grande interação verbal, ricos momentos de diálogos,
relação professor-criança recíproca, em que o professor esteja constantemente inovando,
desde a organização do espaço físico de sala de aula e materiais disponíveis até a seleção de
metodologias e dinâmicas a serem utilizadas. Trabalhando dessa forma, em que todos têm vez
e voz, a escola não estará excluindo ou marginalizando alunos provenientes de contextos
sociais diferenciados. Estará, ao contrário, legando a oportunidade para todos exercerem seus
direitos e livre-arbítrio no interior de uma escola que se diz democrática, mas que tem se
apresentado, muitas vezes, extremamente tradicionalista e excludente. E, como a
alfabetização constitui a base e o início do processo escolar da vida do aluno, acreditamos que
o ensino democrático deva partir, notadamente, daí, de forma a disseminar-se e atingir a
coletividade.
Considerações finais
A perspectiva deste artigo foi discutir acerca da potencialidade do Ensino de Ciências
por Investigação, tanto no âmbito da formação de conceitos científicos por parte das crianças
como na interface com a área de linguagens. A hipótese que subjaz essa investigação permite
inferir que o ENCI tem potencialidade para contribuir com processos efetivos de
Alfabetização Científica das crianças e, portanto, apresenta-se como uma abordagem
metodológica inovadora.
Para tanto, um dos caminhos escolhidos nesta investigação para verificar as
habilidades associadas ao processo de AC, a partir da proposição de uma SEI, concentra-se
em elementos como a linguagem oral e escrita/desenhista das crianças.
As atividades propostas nas Sequências de Ensino Investigativas permitiram que os
alunos se envolvessem com a cultura científica a partir da resolução de problemas,
levantamento e teste de hipóteses, exploração de materiais, coleta de dados, discussões orais e
registro de informação. Ao vivenciar esse processo de investigação e fazer uso de diferentes
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linguagens da ciência, a criança passa a desenvolver habilidades essenciais para o fazer
científico, as quais possuem relação direta com processos de AC, bem como possibilitam a
formação de novos conceitos científicos (MORAES; CARVALHO, 2017).
A análise dos dados também permite inferir sobre a contribuição do ENCI para os
processos de apropriação da linguagem escrita, da leitura e escrita, ou seja, da alfabetização
como um elemento integrador entre áreas do conhecimento e que permite uma renovação da
Educação Científica no contexto da sala de aula, como apontado nas pesquisas de Brandi e
Gurgel (2002), Gabini e Diniz (2012) e Bertola e Moraes (2021).
Nesse sentido, o desenvolvimento dessas habilidades possui uma implicação direta
para o EC e deve ser fomentado desde os anos iniciais do EF, visando à construção de novos
conceitos e ferramentas científicas e o envolvimento crescente das crianças em processos de
Alfabetização Científica.
Enfim, necessário se faz, ainda, destacar a urgência de que o professor, especialmente
dos anos iniciais, reveja sua práxis, de forma a melhor proporcionar às crianças espaços de
discussões, de elaboração de ideias próprias; que venha a mediar e fortalecer o processo de
crescimento e apreensão da linguagem escrita na criança, considerando o saber pré-existente
ao escolar, o seu conhecimento prévio, tornando-se sujeito que ensina e sujeito que aprende,
parceiro de um processo social que levará ao crescimento de ambos, superando o saber
mecânico repassado pela escola, ainda, na contemporaneidade.
É relevante ressaltar, contudo, que a ação docente carece de bases científicas, sem as
quais jamais haverá reflexão mediatizada
–
por parte do professor de sua própria prática
–
em
teorias adequadas advindas de obras, cujos conteúdos sejam preciosos no sentido de indicar
caminhos a serem seguidos por aqueles que pretendem traduzir uma práxis educativa crítica,
humanizadora e consciente; obras de cunho teórico-metodológico que prescindem de estudo
pormenorizado e aprofundado pelo professor, quer seja em sua formação inicial ou
continuada.
Todavia, muito ainda há que se fazer para se atingir essa meta, pois sabemos que o
problema da escola não é apenas de ordem metodológica, é, sobretudo, de ordem político-
social. Muitas transformações hão de ser feitas no contexto social e na escola, pois o próprio
processo de alfabetização discursiva, pleno e genuíno, somente ocorrerá em condições aptas e
adequadas para sua implementação, o que é bastante dificultado, dadas as atuais condições de
funcionamento da escola pública brasileira, caracterizadas pela superlotação de alunos nas
classes, sobrecarga de horas de trabalho dos professores, baixos salários e formação
insuficiente, frágil e precarizada
–
o que não nos impede de ir inovando em pesquisas e
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intervenções didáticas capazes de produzirem implicações pedagógicas e sociais a um só
tempo, que dialeticamente se retroalimentem, provocando as alterações necessárias e bem-
vindas, superando e revolucionando compromissos no saber, sentir, pensar e agir docentes.
Desse ponto de vista, assumir a tarefa de proceder ao trabalho de alfabetização das linguagens
escrita e científica, em novas bases, implica, necessariamente, assumir uma conduta política
de transformação social.
AGRADECIMENTOS
: Prograd
–
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Como referenciar este artigo
MORAES, T. S. V.; GIROTTO, C. G. G. S.; OLIVEIRA, B. C. P. Os registros escritos
infantis e alfabetização científica: Em foco, o ensino de ciências por investigação.
Nuances
Est. Sobre Educ.,
Presidente Prudente, v. 33, e022018, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2236-0441.
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v33i00.9496
Submetido em
:
25/08/2021
Revisões requeridas
: 19/10/2021
Aprovado em
: 08/02/2022
Publicado em
: 31/03/2022
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Nuances Est. Sobre Educ.
, Presidente Prudente, v. 33, e022018, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2236-0441
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1
CHILD WRITTEN RECORDS AND SCIENTIFIC LITERACY: FOCUS ON
INQUIRY BASED SCIENCE TEACHING
OS REGISTROS ESCRITOS INFANTIS E ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: EM
FOCO, O ENSINO DE CIÊNCIAS POR INVESTIGAÇÃO
REGISTROS ESCRITOS INFANTILES Y ALFABETIZACIÓN CIENTÍFICA:
ENFOQUE EN LA ENSEÑANZA DE LA INVESTIGACIÓN EN CIENCIAS
Tatiana Schneider Vieira de MORAES
1
Cyntia Graziella Guizelim Simões GIROTTO
2
Bárbara Cortella Pereira de OLIVEIRA
3
ABSTRACT
: Inquiry Based Science Teaching in the early years of schooling contributes to
the development of the Scientific Literacy process. In the exhibition of part of research results,
the collaborating children and teachers on stage are located in a public school of medium-sized
city, in the West region of São Paulo. This is a third year Elementary School group that, in
cooperative action, participated in activities resulting from the organization of an Investigative
Teaching Sequence entitled “Photosynthesis and Food Chain”. In it, in the immersion of the
culture produced by humanity, written and scientific language activities intertwine and
contribute to the formation of children's intelligence and personality, highlighting how this
teaching practice involving problem solving, hypothesis raising and discussions brings positive
impacts to the production of authorial texts, in which the child, when recording what he thinks
and learned in class, expands his desire to express himself in his project of saying, and
appropriates specifically human abilities related to writing and science. Thus, investigative
activities may be a possible way to enhance the literacy process, as well as the student's
involvement with the scientific culture.
KEYWORDS
: Elementary School Cycle I. Scientific literacy. Inquiry based Science teaching.
Written culture.
RESUMO
: O Ensino de Ciências por Investigação nos anos iniciais da escolarização contribui
para o desenvolvimento do processo de Alfabetização Científica. Na exposição de parte dos
resultados de pesquisa, crianças e professoras colaboradoras em cena, se situam em uma
escola da rede pública de um município de médio porte, no oeste paulista. Trata-se de uma
turma de terceiro ano do Ensino Fundamental que, em ação cooperativa, participou de
atividades decorrentes da organização de uma Sequência de Ensino Investigativa, intitulada
“Fotossíntese e cadeia alimentar”. Na imersão da cultura produzida pela humanidade,
1
São Paulo State University (UNESP), Marília – SP – Brazil. Assistant Professor. Department of Didactics. PhD
in Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6255-5843. E-mail: tatiana.moraes@unesp.br
2
São Paulo State University (UNESP), Marília – SP – Brazil. Full Professor. Department of Didactics. Professor
of Reading and Writing (UNESP). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0620-4613. E-mail:
cyntia.girotto@unesp.br
3
Federal University of Mato Grosso (UFTM), Cuiabá – MT – Brazil. Adjunct Professor. Department of Teaching
and School Organization of the Institute of Education. P
hD in Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-
4068-6417. E-mail: barbaracortella@gmail.com
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2
atividades de linguagens escrita e científica se entrelaçam e contribuem para a formação da
inteligência e personalidade infantis, evidenciando o quanto essa prática de ensino –
envolvendo resolução de problemas, levantamento de hipóteses e discussões – traz impactos
positivos na produção de textos autorais, nos quais a criança, ao registrar o que pensa e
aprendeu em aula, amplia o desejo de se expressar em seu projeto de dizer e se apropria de
capacidades especificamente humanas, relativas à escrita e à ciência. Sendo assim, as
atividades investigativas podem ser um caminho possível para potencializar o processo de
alfabetização, bem como o envolvimento do aluno com a cultura científica.
PALAVRAS-CHAVE
: Ensino Fundamental I. Alfabetização científica. Ensino de ciências
baseado em pesquisas. Cultura de escrita.
RESUMEN
: La Enseñanza de la Investigación en Ciencias en los primeros años de
escolaridad contribuye para el desarrollo del proceso de Alfabetización Científica. En la
exhibición de parte de los resultados de la investigación, los niños y maestros colaboradores
en el escenario se encuentran en una escuela pública en un municipio de tamaño mediano, en
el oeste de São Paulo. Este es un grupo de tercer año de escuela primaria que, en acción
cooperativa, participó en actividades resultantes de la organización de una secuencia de
enseñanza investigativa titulada "Fotosíntesis y cadena alimentaria". En él, en la inmersión de
la cultura producida por la humanidad, las actividades lingüísticas escritas y científicas se
entrelazan y contribuyen a la formación de la inteligencia y la personalidad de los niños,
destacando cómo esta práctica de enseñanza que involucra la resolución de problemas, la
formulación de hipótesis y las discusiones trae impactos positivos en la producción de textos
de autor, en los que el niño, al registrar lo que piensa y aprende en clase, expande su deseo de
expresarse en su proyecto de decir y se apropia específicamente de las habilidades humanas
relacionadas con la escritura y la ciencia. Por lo tanto, las actividades de investigación pueden
ser una posible forma de mejorar el proceso de alfabetización, así como la participación del
estudiante en la cultura científica.
PALABRAS CLAVE
: Escuela Primaria Ciclo I. Alfabetización científica. Enseñanza de las
ciencias por investigación. Cultura escrita.
Initial words and theoretical anchoring
The text thematizes part of the actions developed within the scope of a research project,
whose adopted framework is included in the field of the training of science teachers, as well as
discusses a direct relationship with the promotion of Scientific Literacy (AC), from the
methodological approach of Teaching Science by Research (ENCI) and the contribution to the
production of author of texts for children of a third year of an elementary school (EF) from a
school municipal public network.
National and international researchers have been dedicated to the research of the term
S
cientific Literacy, correlated to other denominations such as
scientific literacy, scientific
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literacy, alphabétisation scientifique,
scientific literacy and scientific enculturation. In all these
variations, the use has a direct relationship with teaching directed to learning and development
of human capacities that enable the participation of learners in the decision-making processes
of daily life, bringing implications for their citizen education (SASSERON; OAK, 2011).
The specialized literature points to the Teaching of Sciences (EC) as a possibility of a
tool for the insertion and promotion of AC already in the initial years of schooling, so that the
child can reflect, at the same time, on scientific knowledge and social reality, as well as to
sophisticated their attitudes and capabilities specifically human. To this end, there is a broad
consensus on the need for an AC that is promoting the preparation and involvement of citizens
with scientific culture.
With this perspective, didactic-pedagogical actions addressed to the performance of
problematizing activities, whose dynamics between the contents of the Sciences and the
significant situations experienced by children in their daily lives need to be in focus.
Understanding the world through the relationships between the knowledge of the scientific and
technological phenomena present in its surroundings becomes a priority goal (CACHAPUZ
et
al
., 2005; Gil; VILCHES, 2001).
We understand that the insertion of the child in the world of written and scientific culture
can be carried out from early childhood. However, in the early years of the school life, literacy
has a prominent place and is directed to the appropriation of written language and not merely
written code, as many pedagogical practices do, without effectively contributing to the
achievement of the ability and attitude of reading and writing with autonomy. This concept of
literacy, when related to the CSEC seeks to consider the processes of understanding and
expression of meanings that involve scientific knowledge in a proposal of AC (LORENZETTI;
DELIZOICOV, 2001).
In this research, the methodological strategy of Teaching Science by Research gains
prominence as an essential tool for the promotion of AC.
The investigative activities, when considered as a source of possibilities for the EC in
the early years, guarantee the infantile protagonism in written and scientific languages. Azevedo
and Abib (2013) assert, in their research, the power and scope of an investigative orientation
for this teaching in the education of our children, provided that the problem-situation and
research are valued and conceived as essential elements in the children's activities created by
the teacher, focused on human learning and development, aimed at the formation of intelligence
and personality since childhood.
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In research teaching activities, the learning of procedural and analytical content is as
important as that of theoretical constructs (AZEVEDO, 2006; OAK; SASSERON, 2012), to the
point that the research activities seek to propose: the problem, preferably in the form of a
question that stimulates the scientific curiosity of the student; survey of hypotheses, which
should be issued by students through discussions; data collection and analysis, in which graphs
and texts can be used so that students can explain this data; conclusion, when students formulate
answers to the initial problem, based on the data obtained and analyzed.
Zompero and Laburú (2011) praise investigative activities as contributors to children's
intellectual development, based on procedures such as: elaboration of hypotheses; annotation;
data analysis and development of argumentation capacity.
In addition to the investigative activities being developed based on problematizing
questions, being in line with aspects of the apprentice's life becomes vital in this process; as
much as they constitute themselves as real and challenging problems, under the guidance of the
teacher. If, through the problem of investigation, the child is led to the elaboration of his
hypotheses (ZANON; FREITAS, 2007), continuing to ensure conditions for being engaged to
the problem to be investigated and solved is also fundamental (ZOMPERO; LABURU, 2011),
without which the guiding bases for a Scientific Education are not created.
It is certain that contexts and processes related to teaching and learning in science are
extremely diverse, as Bastos
et al
(2004) emphasizes and, consequently, the authors warn about
the unfeasible use of the same approach for everything that is intended to be taught. Notably,
Carvalho and Sasseron (2012) point out that some EC themes are appropriate for this conception
of teaching by research, while others would have to be worked with other didactic strategies
and resources. The ENCI would be an option, among others, that the teacher could select when
seeking to diversify his practice in an innovative way.
With the perspective of the ENCI, Carvalho and Sasseron (2012) defend the
or
ganization of teaching in the classroom for the development of Investigative Teaching
Sequences (SEIs) that aim to systematize the pedagogical work related to scientific processes
with children. The aim is to develop proposals congruent to the renewal of Scientific Education,
so that school culture – already so guarded in deformed visions of science and technology –
opens space for children not to grow up in an environment in which science is considered an
area of knowledge reserved for geniuses in their sophisticated laboratories, as well as a
knowledge that holds absolute and inexorable truths. Thus, Carvalho and Sasseron (2012, p.
153) point out some aspects that can be contemplated in the organization of these proposals:
(
a) solving the problem in a small group;
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(b) Teacher/class discussion with two focuses: the answer to 'how' solved the problem
and "why it worked";
(c) Application of knowledge constructed in the reality of students, through the
questions related by the teacher with simple questions; and
(d) Preparation of text written by students individually about what they learned in class.
Azevedo (2006) warns that the essence of teaching by research lies in collaborative
action, that is, in ensuring the co-participation of all: children stop having a passive posture and
start to learn to think, to elaborate reasoning, to verbalize, to write, to exchange and justify their
ideas. In turn, the teacher, knowing the subject well, proposes challenging questions, besides
presenting an active and open attitude, always attentive to the answers, valuing them, without
being to applaud the assertions or to counter the so-called inappropriate and/or inappropriate –
far from the always provisional scientific evidence – but including all children in the process.
In the context of the immersion of childhood in the world of written and scientific
c
ulture, the articulation between the appropriation of written and scientific languages, presents
itself as an essential element. Chassot (2000) shows that a person's misunderstandings when
reading a text of the mother tongue can be compared to the misunderstandings of people who
do not master the language of science, that is, the one who does not master scientific language
does not know how to read what nature is written in, so it does not significantly understand the
natural world in which he lives.
The understanding of written language and literacy adopted by us, it is important to
highlight, is supported by the research of the Bakhtinian Circle and the Vygotski School. Not
without reason, Smolka's statement (1999, p. 58 and 68) that only literacy from the point of
view of Vygotsky psychology (and, for us, also from the Bakhtinian perspective) can really
account for the issue of the acquisition of oral and written languages as a process of social
interaction. Vygotsky analyzes writing as a form of language, taking into account the discursive
dimension and, for this reason, it cannot be something mechanical and meaningless to the child.
On the contrary, language is a system that the child assimilates from its social context,
internalizing it, resignifying it and then externalizing it full of meaning and social meaning.
There is the domain of social discourse by the child.
However, if literacy does not consist merely in learning the writing of letters, words and
pr
ayers, it does not involve only a relationship between the child and the writing "[...] implies,
since its genesis, the 'constitution of meaning' [...] a form of interaction with the other through
the work of scripture" (SMOLKA, 1999, p. 69). Then, the importance of the interlocutor figure
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arises in the discursive process that favors the construction of knowledge in a dialogical and
discursive practice with literacy.
This is, according to Smolka (1999), the role (of interlocutor) – f
or us, here, we would
add – of the teacher of literacy of written language and scientific language who intends to work
with children a process of appropriation of reading and writing in a meaningful, interdiscursive
and social way, as well as scientific language, enabling children to constitute and perceive
themselves as readers and writers autonomous of their own history and the history of their
reality-nature and sociocultural surroundings, so as to expand more and more also in its
Scientific Literacy, expanding its human abilities and capacities.
The following is a clipping of the field search.
C
ourse of investigative actions
The research presents a predominantly qualitative approach, since in education it is
appropriate when it is intended, among other reasons, to understand processes and, in them, the
nuances of subjective understanding that motivates the various participants (ERICKSON,
1998).
Lüdke and André (2018, p. 12) point out that qualitative research "has the natural
environment as its direct source of data and the researcher as its main instrument", as well as is
rich in descriptive data, has an open and flexible plan and focuses reality in a complex and
contextualized way.
The data generated and selected here for analysis, in the context of the investigation,
circumscribe a qualitative approach, therefore, regarding the search for understanding detailed
observation in cooperation with the participants (BOGDAN; BIKLEN, 1994). They allow the
analysis and interpretation of facts and phenomena exactly as they occur in the real, derived
from the production of data, based on a consistent theoretical foundation, aiming to understand
and explain the problem researched, as guided by Lüdke and André (2018).
Carvalho (2011) points out that any scientific work must be replicable, in similar
situations, so that its results can be generalized. With this perspective, this paper presents a
methodological proposal aimed at understanding the teaching and learning processes in science,
but not of any teaching, but from a SEI previously planned by the researcher with the
collaboration of the teaching teacher and based on theoretical and leading references.
The classroom, in its natural environment, constitutes a predominantly descriptive data
s
ource, aiming at the description of phenomena related to THE, which lead students to AC
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processes. It is important to highlight that "the process is as important as the product"
(CARVALHO, 2011, p. 25), as it is intended to characterize and understand the teaching
process, considering the learning of students a product, from the perspective that there is only
teaching, if there is learning.
The methodological path is part of the organization and offering of a course of
T
eaching Science by Research, a continuous training, in the context of the research groups in
which the researchers are inserted. The data from the course will not be discussed in full, within
the scope of this article, but it should be noted that its implementation and development resulted
in subsequent actions, as enriching as it is renewing in the promotion for new research actions.
Among these actions, as well as others related to the execution of the project, we highlight the
participation of researchers in Collective Meeting Schedules (HECs), in an elementary school
of the municipal network of Marília. In one of these actions was taught the training course
mentioned above. In the unfolding of the activities, a pedagogical intervention was structured
aiming to work with the approach of Science Teaching by Research.
I
t should be noted that the project was submitted to the Research Ethics Committee of
the university and approved under no. 57864116.4.0000.5406.
From the application of SEI, data were obtained in the form of children's records
(drawing and writing), analyzed based on thematic axes, i.e.: 1 - Recording of hypotheses; 2-
Record of experimental-investigative activity; and 3- Registration of other activities.
Discussing the process of construction of the Investigative Teaching Sequence
The proposal for pedagogical intervention began with specific meetings for a more
detailed understanding of the methodological approach to be used. Four meetings were held
with this perspective, including:
1st meeting (15/02/18): meeting for presentation of the proposal and presentation of the
annual planning of the teachers of the 3rd year. Forwarding: reading text to be discussed at the
next meeting;
2nd meeting (22/02/18): meeting to discuss the text on the proposition of Investigative
Sequences (CARVALHO, 2013), through theoretical presentation and collective discussion.
Referral: systematize central elements for the proposition of a SEI with the theme
photosynthesis (theme of interest of teachers);
3rd meeting (15/03/18): discussion about the elements of the SEI, considering the
insertions of the teachers. Establishment of approximations between the textbook used and
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other materials, as well as selection of activities. Forwarding: review the prepared document
and suggest suppression or insertion of activities;
4th meeting (22/03/18): closure of SEI and establishment of collective combinations for
its application in the four classes of 3rd year.
After this fruitful moment of collaboration between researchers and teachers, SEI was
proposed, entitled "Photosynthesis and food chain", with the objective of understanding how
the Teaching of Science by Research, based on Scientific Literacy, can contribute to the
improvement of the production of written texts. The sequence was structured in eight meetings,
including:
1.
Initial problematization on "Where does food come from?
";
2.
Readings of texts;
3.
Experimental and investigative activities: bean planting and photosynthesis; work with
data and variables;
4.
Playful experiences, such as the game of the food chain;
5.
Individual and collective records;
6.
Discussions on the subject, and;
7.
Closing situation with the construction of birdseed dolls.
We selected records from a class of the teachers participating in the research in order to
analyze and discuss them.
The category "Hypotheses records" was evident in the writing produced by the children
after the assembly of the bean planting experiment. The variables used by the teacher for the
organization of investigative activity were:
1st condition: planting of the seed with water and sun supply;
2nd condition: planting of the seed with sun supply (without water);
3rd condition: planting the seed without water and sun (closed box).
Figures 1 and 2 present the hypotheses and narratives/discourses provided by the
children at the time.
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Figure 1 –
Child record "A" containing the hypotheses of the elaborated experiment:
Variables
"I think she will grow
up and look very
beautiful. She will only
die tall because she gets
big falls and breaks."
"I don't think she's
going to live because
she needs water to
survive."
"This plant will die in almost two
days. Because she needs
water and sun to survive."
Source: Search data (2018)
Figure 2 –
Record of child "B" containing the hypotheses of the elaborate experiment:
Planting the beans under different conditions (variables)
"I think it will
survive because it has
water and sun."
"I think it's going to wither
because there's only going to be
sun."
"I think you're going to die
because there's not going to be
anything."
Source: Search data (2018)
The opening moment of the box for the visualization of the vase that ran out of water
and light was long awaited by the children. Next, B draws the conditions in which the plants
are found, after the final analysis of the data, including the observation and verification that the
vegetable was closed (Figure 3).
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Figure 3 –
Continuation of the register containing the observations, after data analysis
"strong."
"survived."
"mucho [sic]."
Source: Search data (2018)
After recording the hypotheses and narratives/discourses of the children and observing
the experiment, the text "Understand the problem" was read.
The analysis of the data indicates that, among the hypotheses of children, there is the
idea of need for water and sun as a condition for plant survival, as well as the belief that the
absence of these elements can impair their growth and even lead to death.
If the process of surveying hypotheses is an essential element for the development of an
investigation, as Sasseron and Carvalho (2008) argue, it is also, therefore, an indicator of
scientific literacy in construction, specifically related to the understanding of the situation
analyzed. As punctuated by the authors, children A and B also explained, through their project
of saying in writing, the ability to infer and make assumptions about observed situations, both
in the situation of affirmation or questioning.
Lorenzetti and Delizoicov (2011) point out how much teaching by research should not
be restricted to learning only vocabulary, information and facts linked to science; on the
contrary, it should promote the development of skills of the processes through which scientific
knowledge is constructed, including the survey of hypotheses. For authors:
The development of procedural content sat in fundamental importance during
the practical classes. To observe carefully the phenomenon under study,
establish hypotheses, test them via experiment, record the results, allow
students to act actively on the object of study, enabling a better understanding
of the experiment (LORENZETTI; DELIZOICOV, 2011, p. 12).
These authors defend the idea that Scientific alphabetization in science teaching in the
early years should be understood as a process by which the language of science acquires
meanings, enabling the individual to expand his universe of knowledge, his culture and his/her
performance as a citizen inserted in society.
Following the actions, it was proposed to perform an experimental and investigative
activity, starting from the following question: Where does the oxygen we breathe come from?
This activity was carried out after the teacher made a synthesis with the students about the
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stages previously experienced, including a relationship about the need for the plant to produce
its own food, as another condition for its survival, besides water and sun.
The realization of the experiment on photosynthesis aroused many doubts in the
students, as well as the appropriation of a new vocabulary and expansion of their repertoire.
Figure 4 shows the moment when the activity was carried out in the groups, highlighting the
importance of the organization in small groups, as pointed out by Carvalho (2013), as
fundamental for everyone to have the opportunity to speak and express their ideas before
colleagues. In this environment of discursive interactions, mediated by the teacher, everyone
has the possibility to learn and develop.
The central idea is that, when elaborating hypotheses, annotating and analyzing data to
solve problem situations, dialogue with peers, cooperate with each other, through the sharing
of their rediscoveries, children improve their cognitive abilities and, also, the capacity for
argumentation is gradually complexing, ensuring the development of their intelligence and
personality.
Figure 4 –
Moment of experimental and investigative activity: Photosynthesis
Source
:
Search data (2018)
After performing the investigative activity, the children were asked to register
individually for the composition of a portfolio. Figure 5 presents the "Record of experimental-
investigative activity" of student C.
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Figure 5
– Record elaborated after the photosynthesis experiment
Transcript:
"The photosynthesis experiment.
The plant she is the only one who
can do the fotossintesis [sic] and in
the sun it does faster and to do that
she needs water [sic], light and
carbon dioxide I liked this
experiment. When we put the pot in
the sun she did the photosynthesis
and released the oxygen bubbles."
Source: Search data (2018)
Oliveira and Carvalho (2005), after analysis of productions of children in the 3rd year
of the EF, concluded that most of the texts they have written include illustrations as a resource
to help understand the ideas presented. These observations were also extracted from reports
prepared at the end of science classes, after the performance of an investigated problem.
Si
milarly, Sasseron and Carvalho (2010) also state that children of the EF use the
drawing as an auxiliary way, to expose the meanings they build in science classes, as well as to
reinforce the statements made or, then, to complement the meaning of some ideas that still
cannot express by the written text.
The analysis of the record of experimental-investigative activity, presented in Figure 4,
points to the relationship between drawing and text written as complementary languages. The
student draws the assembly of the experiment on one side, including elements that are not
highlighted in the text, presenting the "signature of his name in each of these human acts"
(BAKHTIN, 2005) that of drawing and reading; authorship in his project of saying through
written language and visual language enunciating his "words" (BAKHTIN, 1995; 2003;
SMOLKA, 1999; VYGOTSKI, 1993, 1995). In these terms, the text presents a narrative about
the realization of the experiment rich in a graphic-discursive semantics. The child, when
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writing, provides his interlocutor-recipient, establishes what, how and why he enunciates. Thus,
it elects gender and its content, makes choices, establishes relationships, inferences, reviews
and rereads its acts of writing and illustration and dialogue with its internal discourse,
concretizing different cognitive and metacognitive actions, and, unbelievably, expanding its
functions and psychic capacities, as well as its mental structures. By working with written and
scientific languages, in symbolic essences, they make qualitative leaps in their human
development.
Finally, we read the texts "Aquatic and terrestrial food chain" and "Inside the food
chains", as well as the development of the game "Food Chain", in which the groups of children
received a material containing images of living beings (glued to pieces of wood) and arrows
plasticized to represent the flow of energy (Figure 5).
Figure 5 –
Moment of the game "Food Chain"
Source: Search data (2018)
After performing the playful activity, they were asked to register in the form of a report.
This proposal differs from the previous one, because it aims to present a narrative in which the
arguments are chained by the students, in different ways, from the appeal to the temporal
resource in which the activities were carried out, as well as their understanding of the situations
experienced. In this sense, the axis "
Registration of other activities
" was evident in the report
of student D (Figure 6).
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Figure 6 –
Registration performed after the execution of the game "Food Chain"
Transcript: "Food chain
We studied about feeding living things, started with bean planting and experience about
photosynthesis.
In photosynthesis the plant absorbs carbon dioxide, releases oxygen and produces its own food which
is glucose.
And then we play a game of the food chain, the food chain is: animals feed on plants and the larger
ones feed on other animals.
And we also learn about primary, secondary and tertiary.
Animals are consumers and plants are producers."
Source: Search data (2018)
From the analysis of the records presented above, as well as an adaptation of the
categories of analysis of Moraes (2015), it is possible to infer that the students "describe
the
materials used in the research
"; "
present an understanding of what photosynthesis is
" and
"present
an understanding of what the food chain is
."
From this perspective, it is also possible to infer that the preliminary analysis of these
data showed how much the children were able to communicate, report and appropriate the
activities performed by attributing their own senses, but at the same time, based on scientific
evidence. The activities developed allowed the development of skills associated with scientific
making (manipulation of experimental materials, survey and hypothesis testing, work with data
and evidence, formation of scientific concepts), which are powerful tools of insertion of the
child in scientific culture and, consequently, contributes to the promotion of Scientific Literacy.
Moreover, these data indicate possibilities of integration between the disciplines of
Portuguese Science and Language, in the context of The Teaching of Science by Research and
Scientific Literacy.
Gabini and Diniz's (2012) research pointed out that teachers from the early years, in the
process of continuing education, argued that the preparation of the reports produced by the
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students, based on investigative activities, contributed to the writing process (literacy). Bertola
and Moraes (2021), in the context of the Pedagogical Residency Program, also point to the
power of written records, coming from investigative actions, which may favor the child's need
to write and communicate their findings, understood as an activity inherent to investigative
work.
B
randi and Gurgel (2002) highlight the importance of the reading and writing process
in the EC, with a view to introducing the child into scientific culture. They rely on several
researchers to present a model of development of the science curriculum, on which they
consider some theoretical elements as fundamental components in this process, namely: critical
thinking; collective activities between disciplines; students' problem-solving skills; persuasive
communication; students' prior view on scientific, technological and social topics; ideal
schooling environment for teaching-learning; teachers' knowledge and skills on the issue;
among others.
For the authors, teacher education is an essential element for the insertion of AC in the
initial years of the EF. In addition, they present other studies with children in this segment that
initially aimed only to focus on the development of EC. However, they realized, during the
work, that the learning of the Portuguese language developed concomitantly.
This "new" way of working the process of literacy of written and scientific languages
necessarily imposes a new form of "teaching gestures", based on a practice of reading and
discursive writing, of great verbal interaction, rich moments of dialogue, reciprocal teacher-
child relationship, in which the teacher is constantly innovating, from the organization of the
physical space of the classroom and available materials to the selection of methodologies and
dynamics to be used. Working in this way, in which everyone has a turn and voice, the school
will not be excluding or marginalizing students from different social contexts. On the contrary,
it will be the opportunity for everyone to exercise their rights and free will within a school that
is said to be democratic, but which has often been extremely traditionalist and exclusionary.
And, as literacy forms the basis and beginning of the school process of the student's life, we
believe that democratic teaching must start from this, in order to spread and reach the collective.
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Final considerations
The perspective of this article was to discuss about the potential of Science Teaching by
Research, both in the context of the formation of scientific concepts by children and in the
interface with the area of languages. The hypothesis that underlies this investigation allows us
to infer that the ENCI has the potential to contribute to effective processes of Scientific Literacy
of children and, therefore, presents itself as an innovative methodological approach.
To this end, one of the paths chosen in this investigation to verify the skills associated
with the AC process, from the proposition of a SEI, focuses on elements such as oral and
written/designer language of children.
The activities proposed in the Investigative Teaching Sequences allowed students to
engage with scientific culture through problem solving, survey and hypothesis testing, material
exploration, data collection, oral discussions and information recording. By experiencing this
process of investigation and making use of different languages of science, the child begins to
develop essential skills for scientific doing, which have a direct relationship with AC processes,
as well as enable the formation of new scientific concepts (MORAES; OAK, 2017).
Data analysis also allows us to infer about the contribution of the ENCI to the processes
of appropriation of written language, reading and writing, that is, literacy as an integrating
element between areas of knowledge and that allows a renewal of Scientific Education in the
context of the classroom, as pointed out in the researches of Brandi and Gurgel (2002), Gabini
and Diniz (2012) and Bertola and Moraes (2021).
In this sense, the development of these skills has a direct implication for the EC and
should be fostered since the initial years of the EF, aiming at the construction of new concepts
and scientific tools and the increasing involvement of children in scientific literacy processes.
Finally, it is necessary, also, to highlight the urgency that the teacher, especially in the
early years, review his praxis, in order to better provide children with spaces for discussions,
elaboration of their own ideas; that they mediate and strengthen the process of growth and
apprehension of written language in the child, considering the pre-existing knowledge to the
school, his previous knowledge, becoming a subject that teaches and a subject who learns,
partner of a social process that will lead to the growth of both, surpassing the mechanical
knowledge passed on by the school, still, in contemporaneity.
It is important to emphasize, however, that the teaching action lacks scientific bases,
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ithout which there will never be mediated reflection – on the part of the teacher of his own
practice – in appropriate theories departing from works, whose contents are precious in order
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to indicate ways to be followed by those who intend to translate a critical, humanizing and
conscious educational praxis; theoretical-methodological works that do not require detailed and
in-depth study by the teacher, whether in his initial or continuing education.
However, much has yet to be done to achieve this goal, because we know that the
problem of school is not only methodological, but also mainly political and social. Many
transformations will be made in the social context and in the school, because the process of
discursive literacy itself, full and genuine, will only occur in conditions suitable and adequate
for its implementation, which is greatly hindered, given the current operating conditions of the
Brazilian public school, characterized by the overcrowding of students in the classes, overload
of teachers' working hours, low wages and insufficient, fragile and precarious training – which
does not prevent us from innovating in research and didactic interventions capable of producing
pedagogical and social implications at the same time, causing the necessary and welcome
changes, overcoming and revolutionizing commitments in the knowledge, feeling, thinking and
acting teachers. From this point of view, assuming the task of proceeding to the work of literacy
of written and scientific languages, on new bases, necessarily implies assuming a political
conduct of social transformation.
ACKNOWLEDGMENT
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Nuances Est. Sobre Educ.,
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https://doi.org/10.32930/nuances.v33i00.9496
Submitted
:
25/08/2021
Revisions required
: 19/10/2021
Approved
: 08/02/2022
Published
: 31/03/2022