(Des)interesse por escutar histórias: a fragmentação dos nexos de significação e a importância do contador
DOI:
https://doi.org/10.32930/nuances.v31i0.8331Palavras-chave:
Contador de histórias, Formação docente, Psicanálise, Narração, EscolaResumo
Este trabalho tem como objetivo discutir o desinteresse de algumas crianças em escutar histórias, evidenciado em atividades de “contação de histórias”, desenvolvidas em uma escola municipal de Campinas – SP como parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – Pibid/CAPES. Na análise de registros feitos pelos pesquisadores ao longo do desenvolvimento do projeto constata-se a ausência de nexos de significação entre a magia do contador e as histórias na vida das crianças. Em diálogo com a filosofia de Walter Benjamin e alguns conceitos da psicanálise, a reflexão problematiza a forma como a criança se relaciona com a atividade de contar e escutar histórias na contemporaneidade. Tudo indica que contar histórias é mais uma das artes em via de extinção, pois faz falar um passado sem memórias, de um sujeito de histórias fragmentadas, multifacetado, que muitas vezes se manifesta apenas através dos traços daquilo que resta de uma experiência coletiva e/ou individual. A partir do conceito de transferência, conclui-se que o impacto da contação se apresenta proporcionalmente à intensidade da relação transferencial entre as crianças e o contador, na qual possa comparecer a escuta, atitude em que o contador e a criança necessitam silenciar para elaborar os conteúdos psíquicos. Apenas quando a escuta e o silêncio são possíveis, o interesse pela história aparece e se converte em momento de construção da narrativa e do narrador no espaço escolar.Downloads
Referências
BASTOS, I. B. B. A. A escuta psicanalítica e a educação. Psicol Inf. [Online], v. 13, n. 13, p. 91-98, 2009.
BENJAMIN, W. Magia e Técnica, Arte e Política: Ensaios sobre a Literatura. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BENJAMIN, W. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2009.
CHEVBOTAR, A. E. A. A construção do "espaço para ser" em sala de aula. 2018, 168 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2018.
FREUD, S. Algumas reflexões sobre a psicologia do escolar (1914-1980). Rio de Janeiro: Imago, 1980a. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, v. XIII).
FREUD, S. Conferências introdutórias sobre Psicanálise (1916-1917). Rio de Janeiro: Imago, 1980b. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, Parte III, v. XVI).
FREUD, S. Recordar, repetir e elaborar (1914-1980). Rio de Janeiro: Imago, 1980c. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, v. XII).
LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
LOBO, S. Mães que fazem mal. São Paulo: Pasavento, 2018.
SOUZA JÚNIOR, A. P. de. Walter Benjamin entre tempo e linguagem: Experiência, transmissão e formação como crítica do destino e da culpa. 2016, 125f. Tese (Doutorado em Educação Brasileira) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2016.
VILLELA, F. C. B; ARCHANGELO, A. Fundamentos da Escola Significativa. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Atribuição-NãoComercial
CC BY-NC
Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, e embora os novos trabalhos tenham de lhe atribuir o devido crédito e não possam ser usados para fins comerciais, os usuários não têm de licenciar esses trabalhos derivados sob os mesmos termos.