Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 1
INSURGÊNCIA QUEER-FEMINISTA NA GEOGRAFIA: CONCEPÇÕES DE
GÊNERO POR ESTUDANTES DA UEMS/CG
INSURGENCIA QUEER-FEMINISTA EN LA GEOGRAFÍA: CONCEPCIONES DE
GÉNERO DE ESTUDIANTES DE LA UEMS/CG
QUEER-FEMINIST INSURGENCY IN GEOGRAPHY: GENDER CONCEPTIONS BY
UNDERGRADUATES FROM UEMS/CG
Victor Dantas Siqueira PEQUENO1
e-mail: victorpequenogeo@gmail.com
Como referenciar este artigo:
PEQUENO, Victor Dantas Siqueira. Insurgência Queer -
Feminista na Geografia: Concepções de gênero por
estudantes da UEMS/CG. Revista Geografia em Atos,
Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009. e-ISSN: 1984-
1647. DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553
| Submetido em: 14/09/2022
| Revisões requeridas em: 23/05/2023
| Aprovado em: 30/06/2023
| Publicado em: 14/08/2023
Editoras:
Eda Maria Góes
Karina Malachias Domingos dos Santos
Roberta Oliveira da Fonseca
1 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria – RS Brasil. Mestrando em Geografia (PPGGEO).
Membro do Grupo de Pesquisa em Tecnologia, Território e Redes (GTTER UEMS/CNPq) e do Laboratório
sobre Espacialidades Urbanas (LabEU-UFSM/CNPq).
Insurgência Queer - Feminista na Geografia: Concepções de gênero por estudantes da UEMS/CG
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 2
RESUMO: Um dos temas mais discutidos nas Ciências Sociais e Educação, nas últimas
décadas, têm sido a questão de gênero. Diante disso, o presente texto apresenta uma reflexão
sobre gênero no âmbito da Geografia. O objetivo consiste na problematização das concepções
de gênero encaminhadas pelos discentes da UEMS/CG. A metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica, para tanto nos apoiamos nas teorias queer e epistemologias feministas. Para
compor os resultados foram aplicados questionários junto às turmas do e ano de Geografia
da UEMS/CG. Por fim, enfatizamos a demanda de uma geografia queer em qual as expressões
dissidentes de gênero mobilizem fazeres e saberes geográficos.
PALAVRAS-CHAVE: Gênero. Geografias feministas. Geografia Queer. Formação
acadêmica.
RESUMEN: Uno de los temas más discutidos en las ciencias sociales y la educación en las
últimas décadas ha sido el tema del género. Por ello, este texto presenta una reflexión sobre
género en el contexto de la Geografía. El objetivo es problematizar las concepciones de género
planteadas por estudiantes de la UEMS/CG. La metodología utilizada fue la investigación
bibliográfica, para ello nos apoyamos en teorías queer y epistemologías feministas. Para
componer los resultados, se aplicaron cuestionarios al y año de las clases de Geografía
de la UEMS/CG. Finalmente, enfatizamos la reivindicación de una geografía queer en la que
expresiones disidentes de género movilicen prácticas y saberes geográficos.
PALABRAS CLAVE: Género. Geografías feministas. Geografía Queer. Formación
académica.
ABSTRACT: One of the most discussed topics in the social sciences and education in recent
decades has been the issue of gender. Regarding this matter, this text presents a reflection on
gender within Geography. The objective is to problematize the concepts of gender forwarded
by the undergraduates from UEMS/CG. The methodology of bibliographic research was used,
for that, we rely on queer theories and feminist epistemologies. To achieve the goals,
questionnaires were applied to 3rd and 4th year undergraduates in Geography at UEMS/CG.
Finally, we emphasize the demand for a queer geography in which dissident expressions of
gender mobilize geographical practices and knowledge.
KEYWORDS: Gender. Feminists geographies. Queer Geography. Academic formation.
Victor Dantas Siqueira PEQUENO
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 3
Introdução
Em uma tarde calorosa de domingo (20 de fevereiro de 2022), bastante comum durante
o verão em Campo Grande/MS, decidi ir ao Parque das Nações Indígenas. Estava sentado num
banco lendo o livro Cartas a um jovem Poeta de Rainer Maria Rilke (2021), quando avistei um
grupo de pré-adolescentes, todos meninos, se aproximando. Provavelmente, estavam
retornando de uma partida de futebol, uma vez que o grupo estava uniformizado como tal. Ao
passarem em frente a mim, um dos meninos do grupo, disse para outro que estava ao seu lado:
“Olha a cara de traveco dele! Olhem só!”. Ao dizer isso, o restante do grupo começou a
gargalhar.
Ao ouvir tal enunciado, minha reação imediata foi revirar os olhos. Horas depois,
quando estava saindo do parque, aquela situação voltou à minha mente, mas, de uma forma
diferente. Me vi questionando: o que aquele enunciado pejorativo diz a respeito da nossa
sociedade? das nossas crianças? Tal enunciado é efeito de qual processo social e/ou cultural?
Da mídia? da educação familiar? Da educação escolar? Quem sofre as consequências desse
enunciado?
Para tentar responder a tais questionamentos, me atenho aos estudos e pedagogias queer,
que dentre as suas potencialidades, encontra-se a reflexão e/ou análise dos discursos que atuam
na produção de verdades e no exercício de poderes (FOUCAULT, 2015) para com as
sexualidades. Outrossim, proponho também uma discussão no interior da Geografia Queer, na
medida em que utilizo de alguns dados empíricos para encaminhar alternativas no que tange a
abordagem das temáticas gênero e sexualidade nos cursos de formação de professoras/es.
A geografia queer emerge como um campo fértil de estudo, que contribui não para
reconhecimento e recusa das dicotomias e/ou binarismos que são inscritos e/ou orquestram as
relações socioespaciais de poder, que materializam-se no espaço geográfico, bem como,
possibilitam uma crítica para a própria epistemologia geográfica, ao questionar o modo
hegemônico de fazer pesquisa geográfica e/ou produzir saber geográfico (BORGHI, 2015).
Dessa forma, somadas às indagações destacadas anteriormente, as questões centrais que
orientam as discussões a seguir, são: o que os graduandos/as de Geografia da UEMS/CG
compreendem por gênero? Por que é importante a discussão de gênero na ciência geográfica?
Isso posto, o presente texto é fundamentado numa perspectiva metodológica qualitativa-
exploratória (GIL, 2002). Das etapas que compuseram tal reflexão, foram: a) levantamento
bibliográfico sobre a discussão de gênero na educação; b) levantamento bibliográfico sobre
estudos queer; c) levantamento bibliográfico sobre estudos queer no âmbito da Geografia.
Insurgência Queer - Feminista na Geografia: Concepções de gênero por estudantes da UEMS/CG
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 4
Em prosseguimento ao exercício teórico, foram aplicados questionários com o corpo
discente do curso de bacharelado e licenciatura em Geografia da UEMS/CG, com vistas a
coletar as concepções daqueles/as acerca da categoria gênero. A partir dos dados coletados,
problematizo as concepções de gênero verificadas nos relatos deles/as, e encaminho algumas
proposições e/ou sugestões para o uso dessa categoria na pesquisa geográfica, em especial, o
ensino de geografia.
Azul e rosa são apenas cores
Vivemos em uma sociedade binária e heterossexualizada ou nós que binarizamos e
heterossexualizamos a sociedade? Boneco para menino, e boneca para menina. Não seriam
apenas brinquedos? Banheiro masculino e banheiro feminino. Não seria apenas banheiro?
Roupa masculina e roupa feminina. Não seria apenas roupas? Meninos brincam de lutar,
meninas brincam de cozinhar. Não seriam apenas brincadeiras? Azul para meninos e rosa para
meninas. Não seriam apenas cores?
Frente a tais questionamentos, reitero: em qual dessas práticas a subjetividade queer,
transsexual e/ou travesti é acolhida? Em qual dessas práticas encontra-se a escola como
propagadora? A resposta para primeira, provavelmente é: em nenhuma. para segunda: em
todas. O questionamento que inicia essa seção, torna-se então, uma constatação. Binarizamos e
heterossexualizamos a sociedade.
A categorização binária, macho-fêmea, homem-mulher, faz com que os
corpos se tornem produzidos de acordo com princípios de coerência e
integridade, promovendo uma pretensa exigência de continuidade a elementos
que seriam, de outro modo, descontínuos (LIMA; BELO, 2019, p. 4).
Desse modo, quando afirmo que a escola é difusora, ou melhor, que a escola é uma das
instituições que atua na produção de subjetividades e culturas generificadas e/ou
heterossexualizadas, não estou me precipitando, o contrário, estou observando o que se encontra
como fato e/ou condição sociocultural. Nesse sentido, Louro (2008, p. 18) elucida:
A construção dos gêneros e das sexualidades -se através de inúmeras
aprendizagens e práticas, insinua-se nas mais distintas situações, é
empreendida de modo explícito ou dissimulado por um conjunto inesgotável
de instâncias sociais e culturais. É um processo minucioso, sutil, sempre
inacabado. Família, escola, igreja, instituições legais e médicas mantêm-se,
por certo, como instâncias importantes nesse processo constitutivo.
Victor Dantas Siqueira PEQUENO
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 5
Das sutilezas e minuciosidades, muita das vezes, vivenciamos situações em que se
manifestam discursos e/ou práticas revestidas por uma suposta aura de “ingenuidade”,
“normalidade”, mas que na verdade, está apontando para algo maior.
Por exemplo, a situação que eu vivenciei no parque descrita no início, poderia muito
bem ser tratada como “eles estão apenas brincando!” ou “são crianças!”, mas é por apenas
estarem brincando e/ou por serem crianças que devemos olhar para isso com emergência,
preocupados com os efeitos dessa prática em outros níveis de subjetividade, em outros espaços,
e principalmente, em contatos com os sujeitos que podem vir a se sentir desrespeitadas/os,
discriminadas/os e/ou descaracterizadas/os ao ouvirem tal enunciado que fere, no sentido mais
íntimo, a sua própria existência.
Para além disso, quando Louro (2008) afirma que o processo de construção do gênero
e da sexualidade é, por si, inacabado, podemos inferir, que nossas relações e/ou práticas
cotidianas são efeitos da estrutura gênero-sexualidade. Sendo assim, estamos sempre
expressando, construindo e/ou reconstruindo nossos modelos de ser, estar e agir
fundamentados, explícita ou implicitamente, no sistema gênero-sexualidade.
A liberdade de ser/estar o que se pretende ser ou estar conjuga tanto atos de
reconhecimento das subjetividades outras que não a hegemônica, como
também a percepção de que a continuidade das resistências necessita de
momentos de subjugação. Assim, uma agência que está inserida em
performances, efetuadas em relação às violências, podendo ser de
conformação ou de transformação (FARIA, 2021, p. 190).
Tratam-se, portanto, de processos negociativos entre a margem e o centro. Ambos
autores elaboram seus argumentos com base nas teorias queer, campo de saber e movimento
sociopolítico que surgiu na década de 1990, em meio a conjuntura dos movimentos gays e
lésbicos nos Estados Unidos e as repercussões da epidemia de AIDS.
No presente artigo, oriento-me pelo referido para propor articulações com a ciência
geográfica, mais precisamente, os processos formativos da/o pesquisadora e/ou professora em
Geografia. Tal escolha teórica leva em consideração que o saber/fazer queer, dispensa qualquer
aspecto e/ou elemento normatizante e/ou fixador seja no nível subjetivo, político-social,
analítico, etc., o que lhe confere originalidade. A pesquisa queer é, por si, plural, diversa,
expansiva, ou qualquer outro adjetivo associado à noção de infinitude.
Insurgência Queer - Feminista na Geografia: Concepções de gênero por estudantes da UEMS/CG
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 6
Infinitude Queer
O que conhecemos hoje como teorias queer, é resultado tanto de movimentos sociais
quanto da intelectualidade acadêmica. Em relação aos primeiros, pode-se estabelecer um
recorte temporal, a década de 1960, mais precisamente o ano de 1969, em que ocorreu a
“Rebelião de Stonewall”, na cidade de Nova York:
Esta manifestação contribuiu para a organização política de homossexuais, e
a rápida disseminação por outros países do mundo. Neste momento, o sujeito
homossexual, além de patologizado, criminalizado e pecaminoso, se torna um
sujeito político (BENETTI, 2013, p. 17).
Outro movimento social imprescindível para entendermos a genealogia dos estudos
queer foi a epidemia da AIDS anunciada em meados da década de 1980. Um dos seus efeitos
no âmbito político-social, foi a discriminação das sexualidades dissidentes, bem como a
culpabilização admitida a tais corpos como os únicos responsáveis pela disseminação do vírus
na sociedade. Surgiu daí estigmas como “doença gay”, “epidemia gay”, bem como a
racialização da AIDS, quando autoridades médico-científicas dos Estados Unidos da América,
difundiram na sociedade que o Haiti teria sido o local de origem da AIDS, com efeito, teriam
sido os haitianos que “levaram” a AIDS para a sociedade estadunidense (PELÚCIO;
MISKOLCI, 2009).
Para muitos contemporâneos, a aids apresentava-se como uma espécie de
Holocausto gay. Ao invés dos campos de concentração, a proposital falta de
políticas públicas ou tratamento durante os primeiros anos da epidemia,
sobretudo nos Estados Unidos. Ao invés da perseguição política e militar, a
marcação da população por meio de políticas de saúde centradas nos testes,
no controle e no “tratamento”. Ao invés do encarceramento em campos, a
exposição a processos contínuos de estigmatização, solidão e individualização
(PELÚCIO; MISKOLCI, 2009, p. 136).
Diante de tal cenário, felizmente, na década de 1990 é verificado o resultado de todo
movimento social e acadêmico empreendido nos anos anteriores com a formação de um campo
epistêmico denominado de teorias queer. Este, recebeu influência do pós-estruturalismo
francês, dos estudos culturais e das teorias elaboradas e difundidas pela terceira onda feminista2
(WOLF; SALDANHA, 2015).
2 O feminismo de terceira onda, como ficou conhecido, por um lado, reivindica a reconstrução da história universal
em que a mulher finalmente fosse considerada um agente de transformação, por outro, questiona a categoria
universal de mulher que ignorava as condições raciais (mulheres negras, mulheres asiáticas, mulheres indígenas),
econômicas (mulheres periféricas) e sexuais (mulheres lésbicas). Esta empreitada se consolidou com o conceito
de Interseccionalidade desenvolvido pela jurista estadunidense Kimberlé Crenshaw.
Victor Dantas Siqueira PEQUENO
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 7
O feminismo pós-estruturalista, alimentando-se especialmente de teorizações
desenvolvidas por Michel Foucault e Jaques Derrida, assume que a linguagem
(entendida, aqui, em sentido amplo) é o lócus central de produção dos nexos
que a cultura estabelece entre corpo, sujeito, conhecimento e poder. Os
estudos que se ancoram nesse pressuposto, se afastam de perspectivas que
tratam o corpo como uma entidade biológica universal (apresentada como
origem das diferenças entre homens e mulheres, ou como superfície sobre a
qual a cultura opera para inscrever diferenças traduzidas em desigualdades)
para teorizá-lo como um construto sócio-cultural e lingüístico, produto e efeito
de relações de poder (MEYER, 2004, p. 15).
Na instância etimológica, vale dizer que o termo queer, inicialmente, era utilizado como
enunciado pejorativo para se referir a corpos e/ou sexualidades dissidentes. Ou seja, seria como
proferir bicha, traveco, sapatão aos corpos e/ou subjetividades que se expressam como tal.
O termo ganhou outro significado quando a pesquisadora Teresa De Lauretis, em 1990,
nos Estados Unidos, organizou uma conferência com o título Queer Theory: lesbian and gays
sexualities na Universidade de Santa Cruz na Califórnia (COUTO JUNIOR; POCAHY, 2017).
A teoria e a reapropriação do termo queer enquanto identidade e fazer ciência,
surge então como uma política contra hegemônica, que se apropria de um
termo, antes depreciativo, para lembrar de todo o estigma e abjeção sofrida
por questionar o caráter normativo da heterossexualidade (LIMA, 2018, p. 6).
A inserção do termo queer nas pesquisas e/ou estudos acadêmicos, bem como, sua
utilização para compor um campo de saber específico, é entendida, portanto, como um processo
de politização. Deslocamos o queer da condição de anormal, abjeto, inferior, para a condição
epistêmica, analítica.
Noções de gênero: biologia, psicanalítica, construcionista e queer
Gênero constitui-se num conceito e/ou categoria polissêmica. Podemos falar de gênero
musical, gênero cinematográfico, gênero literário, bem como, gênero identitário-sexual, este
qual, constitui-se das expressões femininas e/ou masculinas. No presente trabalho, me disponho
a refletir sobre este último.
Por conseguinte, destaco a seguir, quatro perspectivas analíticas acerca da categoria
gênero, quais sejam a biologia, psicanálise, o construcionismo social e as teorias queer, na
tentativa de aproximar a leitora e/ou leitor dos usos e sentidos que essa categoria ganha nas
mais distintas disciplinas científicas.
a) Da noção biológica
Insurgência Queer - Feminista na Geografia: Concepções de gênero por estudantes da UEMS/CG
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 8
Em termos de biologia, o gênero seria uma derivação intrínseca da anatomia humana,
ou seja, a partir da genitália (de nascimento) masculina (pênis), temos o homem, e a partir da
genitália (de nascimento) feminina (vagina), temos a mulher. Outrossim, a anatomia do corpo
humano, este, generificado, determinaria as: “[...] características psicológicas, sociais e
comportamentais diferenciadas. A diferença biológica dos sexos definiria rígidos papéis de
gênero e de vivência da sexualidade” (TILIO, 2014, p. 128).
No que tange os papéis de gênero, Tilio, baseando-se na leitura de Citelli (2000) e
Parisotto (2001), teóricos que discutem o fenômeno do essencialismo biológico, argumenta que
é por meio deste que ocorre a materialização dos papéis de gênero, na medida em que:
[...] os machos/homens, por possuírem biologicamente mais massa muscular
que as mulheres, seriam os principais responsáveis pela caça e pelo sustento do
lar; e das suas características físicas decorreriam características psicológicas,
como maior capacidade de organização grupal (necessária para a caça, e depois
para a ocupação do espaço blico) e de dominação das fêmeas. as
fêmeas/mulheres, possuidoras de características físicas específicas (menos
fortes fisicamente do que os homens e responsáveis pela gestação biológica dos
descendentes durante um extenso período de tempo), também teriam
específicas características psicológicas, tais como a predisposição para o
cuidado da prole e do parceiro que as sustenta (TILIO, 2014, p. 128).
Além de legitimar os papéis sociais generificados, um dos princípios básicos que
sustentam a noção biológica de gênero é a reprodução da espécie humana:
Dos sexos biológicos (macho/fêmea) decorreriam os gêneros
(masculino/feminino) e seus papéis, numa relação de complementaridade
sustentada pela necessidade de perpetuação da espécie humana. O imperativo
reprodutivo impõe um modelo de relação de e entre os indivíduos no qual
coexistiriam harmoniosamente dois sexos e dois gêneros (TILIO, 2014, p. 129).
A vista disso, uma das instituições que mais difundiu a noção biológica de gênero foi a
Igreja, não só para defender a reprodução da espécie, mas também para legitimar a família e o
casamento enquanto valores e instituições universais (TILIO, 2014).
b) Da noção psicanalítica
No campo da psicanálise, entre os teóricos iniciantes a debruçar sobre a discussão de
gênero e sexualidade destacamos Sigmund Freud e Jacques Lacan - ainda que estes não tenham
eleito a categoria gênero como objeto principal de seus estudos, sendo reconhecida por alguns
autores, os estudos de Robert Stoller (1998) conforme Sartori e Mantovani (2016).
Tanto nos estudos de Freud quanto em Lacan o sujeito-objeto de investigação é a
criança, qual, constrói sua identidade de gênero e manifesta o desejo sexual a partir da interação
Victor Dantas Siqueira PEQUENO
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 9
(disputa) com a mãe e/ou pai, sendo que para os autores, o pênis (falo) era o principal
instrumento simbólico que orientava essas experiências (TILIO, 2014).
De maneira resumida, em determinada fase do desenvolvimento psicossexual,
os meninos (por possuírem pênis) se identificam amorosa e eroticamente com
a figura materna (por naturalmente desejá-la por ser mulher) e rivalizam com a
figura paterna (por disputar a mãe consigo e repudiar as inclinações
homossexuais), o que os direciona para uma postura heterossexual masculina
típica (amor e inclinação sexual pelas mulheres; rivalidade e rechaço sexual
pelos homens); por sua vez, as meninas (não possuidoras do pênis) se
identificam amorosamente com o pai (portador do pênis e, portanto, passível
de ser desejado pelas mulheres, além de poder fornecer no futuro a
complementaridade que as mulheres tanto desejam: um filho) e com a mãe (que
captou o desejo do pai mesmo, sendo incompleta, pois também lhe falta o
pênis/falo) ao mesmo tempo em que rivalizam com a mãe (que detém os
interesses do pai), inclinando-se, portanto, ao amor pelos homens e desinteresse
sexual pelas mulheres (TILIO, 2014, p. 130-131).
Segundo Tilio (2014), essa noção seria o fundamento do que se conhece como
Complexo de Édipo e, portanto, qualquer alteração identificada, ou seja, o interesse sexual da
menina por outra menina, ou do menino por outro menino, tal situação seria significada como
desvio do normal, em outros termos, desequilíbrio no desenvolvimento pulsional e anímico.
Em suma, tanto Freud como Lacan partem do pressuposto de que o pênis/falo
é a norma orientadora da vida psíquica e que os homens, por possuírem pênis,
possuiriam certas vantagens sobre as mulheres (invejosas do pênis e
necessitadas de se ligarem a alguém que o possua) e que as identificações,
para serem normais e salutares, devem seguir um padrão complementar
calcado na heterossexualidade (TILIO, 2014, p. 131).
Isso em vista, Tilio (2014), enfatiza que os primeiros estudos da psicanálise reforçaram
a biologia humana em seu processo de diferenciação dos corpos colocava em movimento
(disputa) a inteligibilidade e uma sociedade generificada. Nessa mesma direção, Sartori e
Mantovani (2016, p. 168), argumentam:
Guardadas suas peculiaridades, os dois autores citados [Freud e Lacan], ao
recorrerem à primazia do falo, apoiando-se na dimensão biológica como
determinante da importância e da posição privilegiada do sexo masculino,
naturalizam uma feminilidade desvalorizada, representada pela ausência do
falo – como se consistisse em uma masculinidade frustrada.
c) Da perspectiva construcionista social
Joan Scott assume o protagonismo teórico no que tange às proposições feministas sobre
o gênero orientadas pelo método construcionista. A autora fundamentou-se nas contribuições
de Derrida e Foucault para encaminhar suas reflexões. É a partir de Scott, mais precisamente,
Insurgência Queer - Feminista na Geografia: Concepções de gênero por estudantes da UEMS/CG
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 10
o seu texto seminal “Gênero: Uma categoria útil de análise histórica” que o gênero emerge
enquanto categoria analítica
Nele [artigo mencionado] Scott “sacudiu” os trabalhos feministas indicando a
necessidade de se tomar efetivamente o gênero como uma categoria de análise,
uma ferramenta potente no sentido de romper com os binarismos entre o
masculino e o feminino. Nessa perspectiva, não bastava mais apenas uma
abordagem histórica, descritiva, preocupada com mera inserção das mulheres
nos fatos, mas tornava-se necessário reconhecer o caráter relacional do gênero
[...] e as relações de poder que por ele são tecidas (FRANZI; ARAÚJO, 2016,
p. 52).
Em primeira instância, Scott (1995), localizou gênero na dimensão gramatical, ao
afirmar que sua utilidade se faz na medida em que se constitui de regras e/ou pré-requisitos
formais para operar uma classificação de fenômenos e/ou objetos, este qual, é assentado
consensualmente na sociedade como indicativo de distinções, particularismos, fundada na
trama bipolar feminino x masculino.
Referente aos usos da categoria gênero, para Scott (1995), não somente gênero pode ser
utilizado para requalificar o coletivo mulheres, como, sugere uma prática reflexiva sobre
qualquer demanda que envolva mulheres e homens, afinal, a sociedade como tal é inerente à
presença de ambos. Ademais: “Esse uso rejeita a validade interpretativa da ideia de esferas
separadas e sustenta que estudar as mulheres de maneira isolada perpetua o mito de que uma
esfera, a experiência de um sexo, tenha muito pouco ou nada a ver com o outro sexo” (SCOTT,
1995, p. 75).
Outra potencialidade que a utilização da categoria gênero apresenta consiste na sua
capacidade interpretativa e qualitativa das relações sociais entre mulheres e homens. Esse é o
grande motim da argumentação teórica de Scott (1995). Refletir sobre gênero é refletir sobre
relações de saber e poder (no sentido foucaultiano). Ou seja, questionar as estruturas que
insistem disciplinar e/ou controlar corpos ao um sexo verdadeiro e uma única possibilidade de
sexualidade (BENTO, 2008).
Por esse viés analítico, gênero, portanto, é tanto construído socialmente como possível
de ser desconstruído, na medida em que aqueles corpos e aquelas sexualidades ensaiam
resistências e transgressões, e assim, dissipam a fronteira entre a norma e a não-norma.
d) Gênero na ótica queer
No interior das análises queer, o gênero é entendido como uma construção cultural, e,
sobretudo, discursiva. No âmbito dessa perspectiva, nos deparamos com o conceito de
Victor Dantas Siqueira PEQUENO
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 11
performatividade da pesquisadora Judith Butler, que encaminha a noção de gênero enquanto
uma operação performativa. Para tanto, articulado a um processo performativo, entende-se que:
O gênero é a estilização repetida do corpo, um conjunto de atos repetidos no
interior de uma estrutura reguladora altamente rígida, a qual se cristaliza no
tempo para produzir a aparência de uma substância, de uma classe natural de
ser. A genealogia política das ontologias do gênero, em sendo bem-sucedida,
desconstruiria a aparência substantiva do gênero, desmembrando-a em atos
constitutivos, e explicaria e localizaria esses atos no interior das estruturas
compulsórias criadas pelas várias forças que policiam a aparência social do
gênero (BUTLER, 2003, p. 59, grifo meu).
Ao dizer sobre estilizações repetidas, Butler (2003), está se referindo às práticas,
discursos, comportamentos e/ou estéticas fundamentadas no paradigma sexo-gênero-
sexualidade (homem e mulher, cisgênero, heterossexual) e que nos são atribuídas
discursivamente pelas instituições que exercem algum tipo de poder, em destaque, a escola e o
currículo. Por exemplo, a execução de atividades pedagógicas de grupos formados de
meninas e/ou meninos, nesse caso, o paradigma sexo-gênero revela-se no imaginário coletivo
de que meninos são ameaças para meninas, portanto, devem estar separados.
Butler (2003), acrescenta ainda que o modelo performativo hegemônico de gênero,
impossibilita o reconhecimento de outras variações performativas que não são acolhidas na
estrutura dominante, qual seja, a cisgeneridade, bem como, camufla a própria qualidade
performativa do gênero.
A insistência sobre um modelo normal de homem, branco, heterossexual, em
sua potência máxima, faz com que todxs as outrxs possibilidades de expressão
sexual sejam tidas omo não naturais e erradas. É uma lógica de construção da
verdade pela insistência de um modelo economicamente mais rentável (pois
propicia a reprodução), e socialmente estável (pois homogeneíza as práticas
sociais) (BENETTI, 2013, p. 14).
Essa obsessão discursiva sobre a heterossexualidade resultaria, no que Michael Warner,
em 1991, denominou de heteronormatividade. Assim, sendo, a naturalização da
heterossexualidade, efeito da hegemonia discursiva, tornaria a heteronorma compulsória
(BENETTI, 2013).
Isso revela que a produção (performativa) do gênero e da sexualidade é, antes de tudo,
um produto e/ou invenção histórico-social: “Compreende-se que tudo o que o ser humano
produz, reproduz ou dá significado, são construções próprias que emergem a partir de um jogo
de forças, para dar sentido à determinada situação ou nomear um complexo” (BENETTI, 2013,
p. 10).
Insurgência Queer - Feminista na Geografia: Concepções de gênero por estudantes da UEMS/CG
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 12
Considerações feitas, cabe ressaltar que a recepção dos estudos queer nas demais
ciências e/ou áreas de conhecimento ocorreu gradativamente, uma vez que seu aparecimento
na academia foi tratado com olhares de recusa, desprestígio, por serem consideradas temáticas
periféricas e/ou de pouco rigor científico, outrossim, conforme apontado anteriormente, os
estudos queer questionaram as bases que legitimam o modo hegemônico (colonizador) de fazer
ciência, com efeito, tal movimento foi interpretado como uma ameaça ao cânone das demais
ciências, entre quais, encontrava-se a Geografia (JESUS, 2020).
Insurgência queer-feminista na Geografia
Os primeiros estudos geográficos queer-feministas apareceram na academia entre os
anos finais da década de 1990 e o início dos anos 2000, tendo recebido contribuições das
ciências sociais, linguística, dos estudos sobre sexualidade e das geografias feministas. Uma
obra que representa um dos marcos desse movimento epistêmico é a “Geography and Gender:
An Introduction to feminist Geography”, organizada pelo ‘Women and Geography Group’ do
Institute of British Geographers (BORGHI, 2015).
Diante desse cenário, a Geografia de Gênero ascende como um subcampo da ciência
geográfica, com discussões que irão se voltar para as próprias epistemologias da ciência
geográfica. Assim, geógrafas e geógrafos irão questionar os pressupostos teórico-
metodológicos, o modo politicamente correto e aceito cientificamente de fazer geografia, e os
paradigmas hegemônicos, sexistas e/ou machistas decorridos destes.
Além disso, ela [Geografia do Gênero] voltou sua atenção para um outro limite
da geografia tradicional: crer que é possível observar o mundo ‘do exterior’, de
forma ‘objetiva’. Nesse contexto, o pesquisador (homem, branco, ocidental) é
supostamente exterior à realidade observada, excluindo assim toda a
subjetividade (BORGHI, 2015, p. 135).
A Geografia do gênero colocou em evidência a categoria corpo (corporeidade) bem
como a noção de performatividade do gênero (BUTLER, 2003), mobilizando estudos que
passaram a investigar as práticas (espaciais, territoriais, culturais etc) a partir do tripé analítico
espaço-gênero-poder.
A geografia incorpora a noção de construção social do sexo, gênero e desejo e
as relações de poder inerentes a ela, num processo de permanente tensão e
movimento. Ao incorporar a performatividade como o exercício do gênero,
entendido como representação social, a geografia evidencia a importância da
incorporação do espaço e do tempo nas análises das experiências da vivência
Victor Dantas Siqueira PEQUENO
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 13
cotidiana e concreta e as possibilidades de subversão da própria ordem
compulsória de gênero da sociedade heteronormativa (SILVA, 2010, p. 43).
Isso posto, a repercussão da vanguarda queer-geográfica anglo-saxônica na Geografia
brasileira foi verificada no início dos anos 2000 quando artigos, dissertações e/ou teses
geográficas passaram não só a pesquisar a categoria gênero e/ou sexualidade, como a articular
as teorias feministas e/ou queer com a epistemologia geográfica. Estudos como o de Susana
Silva (1998), Joseli Silva (2003; 2007; 2008; 2010), Marcio Ornat (2008; 2010; 2012), Benhur
Costa (2010a; 2010b; 2016; 2017) entre outros foram fundamentais para pavimentar o caminho
das Geografias de gênero e sexualidades, bem como, a consolidação de uma rede de
pesquisadores no país a partir da criação do Grupo de Estudos Territoriais (GETE) vinculado a
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), o Laboratório de Espacialidades Urbanas
(LabEU) na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), etc.
Assim como Scott (1995), verifica em gênero uma categoria analítica histórica, é
possível, na Geografia, interpretar gênero como um dos elementos que configuram o espaço
geográfico, afinal, se a sociedade é binária, o espaço, também o será, que a primeira depende
deste para produzir suas culturas.
As relações sociais, ou relações de gênero, encontram no espaço,
independentemente de suas escalas, os elementos para sua produção e
reprodução, enfatizando, portanto, não só os sujeitos, como os espaços desses
sujeitos. É nessa aproximação sujeito-espaço, que o Feminismo encontra
nas/nos geógrafas/os um campo de análises, pois as mesmas, apoiam-se nas
categorias geográficas para entender relações de poder, conflitos, mediações
entre o cotidiano, sujeito e espaço (RAMOS, 2021, p. 331).
Nesses estudos, não somente a categoria gênero é eleita, como a categoria corpo assume
protagonismo pela sua capacidade interpretativa simbólica e cultural do espaço, este último,
requalificado como “espaço paradoxal”, conceito inaugurado pela geógrafa feminista britânica
Gillian Rose (1993).
Determinados corpos são marcados identitariamente como sendo diferentes
ou marginais, e estando associados a espaços particulares, enquanto outros são
considerados normais e muitas vezes colocando-se como neutros no discurso
dominante. Isto tem se mostrado a partir da justaposição entre sexualidade,
gênero e espaço, na simultânea associação entre sexualidade/corpo e seu
monitoramento. O corpo tem se colocado como um espaço social e político,
indo além de um espaço biológico (ORNAT, 2008, p. 318-319).
Referente a proposta conceitual de Gillian Rose mencionada anteriormente, a autora
sugeriu que o espaço deve ser considerado a partir da relação margem-centro e as disputas e /ou
Insurgência Queer - Feminista na Geografia: Concepções de gênero por estudantes da UEMS/CG
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 14
negociações que são derivadas desta. Ademais, Rose (1993) situa-nos diante de dois níveis
espaço de espaço, o espaço dos mesmos (hegemônico) e o espaço dos outros (anormal, abjetos,
inferiores).
A qualidade paradoxal é verificada, quando tais corpos são articulados com outras
categorias como classe, raça, sexualidade, religião etc. (SILVA, 2003). Por exemplo, um
homem heterossexual pode ocupar o espaço dos mesmos (centro), diferentemente, um homem
homossexual ocupará o espaço do outro (margem), nesse sentido, a sexualidade é o componente
diferenciador. Observa-se que: “Essas explorações entre sexualidade, gênero e espaço,
intermediadas pelas identidades, têm demonstrado uma multiplicidade de possíveis
negociações entre identidades e espaços [...]” (ORNAT, 2008, p. 319).
Feita essa breve contextualização da repercussão dos estudos queer na Geografia,
apresento-lhes a seguir as discussões sobre os dados empíricos coletados junto ao corpo
discente das turmas do 3º e 4º do curso de Geografia UEMS/CG.
Resultados e discussões
Os dados a seguir apresentam as concepções dos estudantes das turmas do e ano
do curso de Geografia da UEMS/CG sobre gênero. A coleta de tais dados ocorreu por meio da
aplicação de um questionário, realizado em setembro de 2021, contendo questões dissertativas,
entre as quais, destaco para a presente discussão: O que você entende por gênero? Participaram
dos questionários 11 estudantes3. A partir das respostas obtidas, organizei uma tabela temática
com as principais perspectivas de gênero evidenciada nos relatos dos discentes. A partir destes,
teço as minhas problematizações.
Quadro 1 – Concepção de Gênero
Concepção
Bacharelado
Licenciatura
Biológica
3
4
Construcionista
3
3
Marxista
2
0
Psicanalítica
0
0
Queer
0
0
Fonte: Trabalho de campo do autor (2021)
3 Todos os participantes foram identificados com nomes de personalidades da indústria musical que fazem parte
da comunidade LGBTQIA +.
Victor Dantas Siqueira PEQUENO
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 15
Observa-se que a noção predominante acerca de gênero entre as/os respondentes de
ambos os cursos (Bacharelado e Licenciatura) está relacionada com a noção biológica de
gênero, seguida pela noção construcionista de gênero.
Em termos de biologia, o gênero seria uma derivação intrínseca da anatomia humana,
ou seja, a partir da genitália (de nascimento) feminina (vagina), temos a mulher, e a partir da
genitália (de nascimento) masculina (pênis), temos o homem. Outrossim, a anatomia do corpo
humano, este, generificado, determinaria: “as características psicológicas, sociais e
comportamentais diferenciadas. A diferença biológica dos sexos definiria rígidos papéis de
gênero e de vivência da sexualidade” (TILIO, 2014, p. 128).
Destacamos a seguir algumas declarações dadas pelas/os estudantes que ilustram essa
perspectiva.
Eu entendo que o estudo de gênero, diz respeito à “categoria” pertencente... (Ana
Carolina/Bacharelado, 3ºano).
Genero - Características naturais atribuida ao sexo biológico (masculino ou
feminino) (Ricky Martin/Bacharelado, 4º ano).
Apesar de nunca me aprofundar sobre a discussão, meu viés todavia é bíblico, pois a
Bíblia ensina que Deus criou o homem e a mulher (Gênesis 1:27). Não existe nenhuma
referência a outro tipo de gênero na Bíblia (Sam Smith/ Licenciatura, 3º ano).
Nas respostas de Ana Carolina e de Ricky Martin, a perspectiva biológica está articulada
ao essencialismo (“ser mulher”/“ser homem”), que se estabelece a partir da anatomia do corpo
humano, ou seja, a genitália (vagina:mulher; pênis:homem). É o sexo que fixa define o gênero,
estre, restrito ao binarismo (macho/fêmea) (TILIO, 2014).
no posicionamento de Sam Smith, a perspectiva biológica está articulada aos
preceitos religiosos da instituição judaico-cristã, sendo esta, uma das principais instituições que
difundiram a noção biológica de gênero e/ou sexualidade na sociedade. No interior desta, o
binarismo homem e mulher e a heterossexualidade garantem reprodução da espécie, bem como
legitimam a família (heterossexual) e o matrimônio (heterossexual) como instituições divinas e
universais (TILIO, 2014). Deriva daí a noção patriarcal de gênero, esta que na Geografia incitou
as primeiras discussões sobre aquele. Em reflexões mais atuais, a geógrafa Ozileide Moreira
(2022, p. 192) observa que:
[...] No modelo do patriarcado, a percepção de gênero está inserida em um
padrão de submissão da mulher em relação ao homem, reflexo de um longo e
permanente processo de condicionamentos sociais e de opressão, por isso a
identidade de gênero dos sujeitos é incorporada por meio dos comportamentos
Insurgência Queer - Feminista na Geografia: Concepções de gênero por estudantes da UEMS/CG
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 16
traçados e reproduzidos ao longo da história da humanidade, o que determina
os papéis sociais que cada um dos sexos deve exercer, expressando nas
interações sociais sua feminilidade ou masculinidade.
Em relação aos posicionamentos que dialogaram com a perspectiva identitária de
gênero, esta, é entendida como uma teoria de gênero moderna, que surge na década de 1980, e
que teve como principal precursora a historiadora e feminista norte-american Joan Scott.
Segundo a autora, a investigação de gênero deveria ter a história tanto como método de análise
quanto objeto, tendo como prerrogativa as relações de poder estabelecidas socialmente
fundadas na diferença sexual, outrossim, aspectos culturais e psicológicos são também
constituintes do gênero no que tange a internalização e/ou identificação por parte do sujeito
(TILIO, 2014). Para mais, esta teoria contribuiu significativamente para a noção construcionista
do gênero no interior dos estudos queer. Posto isso, destacamos algumas respostas que ilustram
tal teoria:
Entendo gênero como uma construção social definida ao longo do tempo (St.
Vincent/Bacharelado, 4º ano).
Estudar nossos gêneros não aqueles que somos identificados na maternidade e sim
por nós mesmos (Lil Nas X/ Licenciatura, 3º ano).
Os termos destacados constituem tanto a gramática da teoria identitária quanto da teoria
construcionista de gênero.
Um posicionamento que me chamou atenção foi o de Daniela Mercury
(Licenciatura/3ºano), em qual verifiquei um entrelaçamento das perspectivas biológica e
identitária de gênero e sexualidade
Não tenho um bom entendimento a respeito do assunto, acho meio complexo, sei que
nascemos homem e mulher, posso ser mulher e não me identificar com o meu gênero, e vice
versa, já ouvi "nasci no corpo errado”... (Daniela Mercury/Licenciatura, 3º ano).
Num primeiro momento, o posicionamento da estudante articula-se com a perspectiva
biológica (essencialismo) de gênero: sei que nascemos homem e mulher. Adiante, ela
acrescenta que sabe da existência de outra manifestação de gênero (trans): “posso ser mulher e
não me identificar com o meu gênero, e vice versa, ouvi “nasci no corpo errado”
(perspectiva identitária/construcionista).
Em Geografia, uma das discussões possíveis com perspectiva identitária/construcionista
é aquela relacionada com a questão racial, portanto, uma abordagem interseccional. Por este
viés, é reconhecido:
Victor Dantas Siqueira PEQUENO
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 17
[...] que uma subalternização da raça segundo o gênero, pois,
historicamente, mulheres negras foram consideradas como um tipo
masculinizado de mulher enquanto os homens negros não foram vistos como
um ideal de homem dominador, detentor de poder, provedor ou chefe
(SOUZA; RATTS, 2008, p. 151).
Os depoimentos coletados e destacados anteriormente, apontam para o paradigma que
ainda persiste na nossa cultura contemporânea que é o binarismo de gênero. Os seus
desdobramentos são inúmeros e merecem ser tratados minuciosamente.
Dessa forma, a discussão de gênero na Geografia representa não somente um subcampo
teórico, como também possibilita a produção de práticas educacionais que garantam uma
formação queer-geográfica ao contemplar as diversas expressões de ser e/ou estar, com efeito,
a superação dos binarismos.
A utilização do conceito de gênero na geografia deve levar em consideração
que é dinâmico, que constrói e é construído pelas experiências e vivências
cotidianas espaciais a partir de representações. Tais representações são
fundadas em uma ordem sócio-espacial específica e, portanto, envolvendo
tempo, espaço e escala (SILVA, 2003, p. 42).
Para tanto, é imperativo que tais temáticas sejam contempladas nos cursos de formação
de professores de Geografia, por meio de debates nas disciplinas, seminários, práticas
pedagógicas e/ou produção de materiais didáticos, projetos de pesquisa e/ou extensão.
Trabalhos como o de Geani Caetano e Benhur Costa (2012), Leandro Brito e Mônica Santos
(2018), João Mujica e Monique Inocencio (2020), Edjango Freitas e Pablo Fernandez (2022)
entre outros, dispõem de ideias, criações, ferramentas e/ou instrumentos que nos auxiliam nesta
empreitada queer-geo-educativa.
Uma vez que o currículo de Geografia tem o potencial de engendrar práticas espaciais
e discursivas seja na educação básica e/ou academia (STRAFORINI, 2018), a mobilização de
um saber e um fazer geográfico, em outras palavras, um geografar, de caráter queer, irá
valorizar a totalidade do espaço geográfico, que este é também produzido por subjetividades,
por corpos, que devem ser reconhecidos nas suas mais diversas expressões.
Assumindo a prerrogativa desse movimento teórico-metodológico, teremos a
oportunidade de conhecer e/ou conceber outras espacialidades, lugares, territorialidades, em
outras palavras, geograficidades, protagonizadas pelas diversas expressões subjetivas de gênero
e sexualidade.
Insurgência Queer - Feminista na Geografia: Concepções de gênero por estudantes da UEMS/CG
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 18
Considerações finais
Diante do exposto, é possível reconhecer que a contemplação das temáticas queer,
precisamente a discussão de gênero, nos cursos de formação de professores, em especial, a
Geografia, torna-se imprescindível, uma vez que estamos inseridos/as numa conjuntura
sociopolítica e cultural em que discursos normatizantes, discriminatórios, têm tornado-se cada
vez mais banalizados sob a pretensa naturalização, nos mais distintos espaços e grupos sociais,
com destaque para o espaço educativo e as juventudes estudantis.
Tal cenário demanda uma atenção bem como um exercício teórico-metodológico em
evidenciar esses processos, questionando suas bases discursivas, políticas e/ou culturais que
sustentam tais paradigmas e colocam em prática a opressão dos grupos dissidentes. Nesse
sentido, o fomento de práticas e/ou ações queer-pedagógicas é de suma importância para a
superação desse sistema biologizante e/ou patologizante, qual seja, sexo-gênero.
Para mais, discutir gênero e sexualidades na Geografia é conceber a produção de um
espaço geográfico por corpos sexuados e assexuados, por corpos “naturais” e corpos
transformados, corpos que circulam, corpos que desejam e são desejados, que estabelecem
relações de poder, relações espaciais, territoriais. Corpos que estão a todo instante geografando.
Ao tomar frente desse movimento, creio que iremos constatar o que foi dito por Rilke
(2021, p. 47) de que “Talvez os sexos [e os gêneros] tenham mais afinidade do que se considera
(...)”, e que ao compreendermos isso, poderemos avistar o horizonte em que estaremos “(...)
libertados de todos os sentimentos equivocados e todas as contrariedades (...)”, e assim,
gozaremos da nossa existência hetero, lésbica, gay, bissexual, trans, queer, intersex e tantas
outras, sem precisarmos-nos ferir uns aos outros/as.
REFERÊNCIAS
BENETTI, F. J. A bicha louca está fervendo: Uma reflexão sobre a emergência da teoria
queer no Brasil (1980-2013). 2013. 175 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
História) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.
BENTO, B. A. M. O que é transexualidade. São Paulo: Brasiliense, 2008.
BORGHI, R. O Espaço à Época do Queer: contaminações queer na Geografia Francesa.
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 133-146,
ago./dez. 2015. Tradução de Maria Helena Lenzi. Disponível em:
https://revistas.uepg.br/index.php/rlagg/article/view/7303. Acesso em: 22, fev. 2022.
Victor Dantas Siqueira PEQUENO
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 19
BRITO, L. T.; SANTOS, M. P. Sexualidade e Inclusão no Espaço Escolar: Um Debate com
Base na Perspectiva Omnilética. Revista Latino Americana de Geografia e Gênero, v. 9, n.
1, p. 51-71, 2018. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/rlagg/article/view/10654.
Acesso em: 16 ago. 2022.
BUTLER, J. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de
Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
CAETANO, G. N.; COSTA, B. P. Geografia, sexualidades e reconhecimento sociocultural
em âmbito educacional: a inserção das demandas sociais da ONG Igualdade/Santa Maria na
escola Marieta D’Ambrósio. Geografia Ensino & Pesquisa, v. 16, n. 1, p. 9–22, 2011.
Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/7319. Acesso em: 18 ago.
2022.
CITELI, M.T. Fazendo diferenças: teorias sobre gênero, corpos e comportamentos. Estudos
Feministas, v. 9, n. 1, p.131-145, 2001. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2001000100007. Acesso em:
8 ago. 2022.
COSTA, B. P. Geografias das representações sobre o homoerotismo. Revista Latino-
americana de Geografia e Gênero, v. 1, n. 1, 2010a. Disponível em:
https://revistas.uepg.br/index.php/rlagg/article/view/1026. Acesso em: 30 jan. 2022.
COSTA, B. P. Geografias das interações culturais no espaço urbano: o caso das
territorializações das relações homoeróticas. Revista Latino-americana de Geografia e
Gênero, v. 1, n. 2, 2010b. Disponível em:
https://revistas.uepg.br/index.php/rlagg/article/view/1716. Acesso em: 30 jan. 2022.
COSTA, B. P. A escola como espaço: identidades de gênero e sexualidades e suas
hierarquias. Revista da ANPEGE, v. 12, n. 19, p. 204–225, 2017. Disponível em:
https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/anpege/article/view/6380. Acesso em: 25 jan. 2022.
COSTA, B. P. Interculturalidade e Geografia: um debate espacial das relações culturais.
GEOgraphia, v. 19, n. 39, p. 41-53, 2017. Disponível em:
https://periodicos.uff.br/geographia/article/view/13785. Acesso em: 02 fev. 2022.
COUTO JUNIOR, D. R.; POCAHY, F. A. Dissidências epistemológicas à brasileira: uma
cartografia das teorizações queer na pesquisa em educação. Revista Inter Ação, v. 42, n. 3, p.
608–631, 2017. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/interacao/article/view/48905.
Acesso em: 11 fev. 2022.
FARIA, M. A. Vida vigilante: : um ensaio sobre modos de viver sexualidades periféricas.
Revista Periódicus, v. 3, n. 16, p. 183–196, 2021. Disponível em:
https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaperiodicus/article/view/35524. Acesso em: 14 set.
2022.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Tradução de Roberto Machado. 3. ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 2015.
Insurgência Queer - Feminista na Geografia: Concepções de gênero por estudantes da UEMS/CG
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 20
FRANZI, J.; ARAÚJO, U. F. A psicologia evolucionista versus o gênero na perspectiva do
construcionismo social: analisando o processo de escolha do(a) parceiro(a). Notandum, n. 40,
p. 47-56, jan./abr. 2016.
FREITAS, E. L.; FERNANDEZ, P. S. M. Territorialidades LGBTQIA+ em uma escola:
invisibilidades e estratégias de resistência a partir do ensino de Geografia. Ensaios de
Geografia, v. 8, n. 17, p. 39-58, 31 jul. 2022. Disponível em:
https://periodicos.uff.br/ensaios_posgeo/article/view/52304. Acesso em: 18 ago. 2022.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
JESUS, C. C. História e Teoria Queer: possibilidades nas margens. Boletim Historiar, v. 7 n.
01, jan./abr., p. 32-41, 2020. Disponível em:
https://seer.ufs.br/index.php/historiar/article/view/13594. Acesso em: 11 fev. 2022.
LIMA, G. R. Do Queer ao Cu: Inter-relação entre Judith Butler e Paul Beatriz Preciado. 16p.
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas).
Universidade Federal de Juiz de Fora: 2018.
LIMA, V. M.; BELO, F. R. R. Gênero, sexualidade e o sexual: o sujeito entre Butler,
Foucault e LaPlanche. Psicologia em Estudo, v. 24, 19 dez. 2018. Disponível em:
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/PsicolEstud/article/view/41962/pdf. Acesso em: 10
fev. 2022.
LOURO, G. L. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-Posições, Campinas,
SP, v. 19, n. 2, p. 17–23, 2008. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/view/8643470. Acesso em:
11 fev. 2022.
MEYER, D. E. Teorias e políticas de gênero: fragmentos históricos e desafios atuais. Revista
Brasileira de Enfermagem, v. 57, n. 1, p. 13–18, jan. 2004. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reben/a/cWRpwvC5yCqdzrDkH66gbvp/abstract/?lang=pt#ModalHow
cite. Acesso em: 29 jan. 2022.
MISKOLCI, R. Estranhando as Ciências Sociais: nota introdutórias sobre Teoria Queer.
Revista Florestan Fernandes. Dossiê Teoria Queer. v. 1 n. 2, p. 08-25, 2014. Disponível em:
http://www.revistaflorestan.ufscar.br/index.php/Florestan/article/view/62. Acesso em: 22 fev.
2022.
MOREIRA, O. M. O gênero para a geografia: por uma ciência feita com, por e para mulheres.
Revista da ANPEGE, 2022. Disponível em:
https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/anpege/article/view/13293. Acesso em: 18 ago. 2022.
MUJICA, J. L. M.; INOCENCIO, M. Aplicação de oficina de sexualidade e geografia com
alunos de ensino fundamental e médio na E.E.B. Getúlio Vargas em Florianópolis, SC.
PESQUISAR, v. 7, n. 13, p. 101-113, 2020. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/pesquisar/article/view/74859. Acesso em: 18 ago. 2022.
Victor Dantas Siqueira PEQUENO
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 21
ORNAT, M. J. Território e prostituição travesti: uma proposta de discussão. Terr@ Plural, v.
2, n. 1, p. 41–56, 2008. Disponível em:
https://revistas.uepg.br/index.php/tp/article/view/1163. Acesso em: 26 jul. 2022.
ORNAT, M. J. Do território instituído ao território instituinte do ser travesti: algumas
reflexões teóricas e metodológicas. Espaço e Cultura, n. 27, p. 75-88, jun. 2010. Disponível
em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/espacoecultura/article/view/3544. Acesso
em: 25 jul. 2022.
ORNAT, M. J. Espaços interditos e a constituição das identidades travestis através da
prostituição no Sul do Brasil. Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, v. 3, n. 1,
2012. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/rlagg/article/view/3336. Acesso em:
29 jul. 2022.
PARISOTTO, L. et al. Diferenças de gênero no desenvolvimento sexual: integração dos
paradigmas biológico, psicanalítico e evolucionista. Revista de Psiquiatria do Rio Grande
do Sul, v. 25, p. 75–87, 2003. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rprs/a/DXPBtMFJhpHR974D5WcHTJw/#ModalDownloads. Acesso
em: 8 ago. 2022.
PELÚCIO, L.; MISKOLCI, R. A prevenção do desvio: o dispositivo da aids e a
repatologização das sexualidades dissidentes. Sexualidad, Salud y Sociedad - Revista
Latinoamericana, n. 1, p. 125-157, 2009. Disponível em: https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/SexualidadSaludySociedad/article/view/29/132. Acesso em: 13
set. 2022.
RAMOS, G. I. O lugar político das mulheres: Feminismo, possibilidades e contribuições da
geografia. Revista da ANPEGE, v. 17, n. 32, p. 325–350, 2021. Disponível em:
https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/anpege/article/view/12477. Acesso em: 14 set. 2022.
RILKE, R. M. Cartas a um Jovem Poeta. Tradução de Pedro Sussekind. Porto Alegre:
Coleção L&PM Pocket, 2021. 96 p.
ROSE, G. Feminism & Geography: The limits of Geographical Knowledge. Cambridge:
Polity Press, 1993.
SARTORI, J. E. T.; MANTOVANI, A. Psicanálise, Sexualidade e Gênero: a abertura à
relativização cultural e o diálogo com a etnopsicanálise. Saúde & Transformação Social, v.
7, n. 3, p. 166-175, 2016. Disponível em:
https://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/saudeetransformacao/article/view/4216.
Acesso em: 16 jul. 2022.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, v. 20, n.
2, 2017. Disponível em:
https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721. Acesso em: 14 set.
2022.
Insurgência Queer - Feminista na Geografia: Concepções de gênero por estudantes da UEMS/CG
Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 7, n. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1984-1647
DOI: https://doi.org/10.35416/2023.9553 22
SILVA, J. M. Um ensaio sobre as potencialidades do uso do conceito de gênero na análise
geográfica. Revista de História Regional, v. 8, n. 1, 28 set. 2003. Disponível em:
https://revistas2.uepg.br/index.php/rhr/article/view/2167/1647. Acesso em: 21 fev. 2022.
SILVA, J. M. Gênero e sexualidade na análise do espaço urbano. Geosul, v. 22, n. 44, p. 117-
134, 2007. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/geosul/article/view/12612.
Acesso em: 13 jul. 2022.
SILVA, J. M. A cidade dos corpos transgressores da heteronormatividade. Geo UERJ, v. 1,
n. 18, p. 3-19, 2008. Disponível em: https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj/article/view/1343. Acesso em: 23 jul. 2022.
SILVA, J. M. Geografias feministas, sexualidades e corporalidades: desafios às práticas
investigativas. Espaço e Cultura, n. 27, p. 37-54, jun. 2010. Disponível em: https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/espacoecultura/article/view/3542. Acesso em: 11 fev. 2022.
SOUZA, L. F.; P. RATTS, A. J. Raça e gênero sob uma perspectiva geográfica: espaço e
representação. Boletim Goiano de Geografia, Goiânia, v. 28, n. 1, p. 143–156, 2008.
Disponível em: https://revistas.ufg.br/bgg/article/view/4907. Acesso em: 16 ago. 2022.
STRAFORINI, R. O ensino de Geografia como prática espacial de significação. Estudos
Avançados, v. 32, n. 93, p. 175-195, 2018. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/152621. Acesso em: 11 fev. 2022.
TILIO, R. Teorias de gênero: principais contribuições teóricas oferecidas pelas perspectivas
contemporâneas. Revista Gênero (Niterói), v. 14, p. 125-148, 2014. Disponível em:
https://periodicos.uff.br/revistagenero/article/view/31193/18282. Acesso em: 21 fev. 2022.
WOLFF, C. S.; SALDANHA, R. A. Gênero, sexo, sexualidades: Categorias do debate
contemporâneo. Revista Retratos da Escola, v. 9, n. 16, p. 29–46, 2015. Disponível em:
https://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/article/view/482. Acesso em: 11 mar. 2022.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Formatação e normalização.