O TEXTO FICCIONAL E A EXPERIÊNCIA LITERÁRIA DOS BEBÊS
DOI:
https://doi.org/10.14572/nuances.v28i2.5275Keywords:
Literatura infantil. Crianças. Creches. Livro infantil. Avaliação da qualidade.Abstract
Investigam-se, em livros destinados a crianças de zero a dois anos, diferentes níveis de leitura que a linguagem literária possibilita. Os bebês, sujeitos produtores de cultura, criam, nas interações com os outros e com o meio, distintos mundos em diferentes tempos e espaços. Essa abstração, tão necessária e característica do texto ficcional, nem sempre está garantida em obras para essa faixa etária, o que acarreta diferenças singulares nas publicações para esse público. Assim, algumas questões orientam esta investigação: Que características possuem essas obras que fazem com que sejam classificadas como destinadas a crianças de zero a dois anos? Quais desses livros poderiam receber o selo de literários? As perspectivas teóricas de Benjamin (2012), Vigostski (2009), e Golse (2007) nos ajudam a compreender as relações entre leitura e experiências afetivas e cognitivas nessa faixa etária. Bernardo (2004; 2010) redimensiona o conceito de literatura, atitude necessária para a apreensão da pluralidade de produções atuais. Hunt (2010) amplia esse conceito e auxilia a configurar as especificidades dos textos literários destinados às crianças. O corpus de análise foi selecionado a partir de acervo particular e procurou abranger a diversidade de produções para essa faixa etária. Foram levantadas as seguintes categorias: materialidade, temática, gênero, conceito da obra. Os resultados indicam que é possível classificar livros para bebês como literários. Ainda que muitas publicações destinadas a esse grupo não apresentem uma estrutura narrativa, já observam-se indícios de fratura com o real e um exercício ficcional capaz de criar tensões das mais variadas cores e tons.
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