Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 8, n. 1, e024014, 2024. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2024.8927 1
Potencialidades da Produção Fungícola no Brasil
Potencialidades de la Producción Fungícola en Brasil
Potentialities of Fungi Production in Brazil
João Artur Parisotto SINHORI1
e-mail: joao.psinhori@gmail.com
Como referenciar este artigo:
SINHORI, J. A. P. Potencialidades da produção fagícola
no Brasil. Revista Geografia em Atos, Presidente
Prudente, v. 08, n. 01, e024014, 2024. e-ISSN: 1984-1647.
DOI: https://doi.org/10.35416/2024.8927
| Submetido em: 31/08/2021
| Revisões requeridas em: 17/05/2023
| Aprovado em: 05/12/2024
| Publicado em: 10/12/2024
Editoras:
Eda Maria Góes
Karina Malachias Domingos dos Santos
Rizia Mendes Mares
1
Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande RS Brasil. Mestrando em Geografia pela
Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Possui bacharelado
em Geografia pela Universidade Federal do Rio
Grande (FURG).
Potencialidades da produção fungícola no Brasil
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RESUMO: O estudo tem como objetivo principal analisar o setor fungícola brasileiro e sua
potencialidade para o crescimento e desenvolvimento econômico do país. Os cogumelos têm sido
utilizados pelos seres humanos milênios, tanto como alimento quanto em métodos alternativos
de remediação, como a purificação de poluentes e compostos tóxicos. No entanto, sua produção
comercial ganhou destaque globalmente na década de 1970, especialmente nos países asiáticos. A
imigração sino-nipônica ao Brasil parece ter sido um fator crucial para o cultivo de fungos, embora
não tenha sido o principal motivo da imigração. Utilizando metodologia quantitativa, foram
analisadas as informações do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) para os anos de
1995, 2006 e 2017, além de uma revisão bibliográfica. De acordo com o IBGE, o primeiro
levantamento de dados sobre a produção de cogumelos no Brasil ocorreu em 1995. Foram
analisados os pontos fortes da fungicultura no país, como o desenvolvimento econômico,
evidenciado pelo aumento do preço do produto em relação à quantidade produzida. No entanto,
também foram identificadas fraquezas, como a concentração da produção em estabelecimentos de
alguns estados, especialmente no Rio Grande do Sul.
PALAVRAS-CHAVE: Fungicultura. Desenvolvimento Econômico. Potencial de Crescimento.
RESUMEN: El estudio tiene como objetivo principal analizar el sector fungícola brasileño y su
potencial para el crecimiento y desarrollo económico en el país. Los hongos han sido utilizados
por los seres humanos durante miles de años como alimento y en métodos alternativos de
remediación, como la purificación de contaminantes y compuestos tóxicos. Sin embargo, su
producción comercial ganó relevancia globalmente en la década de 1970, especialmente en los
países asiáticos. La inmigración sino-japonesa a Brasil parece haber sido un factor crucial para
el cultivo de hongos, aunque no fue el principal motivo de la llegada. Utilizando una metodología
cuantitativa, se analizaron los datos del Sistema IBGE de Recuperación Automática (SIDRA) para
los años 1995, 2006 y 2017, a como una revisión bibliográfica. Según el IBGE, el primer
levantamiento de datos sobre la producción de hongos en Brasil se realizó en 1995. Se analizaron
los puntos fuertes de la fungicultura en Brasil, como el desarrollo económico, evidenciado por el
aumento del precio del producto en relación con la cantidad producida. Sin embargo, también se
identificaron debilidades, como la concentración de la producción en establecimientos de algunos
estados, especialmente en Río Grande do Sul.
PALABRAS CLAVE: Fungicultura. Desarrollo Económico. Potencial de Crecimiento.
ABSTRACT: The study below focuses on analyzing the Brazilian fungus industry and its potential
for growth and economic development in the country. Mushrooms have been used by humans for
thousands of years as food and an alternative to remediation as a method of purifying pollutants
and toxic compounds. However, their production as a product gained emphasis in the 1970s, mainly
in Asian countries. The Sino-Japanese immigration to Brazil seems to have been a crucial factor in
the culture of fungi production, although this was not the main reason for their arrival. With a
quantitative methodology, we obtained our data from the IBGE System of Automatic Recovery
(SIDRA) for the years 1995, 2006, and 2017, and followed our research with a literature review.
According to IBGE, the first data survey on mushroom production in Brazil was performed in 1995.
Thus, the strengths of fungi production in Brazil were analyzed, such as the economic development
envisaged by the increase in the price of the product to the quantity produced; nevertheless, we also
analyzed the weaknesses, such as the concentration of production by establishments in some states,
especially in Rio Grande do Sul.
KEYWORDS: Fungi production. Economic Development. Growth Potential.
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Introdução
Por trás do misticismo que envolve o mundo dos fungos, que ilustra nosso imaginário
com histórias fantasiosas em diversos folclores, existe um vasto campo científico que se
compromete a desvendar seus mistérios e benefícios à saúde. Os fungos são utilizados pela
humanidade desde o período compreendido como pleistoceno (2,58 milhões 11,7 mil anos a.
C.), apesar de que a espécie de cogumelo mais antiga conhecida tenha sido catalogada a partir
de um fóssil de Gondwanagaricites magnificus (Figura 1), de aproximadamente 115 milhões
de anos (TIMM, 2018). De acordo com a edição n.° 21674 da revista Nature, povos neandertais
que viviam na Espanha, na região da caverna El Sidrón, se alimentavam de cogumelos,
castanhas, e produtos que coletavam na floresta (WEYRICH, 2017). A descoberta sobre a dieta
neandertal foi realizada com base em micro fissuras e de bactérias conservadas no rtaro,
revelando uma dieta de acordo com que o meio disponibilizava.
Figura 1 Gondwanagaricites magnificus
Fonte: Heads et al. (2017, p. 3).
Mais recentemente, cerca de 3.500 anos, os Maias, bem como populações tribais
mexicanas, guatemaltecas e amazonenses, faziam o uso de um cogumelo chamado de
“carne de deus”, na ngua maia, teonanácatl”, porém com fins ritualísticos e de cura
(MIKOSZ, 2009). Adentrando no século XX, um personagem que se destaca na literatura dos
fungos é o químico suíço Albert Hofmann, notoriamente conhecido pela descoberta do ácido
lisérgico (LSD), entretanto o intuito era produzir uma substância que pudesse servir de
estimulante circulatório e respiratório. Mais tarde sua experiência seria relatada no
livro
“LSD:
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My Problem Child Reflections on scary drugs, mysticism, and science”.
Os cogumelos, classificados como fungos, são naturalmente decompositores de matéria
orgânica, e por isso, detém um papel vital tanto no meio natural, como na cadeia industrial,
amplamente utilizados na degradação de moléculas complexas e na formulação de fármacos
(TIMM, 2018). Pode-se citar por exemplo a penicilina na resposta antibiótica, ou a lignina-
peroxidase, enzima responsável pela aceleração do processo de degradação da lignina na
indústria madeireira. Para se ter uma ideia dos valores movimentados pelo mercado global de
cogumelos, no ano de 2019, a economia dos fungos foi avaliada em US$ 53.7 bilhões (IMARC
Group, 2020). Embora a produção brasileira não possua tanto destaque no mercado mundial, se
comparado ao nível de produtividade de países asiáticos e europeus e a cultura do fungo
como alimento ainda não possua tanta visibilidade, o interesse pelo cultivo de cogumelos
comestíveis por parte de pequenos e médios proprietários vem crescendo (ANPC, 2012).
Um dos fatores que permite essa potencialidade no setor fungícola brasileiro nos dias
de hoje teve início na primeira metade do século XX, com a imigração japonesa e chinesa para
o território nacional. Com o objetivo mútuo de liberar os contingentes populacionais do Japão
e China, esses povos chegaram ao Brasil para compor força de trabalho (ASSEMBLÉIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008). Como eram dotados de habilidade e
técnica no plantio em relevos irregulares, poderiam trabalhar no setor da agricultura intensiva
cafeeira. Além de trazerem ampla experiência no plantio de ervas, trouxeram ao novo
continente o cultivo de fungos comestíveis, prática comum em países asiáticos. Como o foco
da imigração era para a produção do commoditie do café, que se localizava em grande parte no
Sudeste brasileiro, houve uma maior concentração de povos originários da Ásia na região do
Estado de São Paulo. Com isso o somente prosperou a indústria cafeeira, bem como se
deu o início da produção fúngica no Brasil, porém apenas para o consumo familiar.
Atualmente, a região sudeste é a maior produtora de cogumelos do Brasil, em especial o estado
de São Paulo, cuja produção atinge 95% do total nacional (IBGE, 2017).
Se por um lado sinos e nipônicos trouxeram consigo o conhecimento sobre a produção
de diferentes plantas e de cogumelos, por outro, a colheita e o consumo de cogumelos
ocorriam em povos nativos amazônicos que utilizavam os recursos da floresta.
O interesse pelo cultivo e comercialização de cogumelos no país surgiu pelo potencial
produtivo e econômico observados nas bases de dados disponíveis no IBGE. E para melhor
visualização dessas informações tem-se como objetivo apresentar uma análise do setor da
fungicultura no Brasil com base no Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA).
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Com a expansão da produção de cogumelos, a partir de 1995, é possível verificar a
criação de empregos e o crescimento econômico, bem como a quantidade colhida de um
alimento de altíssima qualidade. No decorrer do texto, o leitor encontrará dados relevantes
sobre a produção brasileira, o potencial de expansão e onde está localizada a produção.
Revisão bibliográfica
Apesar dos cogumelos serem conhecidos como alimentos tipicamente asiáticos, vale
lembrar que os fungos estão presentes em todas as partes do globo. De acordo com estudos
etnomicológicos a partir das décadas de 1960 e 1970 é relatado o consumo de macro-fungos
por tribos indígenas da Amazônia brasileira (Yanomami, Tucano, Nambiquara, Caiabi, Txicão
e Txucurramãe), venezuelana (Hotï), colombiana (Uitoto, Muinane e Andoke) e povos rurais e
ribeirinhos da mata peruana. (VARGAS-ISLA, 2013). A utilização como alimento pelos grupos
indígenas é caracterizada pela colheita em floresta nativa, diferentemente das técnicas trazidas
pelos migrantes chineses e japoneses.
Alicerçada pelos interesses de dois países, a imigração japonesa ao Brasil se deu pela
necessidade de mão-de-obra para trabalhar nas fazendas de café no estado de São Paulo e no
norte do estado do Paraná, bem como o alívio nas tensões sociais no Japão provocada pelo alto
índice demográfico no início da era Meiji (1868 - 1912) (ALESP, 2020). De acordo com a
Lei 97, de 5 de outubro de 1892, o leque imigratório abrangeu não apenas aos nipônicos,
mas também aos sinos:
Permitte livre entrada no territorio da Republica de immigrantes de
nacionalidade chineza e japoneza; autorisa o Governo a promover a execução
do tratado de 5 de setembro de 1890 com a China; a celebrar tratado de
commercio, paz e amizade com o Japão, e dá outras providencias attinentes á
immigração daquellas procedencias (BRASIL, 1892).
A produção de cogumelos no continente asiático começou a crescer apenas na segunda
metade do século XX, principalmente na China (ZHANG, 2014). Contudo, o aumento da
produtividade no continente asiático nas décadas de 1970 e 1980 foi monumental, atingindo
80% da produção mundial e crescendo 10% ao ano nas três décadas seguintes. Esse processo
de crescimento deve-se especialmente ao clima, regiões quentes e úmidas, oferecendo
condições propícias à cultura de cogumelos (ZHANG, 2014).
O cultivo oferece um custo mais barato para a produção, bem como seguridade
alimentar e uma dieta mais sustentável e nutritiva (ZHANG, 2014). No entanto, como o clima
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é um fator importante para a produção de cogumelos, a China, atualmente o maior emissor
mundial de gás carbônico, possui um desafio pela frente, desenvolver-se sem destruir o meio
ambiente. O constante lançamento de gases que intensificam o efeito estufa pode ser
extremamente prejudicial para proliferação natural dos macro-fungos, uma vez que uma
mudança de temperatura ou umidade locais acarretaria no não desenvolvimento do corpo
fúngico (ZHANG, 2014). O fato revela que a degradação do ambiente vem dificultando as
colheitas em florestas nativas, o que torna os cogumelos silvestres cada vez mais inacessíveis,
inclusive pela mão-de-obra dispendiosa.
no Brasil, de acordo com a Associação Nacional de Produtores de Cogumelos
(ANPC), em 2012 o setor fungícola conta com mais de 300 produtores, em grande maioria,
micro e pequenos agricultores familiares, que são responsáveis por gerar mais de 3.000
empregos diretos com a produção de cogumelos como a sua principal fonte de renda
(ANPC, 2012). O Brasil, com 12.730 toneladas por ano com um valor de venda de
R$132.113.000,00 (SIDRA, 2017), não possui lugar entre os grandes produtores mundiais de
cogumelos, como a China, por exemplo, com pouco mais de 5 milhões de toneladas, maior
produtor mundial, seguido por aumentos notáveis na produção em países como Japão, Itália,
EUA, Holanda e Polônia (FAOSTAT, 2011).
Além da abertura de mercado para o setor da horticultura no cenário nacional, o que
gera inúmeros empregos e segurança socioeconômica local, também a questão da capacidade
nutricional. Os cogumelos chamam a atenção pelas propriedades encontradas, uma fonte rica
em proteínas de qualidade e baixíssima porcentagem de gordura. Ademais, muitas espécies de
fungos apresentam potencial para várias utilidades, como fonte de novos fármacos,
biorremediação, aceleração em processos industriais e controle de pragas (TIMM, 2018).
Os fungos, como organismos heterotróficos, necessitam de uma fonte externa de
alimento, ou seja, dependem da ingestão de matéria orgânica viva ou morta para a
sobrevivência. Desse modo, são inclusos os resíduos agroindustriais, como bagaço de cana,
palhas em geral, gramíneas, folhas secas, serragem, madeiras não resinosas, entre outros
exemplos de substrato que servem de nutrição para o corpo fúngico (EMBRAPA, 2005). o
obstante a possibilidade de fechar o ciclo agrícola, com a ideia de sustentabilidade, um
produto que seja economicamente eficiente, ecologicamente prudente e socialmente
desejável, durante a preparação de um substrato, cultivo e pós-colheita (ASSIS, 2002 apud
LOPES; LOPES, 2011). Uma vez que se utilizam restos provenientes da agricultura para a
produção de um novo cultivo, elimina-se a quantidade de lixo orgânico produzido. Isso nutrirá
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o cogumelo na fase de frutificação até que esteja pronto para a colheita. Após o esgotamento
nutricional do substrato, é possível devolvê-lo à terra como adubo para alguma futura cultura.
Em vista disso, a sustentabilidade torna-se tangível.
Além disso, o Brasil, localizado entre as latitudes de 5°16’19’’ e -33°45’07’’ (IBGE,
2021), é considerado um país tropical em grande parte do território e apresenta variação de
temperatura e umidade ao longo do eixo principal do país, Norte Sul. Os fungos estão
presentes nos mais diversos ambientes do globo, porém com temperatura, umidade e energia
ideais, o desenvolvimento do corpo frutífero se torna possível em basidiomicetos, classe do
reino Fungi, logo, o país possui ambientes propícios para a criação de cogumelos.
O tema possui importância significativa quando se fala em abertura de mercado, geração
de renda, melhoria socioeconômica de produtores e seguridade alimentar. Embora não seja uma
espécie culturalmente conhecida como alimento no ocidente, os cogumelos estão ganhando
cada vez mais espaço no território brasileiro, à medida que são produzidos conteúdos sobre a
área do conhecimento em questão.
Metodologia
O trabalho consiste em uma metodologia quantitativa, que tem como base os dados do
Censo Agropecuário do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) nos anos de 1995,
2006 e 2017, com a finalidade de verificar o número de estabelecimentos hortícolas que
possuem alguma produção de cogumelos comestíveis, quantas toneladas foram produzidas e o
valor de venda nas grandes regiões (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste) e das
Unidades da Federação.
Os dados para análise foram dispostos em gráficos e foi produzido um mapa temático a
fim de espacializar a produção brasileira de cogumelos, bem como uma comparação entre os
anos para melhor visualização do setor fungícola. As análises possuem ainda gráficos
apresentando anomalia de crescimento, mostrando o crescimento do valor do produto em
comparação às toneladas produzidas, apontando para uma justificativa a investimentos na área.
Ademais é apresentado a produção por estabelecimento e a produção bruta, o que revela
tendências e comportamentos diferentes.
Desse modo, possibilitará uma melhor compreensão da fungicultura brasileira em quatro
escalas diferentes. Com a comparação entre os anos será possível visualizar e analisar o
crescimento econômico do Brasil no mercado da fungicultura e avaliar o potencial de expansão
da cultura.
Potencialidades da produção fungícola no Brasil
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Análise dos dados
De acordo com os dados abaixo é possível visualizar, de forma concreta, o crescimento
do setor fungícola em quatro escalas internacional, nacional, regional e local. A análise baseia-
se nas informações do SIDRA dos anos de 1995, 2006 e 2017 para o âmbito nacional, e da
FAO, com foco no cenário internacional no ano de 2019. Foram estudados os dados sobre a
produção em toneladas, número de estabelecimentos e, posteriormente, o valor de produção.
O Grande Cenário
Até agora sabemos que o Brasil se apresenta como um país iniciante na produção de
fungos. Desse modo, serão apresentados gráficos sobre a produção, valor de produção e
quantidade produzida. Ao ampliar a escala para um cenário mundial, o Brasil ainda é incipiente,
se comparado com outros países (Figura 2). Os gráficos abaixo são baseados em dados anuais
estatísticos da Food and Agriculture Organization of the United Nations
(FAO), que
levantam
informações desde 1994.
Figura 2 Grandes Produtores de Cogumelos
Fonte: elaborado pelo próprio autor.
Os grandes produtores podem alcançar até 400x a produção do melhor ano brasileiro,
como ao exemplo da China, líder mundial na produção de cogumelos, com aproximadamente
5 milhões de toneladas. De acordo com FAOSTAT (2011), 73,9% da produção mundial é
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originária da Ásia, ao passo que a produção americana depende apenas dos vizinhos do norte,
não havendo informações datadas sobre a produção latino-americana.
Produção Brasileira de Cogumelos em 1995
Apesar das pouco mais de 4.000 toneladas de cogumelos apresentadas em 1995,
acredita-se que antes dessa data houvesse alguma produção. Em contrapartida, o trabalho
possui foco nas décadas de 1995 a 2017 para efetivar uma base concreta sobre os dados
fornecidos sobre o setor dos cogumelos no Brasil.
A Figura 3 apresenta a produção de cogumelos no Brasil no ano de 1995. Com 4.424
toneladas colhidas, o país apresentava o maior produtor localizado na região sudeste, o estado
de São Paulo, com 3.626 toneladas. Isso representava 82% do total dos cogumelos gerados em
terras nacionais. O gráfico mostra também Rio Grande do Sul e Paraná, dois estados que
apresentaram produções mais significativas, respectivamente 359 toneladas e 222 toneladas;
além disso constam como “outros” o restante da produção, totalizando em 216 toneladas,
representado pelos seguintes estados: Pará, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro,
Santa Catarina e Distrito Federal.
Figura 3 Produção de Cogumelos em Toneladas no Ano de 1995
Fonte: SIDRA.
222
359
São Paulo Rio Grande do Sul Paraná Outros
3626
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Os dados acima evidenciam que existe uma grande disparidade não apenas ligado à
capacidade produtiva entre as Grandes Regiões, mas também no número de estabelecimentos
produtores de cogumelos, conforme apresentado na Figura 4. Para a região Norte, apenas 3
toneladas foram produzidas. Na região Nordeste a produção atingiu 44 toneladas. O Sudeste
fica com a posição de maior produtor de cogumelos comestíveis do Brasil, com 3.792
toneladas do produto. A região Sul foi a segunda maior produtora de cogumelos, com um total
de 584 toneladas. Enquanto na região Centro-Oeste foi produzida apenas uma tonelada. De
certa forma é correto afirmar que um fator determinante para que a produção seja maior nos
estados do SE e S seja pela forma que se deu a distribuição da população imigrante asiática
em território nacional, visto que o foco da imigração foram os estados de São Paulo, Minas
Gerais e Paraná. Embora no Rio Grande do Sul a imigração sino-nipônica não tenha sido
volumosa, nota-se um número expressivo de produção.
Figura 4 - Estabelecimentos Produtores de Cogumelos em 1995
Fonte: SIDRA.
Na Figura 4 pode ser verificado que o Brasil apresenta 512 estabelecimentos
produtores de cogumelos, do qual mais da metade estão concentrados nos estados do Rio
Grande do Sul (197) e São Paulo (195), que juntos somam 392 estabelecimentos. Na região
Norte do país pode-se observar 45 estabelecimentos produtivos, todos localizados no
250
200 195 197
150
100
50
45
13
18
25
Pará
Esrito
Santo
São Paulo
Rio de Janeiro
Paraná
Santa Catarina
Rio Grande
do Sul
Distrito Federal
Ceará
Bahia
Minas
Gerais
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estado do Pará. O estado do Pará foi palco da experiência de colonização japonesa na década
de 1950 (ISHIZU, 2011), o que contribui como fator para a prática da fungicultura. Para o
Nordeste, constam 14 unidades, divididas entre Bahia (13) e Ceará (1). O Sudeste apresenta
225 informantes e conta com os estados de São Paulo (195), Minas Gerais (18), Espírito Santo
(6) e Rio de Janeiro (6). No Sul é relatado 227 unidades, que se dispõem entre os estados do
Rio Grande do Sul (197), Paraná (25) e Santa Catarina (5).
Representados na Figura 5 os dez estados seguintes estarão na ordem de maior
produtor para o menor, no ano de 1995, em toneladas (representadas por “t”) de cogumelos
comestíveis: São Paulo (3.626t), Rio Grande do Sul (359t), Paraná (222t), Minas Gerais (86t),
Espírito Santo (45t), Bahia (44t), Rio de Janeiro (35t), Pará (3t), Santa Catarina (2t), Distrito
Federal (1t).
Figura 5 Mapa da Produção Brasileira de Cogumelos em 1995
Fonte: elaborado pelo próprio autor.
No mapa acima, a produção está representada pelo tamanho dos círculos, de modo que
quanto maior o círculo, maior é a produção; e por cores em degradê, que vai do branco,
caracterizando uma quantidade ínfima de cogumelos, até o vermelho, que está apresentado o
maior aporte fúngico nacional. Pode-se observar que apenas o Distrito Federal apresentou
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coloração branca, ao passo que São Paulo está escarlate. Pontos extremos do nicho fúngico
apresentados no Brasil no ano de 1995.
Produção Brasileira de Cogumelos em 2006
A Figura 6: Produção brasileira de cogumelos em toneladas em 2006 apresenta a
produção de cogumelos no Brasil no ano de 2006. Com 5.869 toneladas colhidas, o país
apresenta o maior produtor localizado na região sudeste, o estado de São Paulo com 5.350
toneladas. Isso representa 91% do total dos cogumelos produzidos em terras nacionais. O
gráfico mostra também Minas Gerais e Paraná, dois estados que apresentaram produções mais
significativas, respectivamente 258 toneladas e 153 toneladas; além disso constam como
“outros” o restante da produção, totalizando em 216 toneladas, representado pelos seguintes
estados: Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina
e Goiás.
Figura 6 Produção brasileira de cogumelos em toneladas em 2006
Fonte: SIDRA.
Para a região Norte foi constatada 1 tonelada. No Nordeste foram relatadas 8 toneladas,
sendo 7 toneladas apenas na Bahia. Enquanto no Centro-Oeste foram apresentadas 3 toneladas,
onde 1 tonelada foi registrada em Goiás. O Sudeste apresenta quantidades que sustentam a
produção brasileira, com 5.657 toneladas produzidas das 5.869 do total da produção brasileira
no ano de 2006, representando uma porcentagem de 96,2%. O Sudeste conta com os estados de
Minas Gerais São Paulo Paraná Outros
5.350
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Minas Gerais, com 258 toneladas registradas; Espírito Santo, com 4 toneladas em registro; Rio
de Janeiro, com 9 toneladas; e São Paulo com 5.350 toneladas registradas no sistema SIDRA.
Na região Sul, considerada a segunda maior produtora de cogumelos, a produção foi de 226
toneladas, nada comparado à maior região produtiva, representando apenas 3,85% do total
produzido pelo Brasil. A região conta com os estados de Paraná, com 153 toneladas registradas;
Santa Catarina, com 46 toneladas e Rio Grande do Sul, com 27 toneladas.
A
Figura 7:
Estabelecimentos produtores de cogumelos em 2006 apresenta os dados sobre o número de
estabelecimentos que produziram cogumelos no ano de 2006.
Figura 7 Estabelecimentos produtores de cogumelos em 2006
Fonte: SIDRA.
De acordo com a figura 7, baseado no Sistema IBGE de Recuperação Automática
(SIDRA), é contabilizado o número de estabelecimentos agropecuários com horticultura
(unidade) referente à produção de cogumelos no ano de 2006. Levando em conta as escalas
correspondentes à Nacional, Grande Região e Unidades da Federação.
A escala nacional exibe um total de 386 estabelecimentos produtores de cogumelos. Na
região Norte, obteve-se registro de apenas 3 estabelecimentos produtores de cogumelos,
correspondente a 0,53% dos estabelecimentos totais. Na região Nordeste, registro de 6
estabelecimentos fungícolas, que representam a parcela de 1,59% dos estabelecimentos totais.
O Sudeste do país destaca-se com 320 estabelecimentos, representando 83,77% dos
estabelecimentos totais do território brasileiro e conta com os estados de Minas Gerais, Espírito
300
277
250
200
150
100
27
30
11
Bahia Rio de
Gerais Santo Janeiro
São
Paulo
Paraná Santa Rio Goiás
Catarina Grande
do Sul
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Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.
Para a região Sul, a segunda maior produtora de cogumelos no ano de 2006, que
apresenta 49 estabelecimentos fungícolas entre os estados de Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, equivalendo em 12% dos estabelecimentos referentes ao total na nação. Para a
região Centro-Oeste, registros de 8 estabelecimentos fungícolas, e conta apenas com o
estado de Goiás, representando um percentual de 1,86% do total brasileiro.
Na figura 8: Produção Brasileira de Cogumelos em 2006 observa-se que foram
apresentadas as produções como simbologia categorizada representando a produção de cada
macrorregião, e por tamanhos dos círculos encontram-se as produções dos estados.
Figura 8 Produção Brasileira de Cogumelos em 2006
Fonte: elaborado pelo próprio autor.
No ano de 2006 é perceptível a oscilação da produção em algumas regiões e estados,
como o decréscimo ocorrido no estado do Rio Grande do Sul, por exemplo. Em contrapartida,
o estado de São Paulo continuou sendo o destaque no Brasil, com pouco mais de cinco toneladas
constatadas. O mapa revela também que para as regiões Norte e Nordeste houve um declínio
no setor, enquanto no Sudeste a situação é inversa.
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Produção Brasileira de Cogumelos em 2017
Dos anos analisados, 2017 foi de longe o ano de maior progresso no setor fungícola. Nos
gráficos abaixo, é possível ver o desempenho brasileiro no que diz respeito à quantidade, em
toneladas, conforme a Figura 9: Produção de cogumelos no ano de 2017, produzida, bem
como o número de estabelecimentos agropecuários que produzem cogumelos, como mostra a
Figura 10: Estabelecimentos produtores de cogumelos em 2017.
Figura 9 Produção Brasileira de Cogumelos no ano de 2017
Fonte: SIDRA.
415 360
685
11108
Minas Gerais São Paulo Paraná Outros
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Figura 10 - Estabelecimentos Produtores de Cogumelos em 2017
Fonte: SIDRA.
No ano de 2017, o Brasil registrou 773 estabelecimentos produtores de cogumelos
comestíveis que culminaram 12.689 toneladas do produto. Dividem-se em cinco grandes
regiões: Norte, com um salto para 294 estabelecimentos, tornando-se assim, a segunda
região que mais possui estabelecimentos fungícolas no país. Nordeste, com 5 estabelecimentos;
sudeste, com 343 estabelecimentos e mantendo-se na liderança da produção nacional; Sul, com
126 estabelecimentos, sendo desbancado pela região norte em número de estabelecimentos; e
Centro-Oeste, com 5 informantes, mesma quantidade que o nordeste do país.
Neste ano, destacam-se duas unidades federativas que, até então, não haviam registro
de estabelecimentos, sendo esses Amazonas e Roraima, com 111 e 183 estabelecimentos
respectivamente. Os dois novos estados produtores foram os responsáveis por alavancar a
região norte do país como a segunda região com mais unidades fungícolas. Todavia, a
região apresenta apenas 4 toneladas de produto, sendo 2 toneladas para ambos os estados do
Amazonas e Roraima. Um aumento repentino do número de estabelecimentos, mas com baixa
produtividade sugere que algum agente externo esteja se favorecendo desses estabelecimentos
para o aumento da produção em outra região do país, como por exemplo empresas do sudeste
terceirizando a produção em outros estados.
No nordeste brasileiro, os estados de Ceará, Pernambuco e Bahia mantêm a produção
111
183
12 2
50
14 27
252
99
819
0
50
100
150
200
250
300
Número de Estabelecimentos que produzem cogumelos em
2017
Amazonas
Roraima
Ceará
Pernambuco
Bahia
Minas Gerais
Espírito Santo
Rio de Janeiro
São Paulo
Paraná
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
João Artur Parisotto SINHORI
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nordestina de cogumelos comestíveis, com 1, 2 e 2 unidades, respectivamente, totalizando os 5
estabelecimentos registrados. registro de 4 toneladas, porém os estados que possuem
unidades produtoras não apresentaram valores de produção, pois os dados são identificados
com o caráter X a fim de inibir a inferência com menos de 3 informantes.
A região sudeste destaca-se pela alta quantidade de estabelecimentos fungícolas, um
total de 343 unidades, que produziram ao longo do período de pesquisa 12.098 toneladas de
cogumelos e compreendem os estados de Minas Gerais, com 50 unidades e 685 toneladas;
Espírito Santo, com 14 unidades e 210 toneladas; Rio de Janeiro, com 27 unidades e 96
toneladas; e São Paulo, com 252 unidades e principal produtor nacional com 11.108 toneladas.
O estado de São Paulo representa 87,5% da produção nacional de cogumelos.
Na região sul, o estado do Paraná tornou-se o maior produtor, com 99 unidades e 415
toneladas, o que levanta uma possibilidade de que a produção paranaense seja influenciada pela
produção paulista. Seguido por Rio Grande do Sul, com 19 unidades e 127 toneladas
produzidas; e Santa Catarina, com apenas 8 estabelecimentos e 23 toneladas.
No Centro-Oeste, apenas Goiás e o Distrito Federal apresentaram unidades produtoras
de cogumelos, com 1 unidade no estado goiano e 4 no Distrito Federal. Totalizando 5
estabelecimentos na região.
Na Figura 11: Mapa da Produção Brasileira de cogumelos em 2017 pode-se visualizar
a produção de fungos comestíveis caracterizado por cor em produções de cada macrorregião e
por círculos de tamanhos proporcionais à produção de cada estado.
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Figura 11 Mapa da Produção Brasileira de cogumelos em 2017.
Fonte: elaborado pelo próprio autor.
Comparações Anuais da Produção de Cogumelos em Valores e Quantidade de 1995 a
2017
De acordo com os gráficos de valor de produção (Figura 12: Valor da Produção x 1000)
e total produzido, que seguem abaixo, é possível analisar de modo comparativo o crescimento
do setor dos cogumelos desde o ano de 1995 até 2017. Ademais, nota-se também um
comportamento em produções por estabelecimentos e produções por toneladas.
João Artur Parisotto SINHORI
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Figura 12 Valor da Produção x 1000
Fonte: Arquivo Pessoal.
Em 1995, um ano após a criação do Real, o cenário da produção de cogumelos no Brasil
resultou em R$ 9.868.000,00, entretanto em paridade com 2020 esse valor estaria na casa dos
R$ 51.650.066,90. Dez anos após o primeiro ano de fungicultura brasileira registrado,
em 2006 o valor aumentou, cerca de R$ 29.870.000,00 o que significa um cenário positivo para
a fungicultura. No entanto, ao se calcular a paridade da moeda, no ano de 2020 esse mesmo
valor equivaleria a R$ 62.678.814,98. em 2017, de longe o melhor ano da fungicultura no
país, muito devido aos avanços da tecnologia, cnicas e práticas de cultivo de cogumelos.
Nesse ano a fungicultura arrecadou R$ 138.898.000,00 que no ano de 2020 o valor atualizado
ficou em R$ 154.735.867,94. E para se ter uma ideia do quanto
foi produzido, no gráfico abaixo
(Figura 13: Produção em toneladas por ano)
está representada a
curva ascendente da produção
brasileira.
R$180,000,000.00
R$160,000,000.00 R$154,735,867.94
R$140,000,000.00
R$60,000,000.00
R$51,650,066.90
R$40,000,000.00
R$0.00
1995
2006
2017
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Figura 13 Produção Brasileira de Cogumelos em Toneladas x Ano
Fonte: SIDRA.
Um aumento de 33% comparado com o ano anterior. Em 2017, o Brasil apresentou
12.689 toneladas. Isso representa mais que o dobro do que foi produzido no levantamento
anterior. Um crescimento de 115% em relação a 2006. Desde o princípio da coleta dos dados
sobre a fungicultura no Brasil, iniciada em 1995 até o ano de 2017 houve uma elevação de
186% da produção.
Podemos ver algo interessante na Figura 14: Anomalia de Crescimento. Entre os anos
avaliados, o valor da produção cresceu exponencialmente, com correlação de 99% (um
percentual alto), porém as toneladas produzidas cresceram em um aspecto linear. Esse é um
fator que revela a valorização do produto comercializado e indica uma maior rentabilidade,
projetando uma trajetória favorável a investimentos na área.
João Artur Parisotto SINHORI
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Figura 14 - Anomalia de Crescimento da Produção de Cogumelos no Brasil de 1995 a 2017.
Fonte: elaborado pelo próprio autor.
O súbito aumento do valor da produção em relação à quantidade produzida, como
observado nos anos entre 2006 e 2017, sugere uma possível mudança de comportamento de
parte da população. Isso implicaria em hábitos alimentares mais saudáveis, bem como na prática
de exercícios com mais assiduidade. Hipoteticamente esse seria um cenário favorável à
demanda crescente dos cogumelos, justificando assim o aumento do valor do produto.
Já na Figura 15: Estabelecimentos Fungicultores por Estado de 1995 a 2017 é possível
notar as diferentes tendências na produção nacional dentre os estados de destaque. São
Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul apresentam um crescente constante, embora em
ritmos diferentes. alguns outros estados apresentam oscilação entre crescimento e queda e
alguns somente a diminuição da produção por estabelecimento.
Figura 15 - Estabelecimentos Fungicultores por Estado de 1995 a 2017
Fonte: SIDRA
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1 1,5 2 2,5 3
Espírito Santo
Rio de Janeiro
São Paulo
Minas Gerais
Paraná
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
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Em contrapartida, avaliando a Figura 15: Estabelecimentos, é possível notar que,
embora a quantidade de estabelecimentos fungicultores por estado tenha um comportamento, a
produção bruta (tudo o que foi produzido no estado) atua de forma diferente. No Rio Grande
do Sul, embora a produção por estabelecimento tenha aumentado, a produção total oscilou,
demonstrando queda. Essa diferença sugere que menos estabelecimentos estão dominando a
produção e isso acaba levando a uma diminuição na produção bruta.
Ao mesmo passo, São Paulo e Minas Gerais aumentaram tanto em produção bruta
quanto em produção por estabelecimentos, o que indica que houve um desenvolvimento em
duas vertentes do setor (quantidade de estabelecimentos e produção por estabelecimentos). Isso
justifica porque esses dois estados detém o domínio produtivo e sinaliza um caminho a ser
tomado em busca do desenvolvimento econômico baseado no cultivo de cogumelos.
Figura 16 - Produção estadual de Cogumelos em Toneladas de 1995 a 2017
Fonte: elaborado pelo próprio autor.
Conclusões
Os dados internos da produção brasileira apresentados neste estudo revelam algumas
particularidades. Uma delas é que o número de estabelecimentos do ano de 1995 é ligeiramente
maior do que o do ano de 2006, entretanto a produção relativa ao ano de 95 mostra-se menos
eficaz do que a da década posterior, que apresentou 1000 toneladas a mais. O mesmo ocorre no
caso do crescente número de estabelecimentos produtivos nos estados de Amazonas e Roraima,
somando um total de 294 estabelecimentos, porém com apenas 4 toneladas colhidas. Desse
modo, o número de estabelecimentos não condiz com a produção.
100000
10000
1000
100
Espírito Santo
Rio de Janeiro
São Paulo
Minas Gerais
Paraná
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
João Artur Parisotto SINHORI
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Embora seja perceptível que uma concentração da produção se faça, nota-se um
crescimento no valor da produção de forma exponencial em relação às toneladas produzidas, o
que indica a valorização dos cogumelos e maiores chances de investimento.
Os objetivos alcançados mostram que mesmo que a produção por estabelecimento tenha
sofrido oscilações, a produção em toneladas cresceu. Isso é importante pois é revelado uma
realidade que estava oculta e com grande potencialidade de desenvolvimento.
Este estudo contribui para possibilitar a visualização do setor fungícola no Brasil por meio de
mapas temáticos e proporcionar uma base para futuros trabalhos na área, bem como um
panorama do cenário nacional.
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