Um livro infantil não há de ser tão perigoso
A ideologia em Quase de verdade, de Clarice Lispector
DOI :
https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9262Mots-clés :
Autoria, Ideologia, Análise do discurso, Clarice LispectorRésumé
Na contemporaneidade, o contexto educacional brasileiro tem sido marcado por retrocessos que envolvem a tentativa de ruptura com os ideais democráticos, além da presença da ideologia neoliberal. Este ensaio busca discutir de que modo a ideologia determina a produção e/ou o apagamento de sentidos no ensino de literatura e no espaço escolar. Em termos metodológicos, o corpus foi constituído pela obra Quase de verdade, de Clarice Lispector, que narra a epopeia de um coletivo de aves que se contrapõem à exploração do seu trabalho, combatendo a opressão. Os gestos de interpretação foram produzidos por meio dos conceitos de autoria e ideologia mobilizados na análise do discurso pecheutiana, a AD. Esses conceitos nos auxiliam a compreender como a literatura pode se colocar, na escola, a serviço da humanização, da transformação social, do pensamento crítico e da democracia. Considerando que não é possível conceber uma ação educativa desprovida de ideologia, “Quase de verdade, na escola” se apresenta como um catalisador da polissemia e de uma interpretação contínua, capaz de enfrentar os desmantelos promovidos por uma educação ilusoriamente apartidária.
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