A Urbe Amazônida: A floresta e a cidade
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023012, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9592 2
Introdução
Bertha Koiffmann Becker (1930 – 2013) nasceu no Rio de Janeiro, filha de imigrantes
do Leste Europeu, seu pai era romeno e sua mãe ucraniana. Foi professora do Departamento de
Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Academia Brasileira
de Ciências. Em 1948, formou-se em Geografia e História pela Faculdade Nacional de Filosofia
da UFRJ. Em 1970, tornou-se doutora e Livre-docente pelo Instituto de Geociências da UFRJ.
Em 2000, concluiu o pós-doutorado pelo Department of Urban Studies and Planning nos
Estados Unidos. Com quase cinco décadas dedicadas à produção do conhecimento geográfico,
lançou seu último livro, A Urbe Amazônida: a floresta e a cidade, em junho de 2013.
Sua derradeira obra é uma espécie de síntese das pesquisas desenvolvidas acerca das
cidades amazônicas no contexto de intensa reestruturação urbana a partir da década de 1960.
Dessa forma, através de seu incessante trabalho, procurou elaborar e disseminar o paradigma
do desenvolvimento autóctone e sustentável com objetivo de proporcionar avanço na qualidade
de vida de mais de vinte milhões de pessoas que residem na região.
A obra, com oitenta e oito páginas, é dividida em quatro capítulos e possui como tema
a dialética entre a floresta e a cidade, elementos consagradamente abordados como dicotômicos
e sinônimos de conservação e desenvolvimento, respectivamente. Porém, a autora estimula um
novo entendimento: por que não compreender a floresta a partir da urbanização? Para isso,
propõe o debate sobre um novo modelo de desenvolvimento regional que possa aliar a
conservação dos recursos naturais, a inserção da população nativa e o crescimento econômico.
Assim, a autora consegue através de uma leitura simples, e nem por isso avessa às
perspectivas teóricas, tornar o compêndio um dos mais importantes componentes de sua vasta
e riquíssima bibliografia e trajetória acadêmica que, aliás, confunde-se com a própria história
recente da região, muito bem identificada na linha do tempo no final do livro (p. 69).
É inegável que o diálogo estabelecido com Peter Taylor, da Loughborough University
do Reino Unido, coordenador da Rede de Pesquisas sobre Globalização e Cidades Mundiais
(GaWC), foi um dos principais estímulos à obra. Além disso, a vivência empírica da autora,
iniciada com as pesquisas de campo na época em que lecionava Geografia no Instituto Rio
Branco, momento em que reformulou a grade curricular a fim de valorizar a pesquisa de campo
e, consequentemente, proporcionou aos futuros diplomatas o conhecimento prático da
diversidade regional do país, revela que desde o início de sua atuação como docente e
pesquisadora tornou viável a associação entre o referencial teórico e as observações realizadas
no campo, exatamente o que o livro propõe.